Fundadora da Chidhood do Brasil, a rainha Sílvia, da Suécia, esteve em Campinas nesta segunda-feira (4), ao lado do rei Carlos XVI Gustavo, para a assinatura do protocolo que cria o primeiro Centro de Atendimento Integrado (CAI) na cidade. São parceiros da iniciativa a Prefeitura de Campinas, a Childhood Brasil, Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas (Feac) e o Conselho Municipal dos Direito das Crianças e Adolescentes.
“Estamos celebrando um pacto pela proteção das crianças, que visa executar medidas e aprimorar o atendimento das crianças vítimas ou testemunha de violência. Sabemos que muitas crianças que são vítimas nunca denunciarão essa experiência. Apenas um pequeno número o faz e um número menor ainda tem acesso à lei de proteção é à justiça”, disse a rainha Sílvia.
O centro vai oferecer todos os serviços de atenção e proteção às crianças e adolescentes vítimas de violência, especialmente sexual. A previsão é que o centro começará funcionar no próximo ano.
O prefeito Dário Saadi lembrou que Campinas é polo de uma região metropolitana, uma das mais desenvolvidas do País, mas ainda convive com muitas famílias em situação de vulnerabilidade. “Infelizmente temos denúncias de violência contra a criança. Essa parceria e esse compromisso que estamos assumindo agora, sem dúvida, será instrumento importante de proteção às crianças”, afirmou.
O evento ocorreu no Espaço do Amanhã Adriana Missae Momma, no Campo Florido II, uma das 16 creches do programa implantadas na cidade.
O Centro de Atendimento Integrado será um espaço para a implementação da lei da escuta protegida, concentrando, no espaço, a rede de proteção à criança e adolescente nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, sistema de Justiça, órgãos de segurança pública, conselhos tutelares e Ministério Público.
“Esse espaço garantirá maior proteção para as crianças ao depor, em um ambiente acolhedor e com depoimento gravado, evitando que tenham que relatar incontáveis vezes o trauma sofrido”, disse Itamar Gonçalves, da Childhood do Brasil.
Renato Nahas, presidente da Fundação FEAC, reforçou o papel da instituição em promover inovações sociais com potencial de se tornarem políticas públicas. A fundação atuará, entre outras ações, na formação de recursos humanos para o atendimento especializado a crianças em situação de vulnerabilidade.
Presente no evento, o empresário e presidente da Fundação Educar, Luis Norberto Pascoal, conselheiro fundador da Childhood Suécia, ressaltou a importância de parcerias que envolvam diversos atores da sociedade, tanto do setor público quanto do privado, para a construção de um mundo melhor.
“Questões de violência na infância e adolescência exigem ações urgentes. A responsabilidade pelo bem-estar das crianças e adolescentes é de todos nós. Quando oferecemos recursos para que crianças e jovens que tiveram seus direitos violados sejam escutados e protegidos, contribuímos para a construção de uma sociedade mais saudável e feliz. E para isso é também fundamental que o setor privado se envolva na solução desses desafios”, reforçou o empresário.
A Childhood Brasil já instalou 1864 salas de escuta adequada às crianças em fóruns de todo o Brasil, algo vital para o juiz encontrar o verdadeiro agressor. E planeja implantar em Campinas um centro vital para a escuta antecipada de casos, com o apoio da FEAC e de empresários da nossa cidade. “Agora o desafio é nosso, da nossa capacidade de salvar nossas crianças”, destacou Luis Norberto.
Conheça a Childhood Brasil
A Childhood Brasil é o braço brasileiro da World Childhood Foundation, organização fundada em 1999 por Sua Majestade a Rainha Silvia da Suécia, com a missão de defender os direitos da infância e promover melhores condições de vida para crianças em situação de vulnerabilidade ao redor do mundo. Além do Brasil, a Childhood possui escritórios na Suécia, nos Estados Unidos e na Alemanha, e já apoiou mais de 500 projetos em 16 países. A Childhood Brasil atua para proteger a infância contra o abuso e a exploração sexual, desenvolvendo programas próprios de abrangência regional ou nacional e apoiando projetos em diversas localidades.
Denúncias
O sistema Disque 100 para denúncias de violência contra crianças e adolescentes recebeu 4.925 denúncias entre janeiro e outubro, segundo a secretária de assistência Social, Vandecleya Moro. São denúncias de violência sexual, de direitos, de negligência e todas são verificadas.
“A rede de proteção atua para garantir os direitos, a família é acompanhada pelo serviço social até que supere a situação de violência. Caso essa situação não seja superada, pode haver a perda do poder familiar, ainda que momentaneamente. A Prefeitura tem também os abrigos municipais para acolhimento dessas crianças e adolescentes e todos os serviços voltados para esses direitos”, afirmou a secretária.
*Com colaboração da jornalista Kátia Camargo