O Hemocentro da Unicamp está recrutando pessoas que já tiveram Covid-19 e possam doar o plasma do sangue, material que pode ser um potencial tratamento para quem enfrenta a doença. Para participar é preciso ter se curado da doença há mais de 30 dias. Durante o agendamento da doação, são levados em conta os mesmos critérios adotados na doação de sangue. Pessoas assintomáticas ou que tiveram casos leves da doença podem se inscrever pelo link https://agendamento.hemocentro.unicamp.br/. Já mulheres que tiveram filhos não podem ser doadoras.
A doação pode fornecer um impulso ao sistema imunológico do paciente doente
De acordo com o Hemocentro, quando uma pessoa contrai um vírus como o da Covid-19, seu sistema imunológico cria anticorpos para combater o vírus. Esses anticorpos são encontrados no plasma, que é a parte líquida do sangue. O plasma com esses anticorpos de combate à infecção é chamado de “plasma convalescente”. “Através de um processo de doação de sangue, esse plasma rico em anticorpos pode ser coletado de uma pessoa recuperada da doença e depois transfundido para um paciente doente que ainda luta contra o vírus. Isso pode fornecer um impulso ao sistema imunológico do paciente doente e pode ajudar a acelerar o processo de recuperação”, informa o Hemocentro.
Pesquisa
No Brasil, segundo Nota Técnica n° 21/2020-CGSH/DAET/SAES/MS, é permitida a coleta e transfusão de plasma de convalescentes para uso experimental no tratamento de pacientes com Covid-19. A transfusão de plasma convalescente é considerada um tratamento experimental, pois os estudos clínicos foram iniciados, mas ainda não foram concluídos.
Enquanto as opções para o tratamento da doença evoluem, o plasma convalescente pode ser considerado e pode ajudar alguns pacientes com doença moderada ou grave. “Sabemos que existem evidências de que o plasma convalescente ajudou pacientes com outras doenças, mas médicos e pesquisadores não saberão quão eficaz será o plasma convalescente no tratamento de pacientes com Covid-19 até que mais estudos sejam concluídos”, explica o órgão da Unicamp.
Como doar
Após o preenchimento do formulário de agendamento, basta aguardar. Uma equipe técnica entrará em contato por telefone para agendar a coleta e esclarecer as possíveis dúvidas. A doação de plasma convalescente dura, em média, uma hora, mas depende do fluxo de retirada do sangue. “O fluxo de retirada depende das características da veia do doador, por isso, no dia da doação não agende nenhum compromisso muito próximo”, reforça o Hemocentro.
Apenas homens e mulheres sem gestações anteriores podem doar
De acordo com a legislação vigente, o participante pode doar o material a cada 48 horas, limitado a quatro vezes por mês. Contudo, mulheres que já tiveram filhos não podem participar. “Durante a gestação, a mulher pode desenvolver outros tipos de anticorpos que estão associados a reações potencialmente graves nos receptores de transfusão. Por isto, é importante relatar qualquer gestação ou aborto ocorridos previamente”, reforça.
Terapia antiga
A coleta e transfusão de plasma convalescente como tratamento foi usada pela primeira vez na década de 1890 e ajudou a reduzir a gravidade de vários surtos de doenças infecciosas, antes do desenvolvimento da terapia antimicrobiana, na década de 1940, e na pandemia da gripe espanhola em 1918.
No início do século 20, o tratamento com plasma convalescente foi usado durante surtos como de sarampo, caxumba e gripe. Mais recentemente, foi usado na pandemia de gripe H1N1 em 2009, e novamente em 2013, durante o surto de Ebola na África Ocidental. (Com informações da Unicamp)