Moradores e representantes de ao menos 10 entidades sociais prometem sair em passeata no dia 24 deste mês para denunciar o que consideram ser o “abandono” do distrito do Campo Grande – criado em 2015 depois de um plebiscito e que hoje é o segundo mais populoso de Campinas, com cerca de 200 mil habitantes.
Os moradores elaboraram uma extensa pauta de reivindicações, a maioria relacionada à saúde. Dizem que falta remédio e estrutura na rede básica de atendimento e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Mas também vão abordar outros assuntos. Eles responsabilizam as obras do BRT na John Boyd Dunlop por mortes no trânsito e reclamam do alto preço das passagens de ônibus.
No trajeto da passeata – que deve começar no Posto Ipiranga do Satélite Íris 1 e terminar em frente ao Hospital da PUCC – o grupo promete fixar 24 cruzes – que vão simbolizar as 24 pessoas que morreram em acidentes na John Boyd Dunlop no período de agosto de 2018 a novembro de 2021. Destes nove somente no ano passado.
A maior das cruzes, será colocada no viaduto da Bandeirantes, considerado um dos pontos de maior incidência de acidentes em toda a avenida.
“Boa parte destas mortes teriam sido evitadas se a Prefeitura fosse mais prudente na execução das obras do BRT e respeitasse as vidas dos moradores da periferia”, dizem os organizadores do evento, em um manifesto.
Para eles, há problemas graves de sinalização, interdições mal executadas, trajetos inadequados. Dizem que o principal problema está na Ponte da Bandeirantes, local com alto índice de acidentes.
Eles contam ainda que nas imediações da Cerâmica V8 os postes foram colocados muito próximos das guias, o que tem levado a acidentes, especialmente com motos. Dizem ainda que na região, há frequentes episódios de animais soltos na via. Isso também ocorreria nas proximidades do loteamento Bela Aliança.
Para os moradores, o aumento de 13% no valor da tarifa de ônibus este ano é “abusivo”
Saúde
O grupo argumenta que a terceirização da UPA Campo Grande não resolveu os problemas das longas filas de espera para atendimento. Diz ainda que a entidade que administra não tem estrutura para atender à demanda.
“Não é privatizando que se resolvem os problemas decorrentes do abandono da prefeitura, que atingem toda a rede de saúde. Há carência de materiais e equipamentos em todas as unidades. As farmácias estão sem remédios e alguns centros de saúde estão sem médicos, como o CS do Jardim Lisa”, diz o manifesto.
Apoiam a passeata as seguintes entidades:
Campo Grande em Ação, Conselho Municipal de Saúde, MOPS, Conselho Distrital Noroeste, Frente Pela Vida em Defesa do SUS, Conselho Local da UPA Campo Grande, conselhos das UBS, Comissão de Mobilidade do Campo Grande, SINDAE e Associação dos Idosos de Campinas.
Veja o que a prefeitura diz sobre as reivindicações dos moradores do distrito do Campo Grande:
Sobre os acidentes no BRT
A Secretaria de Infraestrutura disse em nota que as vias em obras do BRT possuem desvios, limitadores e redutores de velocidade além de radares.
Diz que esses mecanismos estão instalados justamente para que os motoristas diminuam a velocidade a fim de evitar intercorrências. Segundo o órgão, todos esses pontos são monitorados e sinalizados.
” É importante ressaltar que as obras estão em andamento, portanto, as vias ainda não estão com sua configuração definitiva. Condutores de veículos e pedestres devem respeitar e ter atenção à sinalização e à velocidade permitida para evitar quaisquer acidentes”, alerta.
Os animais na pista
A Emdec disse em nota que quando recebe acionamento sobre animais soltos nas vias, desloca agentes da Mobilidade Urbana para o local, que realizam as intervenções viárias necessárias para garantir a segurança na circulação e evitar acidentes. E, imediatamente, a Emdec também aciona o órgão responsável pela recolha e encaminhamento dos animais.
Os acionamentos podem ser realizados pelo telefone 118 da Emdec.
Sobre a gestão da UPA
A Rede Mário Gatti informou em nota que é ela quem faz a gestão da UPA Campo Grande.
“A entidade vencedora do chamamento público é responsável somente pela contratação dos médicos e profissionais de saúde na unidade.
A entidade também será responsável por desenvolver atividades educacionais de preceptoria junto a programas de residência, pós-graduação e graduação conveniados com a Rede Mário Gatti e desenvolver atividades de ensino e pesquisa para a formação e qualificação de profissionais para atuação junto ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica.
Sobre a falta de medicamentos
A Secretaria de Saúde afirmou em nota que a lista de medicamentos do SUS Campinas é uma das mais completas entre as cidades brasileiras, com 160 itens. Diz que atualmente, há 10 itens da Atenção Básica (Centros de Saúde) em falta na rede municipal.
“A Administração está agilizando licitações para restabelecer os estoques com a maior rapidez possível”, afirma.
Segundo a secretaria, nos últimos meses, um dos principais motivos para a falta dos medicamentos foi a instabilidade do mercado, com escassez de matéria-prima e outros fatores relativos à pandemia. Estes problemas refletiram nas licitações.
No link abaixo, é possível verificar a disponibilidade do medicamento por unidade:
https://remedios.campinas.sp.gov.br/