Com oito equipes divididas em dois grupos e quatro vagas de acesso em disputa, o quadrangular decisivo do Campeonato Brasileiro da Série C começa na tarde deste sábado (2), com o duelo entre Botafogo-PB e Ituano, às 17h, no estádio Almeidão, em João Pessoa, na Paraíba. O jogo terá transmissão ao vivo da TV Bandeirantes. Esta chave também conta com Criciúma e Paysandu, que se enfrentam no domingo (3), às 18h, no estádio Heriberto Hülse, em Santa Catarina.
No quadrangular final da Série C, todas as oito equipes disputam seis partidas em sistema de ida e volta dentro de cada grupo. Os quatro classificados à Série B, que constituem os dois primeiros de cada chave, serão conhecidos no primeiro fim de semana de novembro.
Dono da segunda melhor campanha geral da Série C, o Ituano conquistou a classificação com 33 pontos após 18 jogos na primeira fase, o que lhe garantiu a segunda colocação do Grupo B. Este foi o melhor aproveitamento do Galo de Itu na história da competição, superando o desempenho do ano passado, quando a equipe também se qualificou à fase final como segunda colocada do Grupo B, mas com 29 pontos. No último quadrangular final, a equipe terminou na quarta e última colocação de sua chave, com apenas cinco pontos em seis jogos.
Ao todo, o Ituano já disputou nove edições da Série C e se sagrou campeão em 2003, mas nenhuma campanha anterior supera o aproveitamento de 61% que a equipe obteve na primeira fase da competição deste ano.
Na atual edição da Série C, o Ituano estreou com derrota por 1 a 0 para o Criciúma, em Santa Catarina, e logo na sequência foi goleado por 4 a 1 pelo Novorizontino, em pleno Novelli Júnior. O mau início de campeonato provocou o pedido de demissão do técnico Vinicius Bergantin, que deixou o clube após quase quatro anos no cargo. Ele era o técnico mais longevo do futebol brasileiro. Com a saída de Bergantin, no dia 6 de junho, o Ituano prontamente anunciou a contratação do treinador campineiro Mazola Júnior, de 56 anos. A escolha não poderia ter sido mais acertada.
Com passagem recente pela Ponte Preta, em 2019, décadas após se formar como atleta nas categorias de base da própria Macaca, Mazola Júnior embarcou em sua segunda experiência à frente do Ituano, clube que também comandou entre 2009 e 2010, quando iniciou a carreira como treinador no Brasil. Há 11 anos, o Galo de Itu vivia um momento bem mais precário e repleto de dificuldades, sem centro de treinamento e categorias de base. Além disso, o estádio Novelli Júnior ainda não havia passado por reforma de modernização.
Sob o comando de Mazola Júnior, foram 16 jogos com nove vitórias, seis empates e apenas uma derrota. “O que levou o Ituano a essa primeira fase muito bem feita foi que colocamos um pouco de competitividade e organização defensiva de clubes da Série B, que é o campeonato em que eu mais trabalhei. Nós também procuramos trazer algumas peças que estavam sem mercado na Série B por algum motivo ou outro e acabaram encaixando. Acredito que o Ituano conseguiu essa grande campanha pelo equilíbrio da equipe entre atacar e defender”, aponta Mazola Júnior, que já conquistou três acessos na carreira. Ele subiu com o Sport para a Série A, em 2011, e com o Paysandu para a Série B, em 2014.
“Na primeira fase, tivemos muita regularidade. Em 16 jogos sob o meu comando, perdemos apenas um e com dois gols de bola parada. As expectativas para o quadrangular final são as melhores possíveis. Que a gente mantenha essa regularidade na segunda fase. Faltam seis jogos para o tão sonhado acesso. Sinceramente, não acredito que começa um novo campeonato”, afirma Mazola Júnior.
“A importância de largar com um bom resultado fora de casa é primordial para que a gente possa somatizar com o resultados que nós teremos que fazer em casa”, acrescenta o treinador campineiro. Na temporada passada, o Ituano começou o quadrangular final da Série C com vitória fora de casa sobre o Vila Nova, mas depois disso não conseguiu vencer mais, portanto despediu-se da competição sem nenhuma vitória nos três jogos decisivos dentro de casa. Com Mazola Júnior, o Ituano tenta escrever uma história diferente, e desta vez com final feliz.
Outro campineiro tenta fazer história na Série C
Além de Mazola Júnior, outro treinador campineiro também foi um dos grandes destaques da primeira fase da Série C e agora tenta coroar o trabalho com o acesso. Trata-se de Evaristo Piza, de 49 anos, comandante do Manaus, equipe fundada em 2013, que sonha em disputar a Série B pela primeira vez em sua curta história de oito anos. A equipe amazonense estreia no quadrangular final contra o Novorizontino neste domingo (2), às 16h, no estádio Ismael Benigno, também conhecido como Colina, em Manaus.
Ypiranga e Tombense completam esta chave curiosa contendo quatro equipes que jamais disputaram a Série B, o que garante dois estreantes na próxima edição da competição. Gaúchos e mineiros duelam neste sábado (2), às 19h, no estádio Colosso da Lagoa, em Erechim, no interior do Rio Grande do Sul.
Com passagens por vários clubes do interior paulista, entre eles Paulínia e Primavera, na região de Campinas, Evaristo Piza iniciou a carreira como treinador da equipe sub-15 do Guarani, em 2002. Em 2014, no comando do Capivariano, ele conquistou o acesso e o título da Série A2 do Campeonato Paulista.
Após a demissão do técnico Marcelo Martelotte, que deixou o Manaus fora do G4 e perto da zona de rebaixamento, na 7ª colocação, com 11 pontos, Evaristo Piza assumiu o comando do Gavião Real no dia 27 de julho, às vésperas do início do segundo turno da primeira fase, e liderou uma campanha de reação.
“Uma das chaves da recuperação do Manaus após a minha chegada, em questão de mudança de comportamento e busca pelos resultados, foi que eu estava acompanhando a competição, muito atento ao que estava acontecendo, mesmo em casa após a minha saída do América-RN”, disse o treinador.
“Eu conhecia bem alguns jogadores do grupo e também alguns adversários, então nós chegamos sabendo o que vinha acontecendo, detectamos algumas situações e conseguimos sequenciar bons resultados já no início do trabalho, com vitórias sobre Santa Cruz e Volta Redonda”, contou.
“O nosso início de returno foi muito forte e nos deu confiança para ter performance, terminar o turno com 15 pontos e conquistar a classificação. Os jogadores acreditaram no trabalho e nós acreditamos nos atletas, isso foi fundamental”, avalia Evaristo Piza.
Campeão estadual com o Botafogo-PB, em 2019, Evaristo Piza vinha de três participações consecutivas na Série C pela equipe paraibana. Em 2018, o seu Botafogo ficou a poucos minutos de conquistar o acesso, mas perdeu a vaga nos pênaltis para o xará de Ribeirão Preto com requintes de crueldade, após sofrer um gol nos acréscimos do segundo tempo, pelo jogo de volta das quartas de final, no estádio Santa Cruz. Em 2019, Piza não conseguiu levar o Botafogo ao mata-mata e deixou a equipe na 6ª colocação. Já no ano passado, o treinador campineiro foi demitido no início da temporada, mas acabou recontratado e salvou a equipe do rebaixamento para a Série D, graças a um empate por 1 a 1 no clássico com o Treze, na última rodada.
Com a aposta certeira em Evaristo Piza, o Manaus deixou as últimas posições e conquistou a inédita classificação para a fase decisiva da Série C, apenas na segunda participação do clube na competição. Na temporada passada, a equipe havia batido na na trave e ficado em quinto lugar na primeira fase.
Nos nove jogos sob a batuta de Evaristo Piza, foram quatro vitórias, três empates e apenas duas derrotas. Mesmo com a derrota por 2 a 0 para o Paysandu, em Belém, no último sábado (25), pela rodada final, a equipe manauara comemorou a classificação para o quadrangular final.
“Essa classificação para a segunda fase da Série C marca um momento histórico para o Manaus a nível nacional. É uma equipe nova, com apenas oito anos de fundação, mas em pouco tempo já conseguiu um ascensão da Série D para a Série C. Agora, no segundo ano na Série C, consegue uma classificação muito importante para o estado do Amazonas, para os torcedores, para a diretoria, para os atletas e para toda a comissão técnica”, afirma ele.
“A gente sabe das dificuldades que vamos enfrentar, mas agora é saber jogar esse quadrangular e seguir vivo a todo momento, duelando todos os jogos e conduzindo até a última rodada. Não pode simplesmente conseguir esse objetivo e desperdiçar”, pede Evaristo Piza.
Classificado como quarto colocado do Grupo A, com 26 pontos, o Manaus detém o pior desempenho geral entre as oito equipes ainda vivas na Série C. Invicta dentro de casa, a equipe amazonense começa o quadrangular medindo forças justamente com o time de melhor campanha geral, além de melhor visitante da competição.
“O Novorizontino é uma equipe muito forte, que disputa a Série A1 do Campeonato Paulista, com investimento alto, estrutura muito boa, mesmo treinador desde o Estadual e uma base que vem junto desde o início do ano. Eles fizeram a maior pontuação da Série C, um recorde de 39 pontos, com 12 vitórias. Mesmo todo mundo zerado e com chances iguais, eles são favoritos a uma das vagas. A regularidade e performance deles potencializam isso, mas temos que duelar, buscar jogar, marcar esse adversário e nos impor também”, pede o treinador campineiro.
“A importância de largar com um resultado positivo, ainda mais diante de um adversário que fez a melhor campanha na competição, é muito grande. Uma vitória nos daria muita moral, aumentaria a confiança e fortaleceria a equipe para a sequência, além de deixar um forte concorrente três pontos atrás”, aposta ele.
“Depois, você ainda pode sair para jogar fora de casa sem a pressão de ter tido uma situação adversa. A gente sabe que não vai ser simples, mas temos que ser muito eficientes, estratégicos e competir para fazer o nosso melhor”, ensina.
“O adversário tem os méritos da melhor campanha e das cinco vitórias fora de casa, mas a gente também tem os méritos de estar invicto dentro de casa. Nós somos muito fortes aqui dentro. Quem competir mais e tiver mais eficiência para uma decisão vai conseguir o resultado”, disse Evaristo Piza.
Evaristo Piza também analisou os outros dois adversários da chave. “O Manaus enfrentou duas vezes o Tombense na primeira fase, venceu em casa e perdeu fora. É um adversário de boa condição técnica e uma equipe leve. Quanto ao Ypiranga, é um time que tem uma regularidade muito grande e forte marcação como característica. É um ótimo trabalho do Júnior Rocha”, avalia.
“Serão jogos difíceis, não tem como, pois todo mundo está buscando os mesmos objetivos. São quatro times brigando por duas vagas. Espero que a gente consiga ser uma dessas equipes que vão ascender à Série B”, finaliza Evaristo Piza.