A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo participa, nesta quarta-feira (12), da Operação Noteiras, com o objetivo de desarticular esquema de sonegação baseado na criação de empresas “fantasmas” e na transferência de mais de R$ 200 milhões em créditos espúrios de ICMS para o Estado de São Paulo. A ação ocorre simultaneamente nos dois estados. Indaiatuba é uma das cidades em que os agentes da força-tarefa cumprem mandados de busca e apreensão.
Ao todo serão cumpridos 37 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão no Estado de São Paulo, nas regiões de Sorocaba, Votorantim, Pilar do Sul, Indaiatuba e Guarulhos. Em Alagoas serão cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão. Delitos como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e documental também são objetos da investigação.
A Fraude
Um engenhoso esquema de sonegação arquitetado por um grupo de contribuintes do setor de plástico teria criado “empresas fantasmas” com o propósito de serem somente de fachada. A atuação destas empresas se concentraria principalmente em operações interestaduais simuladas, do Estado de Alagoas para São Paulo. Conhecidas como empresas noteiras, elas são criadas para simular operações falsas de entrada de mercadoria, gerando assim créditos tributários inidôneos, beneficiando contribuintes envolvidos no esquema.
As fraudes aconteceram por meio da emissão de cerca de 20 mil notas fiscais fraudulentas, no valor aproximado de R$ 4 bilhões. Para o cometimento dos ilícitos penais havia participações criminosas de contadores, empresários, “testas de ferro” e “laranjas”. Todos eles são acusados de organização criminosa, falsidade ideológica e de documentos, fraudes societárias, lavagens de bens, dentre outros ainda em apuração. Tudo isso causou vultosos prejuízos ao erário dos dois estados.
“Nestas operações, as notas fiscais são emitidas com destaque do imposto (ICMS), que é utilizado como crédito pelos destinatários paulistas na apuração do imposto devido em operações posteriores. Desta forma, a fraude permite que o imposto devido ao Estado de São Paulo seja artificialmente diminuído, trazendo prejuízos ao erário e à concorrência”, explica Cesar Itokawa, diretor de Fiscalização da Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo.
Um dos alvos da Operação Noteiras possui débitos com o Fisco paulista, inscritos em dívida ativa, superiores a R$ 1 bilhão. “A Noteiras, em resumo, pretende cumprir prisões, bloquear contas e valores, apreender documentos, bem como qualquer outro elemento de convicção supostamente utilizado na prática desses crimes ligados às atuações ilícitas da organização criminosa que age, principalmente, em Alagoas e em São Paulo”, informa o promotor de Justiça Cyro Blatter, do Ministério Público de Alagoas.
A ação tem a participação de mais de 200 agentes públicos e é resultado do trabalho do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA), de São Paulo, e do Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (GAESF), de Alagoas, que reúnem membros das Secretarias da Fazenda, Procuradoria Geral do Estado (PGE) e Ministério Público dos dois Estados, responsáveis por medidas administrativas e judiciais para aprimorar ações integradas de combate à sonegação fiscal, além de reprimir fraude fiscal estruturada e recuperar créditos fiscais. A força-tarefa também conta com a participação de Policiais do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) da Polícia Civil e equipes da Polícia Militar do Estado de São Paulo para apoio e cumprimento dos mandados.
(Com informações da Secretaria da Fazenda de SP)