O repórter do Hora Campinas, Francisco Lima Neto, e a colunista do portal, Majori Silva, participam da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde lançam suas produções pelo selo da Editora Mostarda, de Campinas.
Lima Neto é autor da biografia do abolicionista Luiz Gama, que nasceu em Salvador, na então Província da Bahia, em 1830, filho de uma preta livre, vinda da África, e de um fidalgo de origem portuguesa. Sua mãe, Luiza Mahin, precisou fugir para o Rio de Janeiro, após se envolver em algumas revoltas, como a dos Malês, e o deixou aos cuidados do pai, que o vendeu como escravizado quando tinha apenas 10 anos, para saldar dívidas.
Luiz Gama foi levado para o Rio de Janeiro e depois para o interior de São Paulo, onde conseguiu se alfabetizar. Aos 17 anos conseguiu provar que era um negro livre e conquistou a alforria. Autodidata, se tornou rábula – advogado sem formação, além de jornalista, cronista e poeta. Ao longo de sua vida, utilizando as brechas da legislação vigente, conseguiu libertar mais de 500 escravizados.
O livro, que será oficialmente lançado em 2022, tem pré-lançamento na Bienal. Lima Neto também é autor de Laudelina de Campos Mello, lançado em abril, e relançado agora na Bienal. A obra retrata a vida de Laudelina, que nasceu em Poços de Caldas, em 1904, e dedicou sua vida para que as empregadas domésticas tivessem direitos trabalhistas. Criou a primeira Associação das Domésticas, em Santos, na década de 30, e depois o primeiro Sindicato da categoria no País, em Campinas, onde também enfrentou o machismo e o racismo. Criou também o concurso Pérola Negra para que as meninas negras pudessem debutar.
“Ter a oportunidade de participar da Bienal do Livro no Rio de Janeiro como autor é uma realização incrível que eu nunca imaginei que poderia acontecer comigo. Poder trazer a história de duas potências negras para inspirar crianças e adolescentes é algo que me deixa muito motivado e grato”, diz.
“A receptividade do público e dos educadores tem superado as minhas expectativas. Ver a identificação e a emoção das crianças é algo inexplicável”, completa.
Lima Neto completa a participação na Bienal, no sábado (11), mediando um bate-papo com o ex-goleiro Mário Aranha, que também lança pela Editora Mostarda o livro Brasil Tumbeiro.
O Jardim de Marielle
Majori Silva, que chega ao time de colunistas do Hora Campinas, onde traz temas sob o olhar da juventude, lança na Bienal o livro O Jardim de Marielle, no qual usa uma linguagem lúdica e afetiva para contar a história da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018.
“Eu escrevi alguns textos, de forma carinhosa e lúdica, para tentar explicar para a minha sobrinha tudo o que aconteceu quando Marielle foi assassinada. Eu transformei todos aqueles elementos dolorosos em uma história bonita e inspiradora, que agora se transformou nesse livro”, conta a autora.
Mas o amor aos livros não chegou para Majori agora. Em 2020, em plena pandemia, ela criou do zero, no bairro Chico Amaral, uma comunidade da região da Vila Padre Anchieta, no distrito de Nova Aparecida, uma biblioteca comunitária.
“Eu sempre acreditei no potencial transformador da educação e dos livros, mas na minha comunidade não tinha nenhuma biblioteca. As pessoas tinham de andar cerca de 40 minutos para acessar a biblioteca mais próxima e eu quis mudar essa realidade”, diz. E ela conseguiu, a biblioteca ficou pronta, a história ganhou notoriedade e vários livros foram doados para compor a biblioteca.
Majori mediou nesta quinta-feira (9), uma discussão com o autor carioca Júlio Emílio Braz, com o tema “A Leitura na Educação Como Ferramenta de Transformação de Empoderamento”.
Os dois campineiros, que são da mesma região, participam da Bienal do Livro do Rio até o último dia, neste domingo (12).