Denúncia do Sindicato dos Servidores Municipais de Campinas sustenta que a situação no Departamento de Bem-Estar Animal (DPBEA) é “caótica”. Os sindicalistas apontam falta de trabalhadores, remédios vencidos, infiltrações, infestação de ratos e até corpos de animais mortos estocados em freezer. A denúncia foi feita à imprensa na noite desta quinta-feira (22). O sindicato exige “providências urgentes” para acabar com “a precariedade na estrutura do local e aumentar o número de funcionários”.
A entidade afirma que vai fazer um relatório técnico sobre todos os problemas encontrados na Sede do DPBEA e irá encaminhar ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
Procurada, a Prefeitura de Campinas emitiu nota. A Administração pondera que vai reformar as instalações do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, na Vila Boa Vista. A nota diz que “o projeto de reforma será finalizado e apresentado na próxima semana”.

Entenda a denúncia
Diretores do Sindicato dos Servidores de Campinas realizaram, nesta quinta-feira (22), uma segunda vistoria no local, em um mês, e encontraram um cenário de “descaso e desrespeito”, conforme sustenta a entidade.
Nesta segunda vistoria, agora com o engenheiro do Trabalho, Eduardo Martinho Rodrigues, o sindicato afirma ter encontrado “mais irregularidades como corpos de animais mortos estocados em um freezer e infestação de ratos.”
“Novamente, havia apenas dois servidores operacionais para limpar e cuidar das baias de mais de 100 animais, que precisam muito de cuidados especiais já que chegam doentes, maltratados, vítimas de violência e atropelamentos”, diz o sindicato.
O sindicato alega que a Administração tentou “maquiar a situação, desaparecendo do local com remédios vencidos que tinham sido encontrados na primeira vistoria”. Segundo a entidade, nesta segunda visita, foram achados “medicação e cateteres fora da validade”. O sindicato afirma que “não havia veterinário no DPBEA no momento da vistoria e a informação é que também não há durante o período noturno”.
Os diretores Afonso Basílio Júnior, Almir Pereira Alves, Tércio Sthal, Cleyton André dos Santos e Sérgio Santos reforçaram a denúncia e a exigência de providências urgentes.
O engenheiro do Trabalho do STMC, Eduardo Martinho Rodrigues, disse que também foram encontradas várias irregularidades que ferem as normas de segurança e bem-estar no ambiente de trabalho. “As condições sanitárias encontradas nos vestiários e banheiros estão completamente em desacordo com as normas. O mesmo problema verificamos quanto à ergonometria. Não existe iluminação adequada em nenhum dos espaços. A parte elétrica também é precária. De forma geral, as condições de trabalho são bem ruins. E há poucos funcionários no operacional para atender a demanda de trabalho no local”, apontou o engenheiro.

O que diz a Prefeitura de Campinas
A Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas) afirma, em nota, que vai reformar as instalações do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, na Vila Boa Vista. O projeto de reforma será finalizado e apresentado na próxima semana. Veja abaixo as respostas para as denúncias do sindicato:
♦ Importante ressaltar que as questões pontuais de infraestrutura não comprometem os cuidados com os animais.
♦ As fotos apresentadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas são de uma área desativada.
♦ Os corpos de animais mortos acondicionados em refrigeração no local são retirados uma vez por semana, conforme protocolo.
♦ Os medicamentos fora do prazo de validade em desuso na unidade são recolhidos a cada 15 dias e serão retirados nesta sexta-feira, 23 de maio, conforme já estava programado.
♦ A limpeza no local é feita duas vezes por dia e será reforçada.
♦ Atualmente, 18 servidores trabalham no local, sendo três veterinários, quatro cuidadores, além de 11 apoios de serviços operacionais. Um terço da equipe (seis profissionais) está afastada no momento, por motivo de saúde.
♦ O DPBEA funciona como um abrigo de transição para cães e gatos atropelados ou vítimas de maus-tratos resgatados pelo Samu Animal. No espaço, o animal recebe tratamento médico-veterinário até que se recupere e é castrado, vacinado e recebe microchip de identificação. Esse processo dura em torno de 45 dias. Depois, o animal é colocado para adoção. Hoje, há 40 gatos e 100 cães em tratamento abrigados no DPBEA.
♦ Enquanto aguarda ser adotado, o animal é transferido para o abrigo em Mairinque (distante 100 km de campinas), que possui construções de alvenaria, protegidas do vento e chuva e com solário. As baias são separadas por tela e a lotação máxima é de 1 animal a cada 5 metros quadrados.

O novo espaço
A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas), informa estar desenvolvendo o projeto executivo do CIA (Centro de Integração Animal), estrutura que vai tratar dos cuidados de animais domésticos e silvestres, com destaque para a instalação do primeiro CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) da Região Metropolitana de Campinas.
O centro será construído em um terreno doado pelo governo federal às margens da Rodovia Anhanguera, próximo do Jockey Clube, segundo a Administração.
Já há uma emenda de R$ 5 milhões para as obras. Depois do projeto executivo pronto, será aberta a licitação e só a partir daí será possível definir um prazo para a construção.
O CIA será uma evolução do trabalho realizado pelo Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA). A sede do órgão, na Vila Boa Vista, passará por uma reforma para a melhoria das instalações. O projeto da reforma será apresentado na próxima semana.