A Câmara Municipal de Campinas prevê na sessão desta quarta-feira (21) a votação inicial de um Projeto de Lei que reconhece o boquinha de anjo como símbolo gastronômico e cultural da cidade. O boquinha de anjo é uma técnica de corte longitudinal utilizada para deixar o sanduíche disposto em vários pedaços, facilitando o compartilhamento e o consumo. Também nesta quarta, os vereadores analisam proposta que estabelece a criação do Polo Turístico da Vila Industrial, bairro localizado na região central de Campinas. A sessão começa às 18h.
A ideia referente ao boquinha de anjo veio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com o objetivo de dar maior identidade e distinção à iguaria, conhecida em todo o país e até em outras nações, como a Espanha, por exemplo. E, a partir disso, promover festivais gastronômicos, além de atividades voltadas ao prato que surgiu em Campinas na década de 1960.
Esse tipo de distinção já ocorre com alguns sanduíches famosos do Brasil: o Bauru, que leva o nome da cidade de origem, e o Pit Dogs, de Aparecida de Goiânia, já são reconhecidos como símbolo nos respectivos municípios.
A concepção do boquinha de anjo é de autoria de funcionários da choperia Giovannetti, pelas mãos de um então chapeiro da casa, hoje já falecido, conhecido como Moleza. Com pontas de peças de frios que não eram fatiadas, o lanche feito com pão francês era cortado em oito pedaços e inicialmente servido ao final do expediente para os funcionários.
Genilson Souza Urcino, gerente da unidade do Giovanetti Rosário, relembra a história. “Eram ‘juntadas’ as pontas dos frios que sobravam da noite – rosbife, muçarela, entre outros – e colocadas em um recipiente para fazer um lanchão para todos”, conta.
Pedro “Possante” João de Carvalho, hoje com mais de 80 anos e à época funcionário do Giovanetti, completa a narrativa. “Como o lanche era muito volumoso, cortávamos em pedaços menores para poder compartilhar com todos”, lembra.
Pouco depois, o boquinha de anjo foi colocado no cardápio, especialmente para o público feminino, ganhou maior popularidade e ficou famoso entre os clientes. A então novidade se espalhou no decorrer das décadas por outros bares e botecos de Campinas, conquistando prêmios nacionais de festivais gastronômicos e chegando, posteriormente, a cidades de outros países, como a metrópole espanhola Madrid.
Vila Industrial
Primeiro bairro da história de Campinas, a Vila Industrial também será tema de debate no parlamento campineiro nesta quarta. De acordo com Projeto de Lei, a localidade tem potencial para se transformar em polo turístico por concentrar alto acervo arquitetônico de real valor histórico, segundo diversos urbanistas de destaque, e maior quantidade de bens tombados num só bairro.

De acordo com o projeto, o Polo Turístico da Vila Industrial seria delimitado pela totalidade do Parque Ferroviário composto pela antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro e Companhia Mogiana, incluindo todas as construções civis e espaços vazios.
O objetivo é promover, na área do polo, o desenvolvimento sustentável do potencial turístico regional, além do fortalecimento, a ampliação e o desenvolvimento da produção local nas áreas de turismo cultural, histórico, gastronômico e arquitetônico. Uma das metas também é promover a integração total do parque ferroviário com o centro da cidade.