O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou nesta quarta-feira (19) a instauração da lei marcial nos quatro territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexados ilegalmente em setembro pela Rússia. Putin fez o anúncio da medida numa reunião do seu Conselho de Segurança, transmitida pela televisão.
O Kremlin publicou, depois, um decreto a anunciar a entrada em vigor da lei marcial nos quatro territórios a partir da meia-noite de quinta-feira.
A decisão de Putin surge poucas horas depois de as autoridades russas de ocupação na região de Kherson terem anunciado que, na sequência do avanço das tropas ucranianas, já começou a retirada de civis da cidade, referindo que pretendem transferir mais de 50 mil pessoas.
Em reação, as autoridades ucranianas acusaram a Rússia de “tentar assustar” os habitantes de Kherson ao organizar uma retirada de moradores desta importante cidade do sul da Ucrânia, localizada na região homónima e anexada por Moscou em fins de setembro.
“Os russos estão a tentar assustar o povo de Kherson com falsas mensagens sobre um bombardeio da cidade pelo nosso exército”, acusou na rede social Telegram o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriï Yermak.
Para o chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a retirada da população de Kherson é um “espetáculo de propaganda […] que não funciona”.
“A transferência organizada de moradores para a outra margem do [rio] Dnieper começou em Kherson”, avançou o chefe da administração de ocupação local, Vladimir Saldo, também na rede social Telegram.
“Está prevista a retirada de 50 mil a 60 mil pessoas para a margem esquerda do Dnieper”, rio que faz fronteira com a cidade de Kherson, afirmou ainda. A retirada, a uma média diária de 10 mil pessoas, deve demorar seis dias, acrescentou o responsável, citado por agências de notícias russas.
Segundo a agência Ria-Novosti, o administrador pró-russo da região, Yevgeny Melnikov, disse que as pessoas retiradas da zona deverão ser levadas para a Rússia. A Rússia decidiu retirar a população de Kherson, onde as tropas de Moscou enfrentam uma situação particularmente “tensa” face à contraofensiva de Kiev.
Sergei Surovikin admitiu que a situação continua “muito difícil” para as tropas russas na região sul e na cidade de Kherson, que tem estado a ser alvo de ataques ucranianos dirigidos às “infraestruturas sociais, económicas e industriais”.
Kherson é uma das regiões ucranianas – a par de Donetsk, Lugansk e Zaporijia – que a Rússia declarou como anexadas depois da realização de referendos organizados por Moscou e contestados pela Ucrânia e pela comunidade internacional.
(Agência Lusa)