No Brasil, são registrados, todos os anos, mais de 13 mil suicídios e, no mundo, esse número alcança mais de um milhão de pessoas. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.
Para chamar atenção a essa realidade, a SG4 Gestão Ocupacional apoia a causa e promove a Campanha “Setembro Amarelo: Se precisar, peça ajuda!”. “Precisamos nos mobilizar, pois, em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade. Temos que debater sobre esse alerta porque é um comportamento sustentável e de cuidado com as pessoas”, diz Ivo Neves, sócio-diretor da SG4 Gestão Ocupacional.
A campanha inclui a divulgação da cartilha de mesmo nome, trazendo alguns mitos e verdades sobre o suicídio e um episódio especial no Podcast Gestão em Ação, intitulado “Setembro Amarelo: Como apoiar e tratar pacientes vulneráveis ao suicídio”, com a participação do médico Carlos Cais, psiquiatra com Doutorado em Ciências Médicas com ênfase em Saúde Mental e temática na prevenção do suicídio que já participou de estratégias de prevenção do suicídio com diversas instituições como OMS, OPAS, Ministério da Saúde, Unicamp, PUC-Campinas e diversas prefeituras.
Pesquisas apontam que cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados aos transtornos mentais.
“Nesse momento, 28% dos brasileiros sofrem de algum transtorno mental. O Brasil está no topo mundial de transtornos de ansiedade, com mais ou menos 9,5% da população agora com um transtorno de ansiedade. Quando falamos em ansiedade, não é apenas o sujeito que está ansioso em um nível patológico, isto inclui o Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, entre outros. A média mundial é de 4,8%. Portanto, nós estamos com um índice que é o dobro da média mundial”, aponta o psiquiatra Carlos Cais.
Ivo Neves destaca que a responsabilidade de cuidar da saúde mental dos trabalhadores não é apenas do trabalhador, mas também da empresa, do empregador, do setor de recursos humanos, do gestor direto e do presidente da empresa: “É importante valorizar as empresas que trabalham com esse aspecto, pois elas tendem a ter um ambiente de trabalho melhor e mais sustentável”.
Quanto se trata do alerta ao suicídio, “A primeira coisa a observar são mudanças de comportamento. Uma pessoa que está passando por uma mudança de comportamento apresenta um sinal amarelo. Isso pode acontecer em diferentes contextos, como grupos de adolescentes na escola ou colegas de trabalho em um ambiente profissional”, alerta Cais.
Confira os principais mitos e verdades sobre o suicídio:
Verdades
● Em geral, os suicídios são premeditados, e as pessoas dão sinais de suas intenções.
● Reconhecer os sinais de alerta e oferecer apoio ajudam a prevenir o suicídio.
● A expressão do desejo suicida nunca deve ser interpretada como simples ameaça ou chantagem emocional. Perguntar sobre a intenção de suicídio não aumenta nas pessoas o desejo de cometer o suicídio.
● Nem todos os suicídios estão associados a outros casos de suicídio na família
Mitos
● A pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa.
● O suicídio não pode ser prevenido.
● Pessoas que falam sobre suicídio só querem chamar a atenção.
● A pessoa que supera uma crise de suicídio ou sobrevive a uma tentativa está fora de perigo.
● Falar sobre suicídio pode estimular sua realização.
● O suicídio é hereditário.
Origem do Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo começou nos EUA, em 1994, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio. Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como “Mustang Mike”. Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.
No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem “Se você precisar, peça ajuda”. A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio. Em consequência dessa triste história, o laço amarelo foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio.