Modalidade responsável por garantir três medalhas de prata ao Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o skate não para de crescer no nosso País e desperta interesse em pessoas de diferentes idades, principalmente nas crianças. Moradora de Indaiatuba, Carol Suzaki, de apenas 8 anos, sonha em seguir carreira como skatista profissional e mesmo tão nova, já é bicampeã do Campeonato Brasileiro Feminino Amador na modalidade Banks Infantil, em 2019 e 2021, competição realizada pela Associação Feminina de Skate (AFSK), com homologação da Confederação Brasileira de Skate (CBSK).
Quando tinha apenas três anos, Carol via a irmã Elora Suzaki, cinco anos mais velha, andar de patins, mas o que chamou atenção da criança foi o skate do pai Rogério Suzaki. Desde então, ela se apaixonou pela modalidade e a cada semana a criança se diverte andando pelas rampas e aprendendo novas manobras em pistas espalhadas por Indaiatuba, Campinas, Americana e também São Paulo, no clube social do Corinthians.
“Quando eu subi no skate e comecei a aprender, nunca mais quis parar de andar. Eu sempre quis continuar”, destaca Carol que também compete nas categorias Park e Street, esta última, inclusive, a jovem foi vice-campeã brasileira infantil em 2019 e 2021.
“A nossa filha mais velha começou a andar de patins e começamos a frequentar as pistas (em Indaiatuba). Eu andei de skate quando era adolescente e ao ver minha filha mais velha andar de patins, resolvi comprar um skate para eu voltar a andar. A Carol ficava correndo por aqui perto da pista e eu tinha certeza que ela andaria de patins pelo fato de a irmã andar de patins”, relembra Rogério, ao lado de Ana Luiza Suzaki, mãe de Carol.

“Um dia, ela (Carol) pegou o skate e disse que queria andar igual os moleques. Aí ela começou remando no skate. Um dia estávamos gravando um vídeo da Elora (irmã de Carol), aí ela mesmo me chamou atenção porque a Carol estava andando de skate na mini ramp. Nesse momento eu achava ela muito pequena para andar e tinha medo que ela se machucasse. Percebi que ela realmente gostava e fui ensinando aos poucos. Aí ela decolou, começou a andar sempre, se destacar e o pessoal que via também sempre incentivou”, completa o pai.
Ana Luiza lembra que no início, quando Carol ainda era muito pequena, tinha medo de a filha se machucar andando de skate. Tomando todos os cuidados necessários, a criança rapidamente aprendeu como cair para não se machucar e faz questão de utilizar até hoje equipamentos de segurança como capacete, joelheira e cotoveleira.
“Dá medo de ela se machucar, principalmente no começo quando ela era muito pequena. Quando ela falava que iria fazer alguma manobra, pedia para tomar cuidado que poderia se machucar. Quando ela começou a andar, o pessoal foi ensinando ela como cair para não se machucar. Ela foi aprendendo e a gente ficou mais tranquila. Agora não temos mais tanto medo de ela se machucar porque ela já tem uma certa evolução e ficamos mais tranquilos”, revela a mãe.
Depois que começou a andar de skate com apenas três anos, Carol disputou sua primeira competição infantil quando tinha cinco anos de idade e não parou mais. Ao todo, a menina entrou nas pistas em aproximadamente 20 torneios, um realizado até fora do estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, e a partir do ano que vem ela sobe de categoria para começar a competir na iniciante.

“O conceito de participar de outros campeonatos é completamente diferente por conta da avaliação dos juízes ser diferente. No campeonato infantil, eles valorizam muito mais a plasticidade, as manobras, mas nos outros campeonatos eles valorizam o todo e a questão de ela ser pequena influencia muito, porque ela não tem peso para fazer o que as outras meninas fazem. Isso agora ela vai evoluindo com o tempo e o pessoal começou a orientar mais a gente. Agora é dar o próximo passo”, projeta Rogério.
Mesmo ainda tão nova, Carol já recebe incentivo de algumas marcas como a RIPE Skateboards, empresa da Espanha responsável por produzir o shape dos skates da criança de Indaiatuba.
“Conhecemos eles através de um grupo de skatistas chamado Batateiras, de São Paulo. Nós sempre participamos dos eventos delas, o pessoal da RIPE esteve no Brasil, conheceu uma das meninas, pediu indicação e elas indicaram a Carol. Eles queriam uma pessoa jovem para formar, com espírito de competição para participar dos campeonatos, e enxergaram isso nela”, valoriza o pai da menina.
Inspirações
Em meio a popularização do skate, o Brasil já tem nomes consagrados na modalidade como Bob Burnquist, 15 vezes campeão dos X-Games, além da dupla Kelvin Hoefler e Pedro Barros, vice-campeões olímpicos em Tóquio neste ano nas categorias Street e Park, respectivamente.
Pelo lado das mulheres, o sucesso mais uma vez é enorme com destaques como Letícia Bufoni, hexacampeã no X-Games, Pâmela Rosa, bicampeã mundial de skate Street, a fadinha Rayssa Leal, vice-campeã olímpica e mundial de skate Street com apenas 13 anos, além do trio Dora Varella, Yndiara Asp e Isadora Pacheco, representantes do nosso País no skate Park nas Olimpíadas deste ano.
Com oito anos, Carol enxerga todos esses nomes como ídolos no esporte e já conseguiu conhecer pessoalmente alguns como Bob Burnquist, Pâmela Rosa, Dora Varella e Yndiara Asp. Com as duas últimas, inclusive, a menina de Indaiatuba tem maior proximidade e não faltou incentivo para a criança seguir brilhando no skate.
“Com a Pâmela ela só tirou foto, agora a Dora Varella e Yndiara Asp ela fez amizade. A Yndiara e a Dora estão dando um apoio super importante para a geração que está chegando. Não só com a Carol, com as outras meninas também. Elas estiveram presentes em um evento em Itu e viraram amigas. Encontramos o Bob já, a Letícia e a Rayssa ainda não, mas não faltarão oportunidades”, garante Rogério.
Carol também deixa seu recado e faz questão de incentivar todas as meninas que gostam de andar de skate.
“Sempre continuar andando e nunca desistir”, finaliza a criança de oito anos.