O Instituto Itacolomi e Arca dos bairros: Vila João XXIII, Centro e Capela, em Vinhedo, vão receber o espetáculo Saberes de Sabina – SOS Sassá, nos dias 26, 29, 30 e 31 de janeiro. O espetáculo é de autoria da atriz Mariana Schiezaro e tem direção de Juliana Bordallo, palhaça e produtora cultural.
Com áudio descrição e tradução em LIBRAS, as apresentações trazem acessibilidade comunicacional para o espetáculo que nessas datas é direcionado para as crianças e jovens atendidos pelas instituições de Vinhedo. “Saberes de Sabina – SOS Sassá” é um espetáculo infantil, mas pode ser adaptado para diferentes públicos.
Sabina é uma famosa palhaça, maga curandeira que tem, em sua tenda, um “hospital encantado”. O espetáculo começa com a chegada da Girassol, uma flor que está muito machucada, perguntando se ali é a tenda da Sabina.
As personagens Rosa Maria (Rosa vermelha), Lili da Paz (Lírio da Paz), Mirra, Dama da Noite, Samambaia e Maria Sem Vergonha que já estão em seu processo de cura, acolhem Girassol.
No enredo, as Bonecas-Flores representam arquétipos de mulheres que sofreram violência. O foco da obra é contribuir para que as crianças saibam cuidar de si e de quem está perto.
O diálogo entre as personagens permeia, de maneira lúdica e bem humorada, questões educativas sobre o nosso corpo, nossas histórias de violência e de tantas outras mulheres que se parecem com nossas mães, avós, sobrinhas e netas, usando o riso como processo de cura.
O sinal universal que todas as pessoas devem saber, especialmente as mulheres que precisam pedir ajuda mas não podem falar, também aparece no espetáculo de maneira divertida e educativa.
Com linguagem fácil e popular, Sabina aproxima público e personagens em uma trama que, infelizmente, gera identificação. Com isso, entre risos e outras expressões de emoção, as crianças, especialmente as meninas, aprendem sobre como se defender.
Ao final, Sabina entrega uma muda de flor para a instituição onde acontece o espetáculo, incentivando as pessoas a cuidarem dela, vendo-a florescer, em sua época, lembrando da importância desse cuidado e proteção que devemos ter umas com as outras.
Mulheres e Palhaças transformam luto em luta
No primeiro semestre de 2023, mais de 720 mulheres perderam a vida em função do feminicídio. O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela números preocupantes de feminicídios e estupros. “A cada 8 minutos uma menina ou mulher foi estuprada entre janeiro e junho no Brasil, maior número da série iniciada em 2019”. O número de vítimas de feminicídio cresceu mais de 14%.
Em dezembro de 2023 a união de mulheres-palhaças em busca da artista palhaça venezuelana Julieta Hernández, ganhou visibilidade nas redes sociais após seu desaparecimento. No dia 10 de janeiro, Julieta foi encontrada morta no Amazonas. Mais um feminicídio. Mais uma de nós que entra para essa estatística.
Segundo a Agência Senado, “três a cada dez brasileiras já foram vítimas de violência doméstica, de acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, feita pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV)”.
Para que haja menos violência e, especialmente as mulheres, saibam como se proteger e sobreviver, é preciso conscientizar as gerações e dar visibilidade a este assunto.
“Para contribuir com isso, usamos da palhaçaria, do riso”, comenta Schiezaro.
Como diz Karla Concá, palhaça do RJ, pioneira na palhaçaria feminina do Brasil, “uma mulher que gargalha, libera a garganta de muitas mulheres!”