Apesar de a forte movimentação realizada para emplacar o maestro Júlio Medaglia como novo regente da Orquestra Sinfônica de Campinas, o nome dele não consta entre os que são avaliados pela Administração Municipal para substituir o chileno Victor Hugo Toro, que deixou o cargo no último dia 31 de dezembro, após 10 anos como regente titular. Em sua exoneração ele alegou que já cumpriu sua missão na cidade.
Jorge Alves de Lima, historiador e presidente da Academia Campinense de Letras (ACL), junto de intelectuais e de órgãos culturais da cidade, vem fazendo um movimento na cidade para que o maestro, arranjador e compositor Júlio Medaglia, de 82 anos, assumisse a direção artística da Orquestra. Uma espécie de manifesto foi entregue ao prefeito Dário Saadi, já que o cargo é de livre nomeação.
Contudo, é cada vez mais remota a possibilidade de Júlio Medaglia ser o novo maestro titular da Orquestra de Campinas, já que o processo de elaboração da lista para escolha do novo maestro foi conduzido pela Associação dos Músicos de Campinas, nos termos do Regimento da Orquestra Sinfônica.
Na primeira etapa, segundo a Administração, cada músico indicou três nomes. Foram indicações livres, com um total de 36 maestros mencionados. Após votação, chegaram a 10 nomes e depois cinco finalistas.
Os cinco finalistas são: Bruno Borralhinho, Enrique Diemecke, Carlos Prazeres, Alessandro Sangiorgi e Lanfranco Marcelletti Jr, que já recusou o convite.
Veja quem são eles
♦ Bruno Borralhinho é português, diretor artístico do Ensemble Mediterrain, desde 2002, membro da Orquestra Filarmônica De Dresden, além de maestro convidado e de diversas orquestras no Brasil e em outros países.
♦ Enrique Diemecke é mexicano, diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Flint, de Michigan, nos Estados Unidos, desde 1989, e diretor Artístico da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, na Argentina, desde 2007.
♦ Carlos Prazeres é carioca, regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia desde 2011, foi, por oito anos seguidos, regente assistente de Isaac Karabtchevsky na Orquestra Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro.
♦ Alessandro Sangiorgi é italiano, diretor artístico e maestro titular da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina/OSUEL, desde 2015, regente Assistente da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, desde 2019.
♦ Lanfranco Marcelletti Junior, maestro e pianista, diretor da Orquestra Sinfônica do Recife, agradeceu a indicação, mas recusou o convite.
Os demais aceitaram o convite da Associação dos Músicos de Campinas.
O rito da sucessão
A lei complementar nº 301, de 22 de abril de 2021, exige escolaridade mínima de bacharel em Música, com ênfase em Regência Orquestral, e experiência em regência de orquestra nacional; desejável experiência de regência internacional e idade mínima de 28 anos.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo recebeu a documentação comprobatória dos maestros indicados pela Associação dos Músicos e encaminhou para análise da Secretaria Municipal de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, que irá verificar o cumprimento dos requisitos.
“O resultado de todo esse processo será informado ao prefeito que tem a prerrogativa da escolha do novo maestro. A Orquestra está em recesso durante o mês de janeiro. O processo de escolha do novo maestro está previsto para fevereiro”, informou Alexandra Caprioli, secretária de Cultura e Turismo.
“Esperando os próximos ventos”
Apesar de a lista com quatro nomes já estar em avaliação pelas áreas competentes dentro da Prefeitura, Jorge Alves de Lima ainda acredita na possibilidade de Júlio Medaglia ser o próximo titular da batuta da Sinfônica. “Minha visão é que isso não está resolvido não. Acho que não é apenas a troca de um maestro por outro. É um projeto da comunidade cultural de Campinas. Nosso projeto é fazer da Sinfônica de Campinas a maior do Brasil e ter repercussão internacional, para acompanhar as melhores orquestras do mundo. Para isso temos que ter um maestro à altura. Esse maestro é o Júlio Medaglia, pelo currículo, e além de ter grande projeção nacional e na mídia, tem projeção internacional e tem condições de conseguir recursos para a cultura de Campinas”, defende Jorge Alves de Lima.
Segundo o presidente da ACL, a orquestra seria a grande atração da cidade e transformaria Campinas.
“É um projeto imenso, de alcance nacional e internacional. Temos de pesar isso na balança. Que a população, a Administração, a Associação dos Músicos, tomem conhecimento desse projeto, que é para o bem da cidade”, completa.
Porém, ele não pretende procurar o prefeito para tratar do tema novamente. “Vou esperar um pouquinho, dar tempo ao tempo. Já há pessoas procurando fazer uma intermediação nisso. Vou ficar na expectativa esperando os próximos ventos”, finaliza.