A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estabeleceu o retorno das atividades presencias em seus campi em Campinas, Limeira e Piracicaba para o próximo dia 13 de setembro. O foco da retomada são os servidores, docentes e pesquisadores. As aulas presenciais, com todos os alunos em sala, devem ocorrer somente em 2022, mas eles são incentivados a já frequentarem as bibliotecas, laboratórios e outros espaços acadêmicos.
De acordo com o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, e a coordenadora-geral da universidade, Maria Luiza Moretti, todos deverão ter o esquema vacinal completo e teste de Covid-19 negativo para retomarem as atividades.
“Todos deverão comprovar que estão vacinados e terão de agendar um teste de Covid-19, no máximo, três dias antes do retorno. Deverão retornar apenas 14 dias depois da segunda dose da vacina ou da vacina de dose única”, explicou Maria Luiza em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira.
“A gente quer incentivar o retorno gradual, inclusive para entender o tamanho do nosso problema. São 17 mil refeições servidas diariamente, as cantinas fornecem as refeições complementares. A Unicamp é uma pequena cidade. Precisamos tratar essa diversidade, tem que retomar devagar”, afirma o reitor.
Um aplicativo está em fase de desenvolvimento/testes, no qual a comunidade acadêmica poderá agendar a testagem antes do retorno e também informar sobre possíveis sintomas da doença no pós-retorno.
O reitor ressaltou que a retomada a partir do dia 13 de setembro será lenta e gradual. “Miramos a retomada plena apenas no início do ano que vem. O foco é o retorno dos servidores, dos docentes e pesquisadores. Agora é uma retomada gradual, com a presença dos estudantes nas bibliotecas, laboratórios e em pequenos grupos que não demandem grandes investimentos em modernização de salas e equipamentos, como os cursinhos pré-vestibulares”, disse.
Segundo ele, a comunidade universitária é muito grande e heterogênea. “A Unicamp é uma minicidade, não dá para tratar todos de maneira igual. Essa retomada gradual vai, inclusive, nos mostrar todos os desafios que vamos precisar enfrentar. Temos 60% dos alunos de fora do Estado de São Paulo. Não podemos dizer que todos precisam voltar imediatamente, tem alunos afetados pela questão financeira familiar. Se fizermos isso eles trancam a matrícula porque não conseguem voltar. Tem questão de moradia, tem muitas variáveis. Tem alunos indígenas no Amazonas, que estão a dias de barco de distância de Manaus”, exemplificou Tom Zé.
“Os alunos da região, que estão mais próximos, podem começar a frequentar a universidade, os laboratórios, bibliotecas, pequenos grupos, para se adaptarem novamente à vida acadêmica presencial”, disse.
Segundo a coordenadora geral, esse retorno gradual será possível por conta do momento epidemiológico. “Estamos nos propondo a retomar as atividades presenciais no momento em que dispomos de mais condições para que isso aconteça. A abrangência vacinal na nossa cidade e no País aumentou, com grande número de pessoas imunizadas, redução de internações de casos agraves. Olhando as necessidades de professores, pesquisadores, servidores, técnicos, administrativos, alunos, percebemos que é o momento da volta às atividades presenciais”, declarou.
Ambos reforçaram que a universidade nunca parou. Manteve o funcionamento remoto e diversos setores continuaram funcionamento presencialmente, incluindo os cursos ligados à área da saúde. Segundo o reitor, o foco é a saúde das pessoas e que, se for necessário, o plano de retomada pode ser revisto, inclusive por conta da variante Delta do novo coronavírus.
“Quero informar os alunos que não fiquem ansiosos, pois preservaremos o conjunto de direitos das pessoas. Queremos formar com qualidade. Somos uma universidade inclusiva, esse é um compromisso da Unicamp da gestão atual”, aponta o reitor Tom Zé.
“Qualquer mudança terá da nossa parte a retomada das atividades remotas. Hoje é mais fácil fazer a parada brusca das atividades presenciais. É mais difícil fazer a retomada, pois tem questões logísticas e de infraestrutura. Diante de um possível recrudescimento podemos rapidamente mudar a diretriz que estamos apresentando agora para a comunidade”, reforçou.
Vacinação
A Unicamp, em parceria com a Prefeitura de Campinas, mantém em suas dependências um centro de vacinação voltado para a comunidade acadêmica. “Queremos que os alunos venham ser vacinados. Mas reforço, isso não significa aulas presenciais. É a retomada de atividades de ensino gradual e lenta”, reforçou Tom Zé.
Assim como na sociedade em geral, nos campi da universidade, os alunos, professores, funcionários, entre outros, devem manter distanciamento entre 1,5 e 2 metros, uso de máscaras e álcool em gel.
Aulas
O reitor lembrou que, por conta da especificidade de cada área, não é possível uma regra geral. “Não é fácil dar todos os detalhes de uma situação complexa. Limeira, por exemplo, tem dois campi, em um deles tem o colégio técnico, Cotil, e a Faculdade de Tecnologia. São 1.500 alunos. No outro tem a Faculdade de Ciências Aplicadas com mais de 2.000 alunos, com turmas com 140 alunos em sala. Não dá para colocar em sala todas essas pessoas simultaneamente. Vamos ter de pensar em alguma coisa híbrida, mas isso vai ter de ser decidido localmente em cada faculdade, em cada instituto”, afirmou.
“Até ontem, 6.700 mil servidores já tinham incluído no sistema o comprovante ou informações sobre a vacinação. Vai ter um programa semelhante a ser implantado para os alunos também”, Maria Luiza Moretti, coordenadora geral da Unicamp.
Verba adicional
De acordo com o reitor, o Conselho aprovou a disponibilização de R$ 90 milhões adicionais para o processo de retomada. “Precisamos nos preparar melhor para conciliar o ensino remoto e presencial, com ferramentas melhores, aperfeiçoamento das salas de aula, em especial as questões de informática e reforma das infraestruturas. É provável que tenha de ampliar a assistência aos alunos, com bolsa, assistência pedagógica e psicológica. A política de apoio aos estudantes tem de ser preservada e ampliada. Além da manutenção e reforma da moradia. Os recursos estarão voltados para adequação da infraestrutura para a retomada”, explicou.