A segunda noite de desfiles da Marquês de Sapucaí, nesta segunda-feira (20), trará histórias reais e imaginadas nos enredos das escolas de samba do Grupo Especial, com fábulas delirantes, historiografia e casos difíceis de acreditar.
Os desfiles começam com a curiosa chegada dos búfalos à Ilha de Marajó, contada pela Paraíso do Tuiuti, que entra na avenida às 22h.
A jornada dos animais contada pela escola começa na Índia e está relacionada ao comércio de especiarias para o Ocidente. Um navio com búfalos e temperos viajava do país asiático para a Guiana Francesa, mas afundou bem diante da costa brasileira, onde os bovinos conseguiram chegar como náufragos e se tornaram símbolo cultural. Um dos carnavalescos da Tuiuti, João Vitor Araújo jura que foi assim.
“A tripulação humana morreu, mas os bichos conseguiram nadar até a Ilha de Marajó. Se você me perguntar como, não sei”, confessa. “Só sabemos que chegaram à costa, se adaptaram ao clima e vivem felizes até hoje. E hoje a Ilha de Marajó tem uma das maiores manadas do mundo”.
A partir dessa saga inacreditável, a escola descreve as belezas naturais da ilha e também a arte e o folclore marajoaras, famosos internacionalmente. O enredo homenageia ainda o compositor Mestre Damasceno e o carimbó.
Centenária
O desfile de 2023 vai marcar o centenário da Portela, a maior campeã da história do carnaval do Rio de Janeiro. A escola azul e branco de Madureira vai aproveitar a efeméride para visitar sua própria história, trazendo de volta cinco figuras marcantes, que no carnaval recebem o título de baluartes: o sambista histórico Paulo da Portela; a porta-bandeira Tia Dodô; o bicheiro e patrono Natal da Portela, e os cantores e compositores David Corrêa e Monarco.
Paulo da Portela será interpretado na avenida pelo ator Ícaro Silva, que considerou o convite uma grande honra pela importância histórica do sambista.
“Ajudou a tirar o samba da marginalidade, inventou o samba-enredo e trouxe para a nossa cultura popular o desfile de carnaval como a gente conhece hoje. Então é uma grande honraria não só pra mim como amante da escola, mas como artista e preto, e brasileiro, representar esse homem que tanto fez pela nossa população e pela tradição da cultura afro-brasileira”, disse o ator.
Também azul e branca, a Vila Isabel vai falar das festas religiosas de diversas crenças, destacando não apenas a espiritualidade, mas a diversão que elas promovem. Já a literatura de cordel é a grande inspiração da Imperatriz Leopoldinense para imaginar a chegada de Lampião à vida após a morte. A Beija-Flor, por sua vez, vai contar a “verdadeira independência do Brasil”, em 2 de julho de 1823, quando soldados brasileiros derrotaram tropas portuguesas que ainda estavam na Bahia, mesmo após o grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga.
Os desfiles do grupo especial terminam com uma homenagem da Viradouro a uma personagem pouco conhecida da história brasileira, Rosa Maria Egipcíaca, uma mulher africana nascida no Benin e escravizada no Brasil, onde viveu uma vida marcada também por visões, profecias e fé. (Agência Brasil)
Confira o horário em que cada desfile começa:
Paraíso do Tuiutí: 22h
Portela: 23h
Vila Isabel: 0h
Imperatriz: 1h
Beija-Flor: 2h
Viradouro: 3h