O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança Pública para atuar na capital federal, entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Praça dos Três Poderes. Segundo a Pasta, a medida foi adotada “em razão das manifestações políticas no centro da capital federal”. O alvo são os bolsonaristas extremistas, que marcham em Brasília em direção ao Congresso Nacional.
Mesmo com o efetivo, por volta das 15h uma multidão de bolsonaristas invadiu as rampas do Congresso em imagem semelhante à ocorrida em 2003, quando houve protestos que atingiram o cerne da política. O ato é parecido com a invasão do Capitólio por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
Eles romperam as barreiras, removeram gradis e marcham sobre e em direção ao Parlamento brasileiro. Há suspeita de que policiais militares do DF tenham sido coniventes com a invasão. Já há relatos de depredação, com vidros quebrados e vandalismo nas dependências legislativas.
Um hora depois, os extremistas também conseguiram invadir o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Há confrontos com a Polícia Militar.
Parte deste grupo é de Campinas e viajou em ônibus na última sexta-feira. Sob o slogan “Tomada de Brasília, eles contestam o resultado das eleições e planejam questionar a vitória e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Ministério da Justiça enxerga nessa iniciativa um objetivo evinde de golpismo e de afronta ao Estado Democrático de Direito.
Prevista na Portaria 272/2023 assinada nesse sábado (7), o emprego da Força Nacional visa garantir a ordem pública e os patrimônios públicos e privados, “em caráter episódico e planejado, nos dias 7, 8 e 9 deste mês de janeiro”, em meio à chegada de alguns ônibus com manifestantes contrários ao resultado das eleições.
O grupo está concentrado em frente ao Quartel General (QG) do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília.
O uso da força visa evitar situação similar à ocorrida no dia 12 de dezembro, quando manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF em Brasília após a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante. Na ocasião, os manifestantes colocaram fogo em carros e ônibus, causando “distúrbios civis, do trânsito e incêndios”, conforme dito pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em nota, o Ministério da Justiça (MJ) informa que o contingente a ser disponibilizado “obedecerá ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, e não pode ser divulgado”.
Ainda segundo a Pasta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou um gabinete de gerenciamento para o monitoramento das manifestações. “Os policiais mantêm vigilância nas rodovias federais que dão acesso à Brasília. No mesmo esquema, a Polícia Federal (PF) montou esquema de vigilância e mantém equipe de prontidão”. Preventivamente, algumas vias próximas à Esplanada dos Ministérios serão interditadas.
Onde eles estão
Segundo apurou o Hora Campinas, os bolsonaristas que viajaram em ônibus de Campinas estão concentrados próximos ao QG do Exército. Mesmo com a tentativa das forças militares de desmontar o acampamento, há grupos que resistem. Outros campineiros, segundo apurou o Hora, pretendem encorpar os atos que estão previstos para ocorrer na Esplanada dos Ministérios entre este domingo e segunda-feira (9), apesar de as forças de Segurança Pública terem isolado parte do trajeto.