O primeiro lote de vacinas infantis da Pfizer, que desembarcou no Aeroporto Internacional de Viracopos na madrugada de quinta-feira, começa a chegar aos braços das crianças brasileiras nessa sexta-feira (14). As primeiras cidades a aplicarem o imunizante pediátrico deverão ser a capital paulista e o município fluminense de Maricá.
O Hora Campinas apurou que a previsão é que as vacinas para a imunização de crianças cheguem em Campinas entre sábado e domingo. A expectativa da secretaria municipal de Saúde é começar a vacinação na próxima semana.
O estado de São Paulo deu início à vacinação por volta das 12h. Uma criança indígena foi a primeira a receber a imunização. Trata-se do pequeno Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, criança que nasceu com deficiência motora. Ele faz tratamento no Hospital das Clínicas da USP e mora com uma tutora na cidade de Piracicaba. Davi é filho do cacique xavante Jurandir Siridiwe, do Mato Grosso. O governador João Doria (PSDB) acompanhou a aplicação e deu uma coletiva no HC. A transmissão ocorreu ao vivo pelas plataformas digitais do governo paulista.
Nascido em uma tribo Xavante no estado do Mato Grosso, Davi tem uma condição de saúde que afeta as pernas e o obriga a andar com ajuda de uma órtese. Durante nove meses, ele e o pai, o cacique Jurandir Siridiwe, fizeram viagens periódicas à capital paulista para que Davi fosse tratado no Instituto da Criança do HC.
Desde o início do ano passado, Davi passou a morar com uma tutora na cidade de Piracicaba, região de Campinas. Ela o acompanha nas consultas rotineiras que o garoto faz no HC com médicos das áreas de reabilitação e neurologia.
O caso do garoto xavante está sendo estudado por especialistas do Instituto da Criança, que procuram identificar as razões da perda parcial dos movimentos de Davi. Como há outras crianças da mesma tribo com sintomas similares aos de Davi, os cientistas da USP estão conduzindo um estudo genético completo para apontar possíveis causas do problema.
Vacinas
O lote que está sendo distribuído a estados e municípios para iniciar a aplicação é de 1,2 milhão de doses. A previsão é que o Brasil receba em janeiro um total de 4,3 milhões. Essa remessa que chegou pelo Aeroporto de Viracopos na quinta-feira é a primeira de três que serão enviadas ao País.
Segundo o Ministério da Saúde, durante o primeiro trimestre devem chegar ao Brasil quase 20 milhões de doses pediátricas, destinadas ao público-alvo de 20,5 milhões de crianças. Em fevereiro, a previsão é que sejam entregues mais 7,2 milhões, e em março, 8,4 milhões. A tendência é que a Pfizer antecipe a entrega para acelerar a vacinação.
A campanha de vacinação infantil em São Paulo começou imediatamente após a entrega do lote inicial de 234 mil vacinas pediátricas da Pfizer à Secretaria de Estado da Saúde. As equipes da pasta receberam o imunizante no final da manhã desta sexta, e a distribuição para todas as regiões do estado será iniciada até o final da tarde.
Cronograma estadual
Nesta primeira etapa da campanha de vacinação infantil, o Plano Estadual de Imunização recomenda que as 645 Prefeituras do estado priorizem crianças de 5 a 11 anos com comorbidades, deficiência, indígenas e quilombolas. A estimativa é que 850 mil menores nestas condições sejam vacinados de forma prioritária.
O Ministério da Saúde encaminhou apenas 234 mil doses para a Secretaria de São Paulo nesta sexta. A expectativa do Governo do Estado é que o órgão federal encaminhe novos lotes a partir da próxima semana.
A lista das comorbidades é definida pelo Ministério da Saúde. Pais e responsáveis precisam apresentar nos postos de vacinação comprovantes como exames ou qualquer prescrição médica. Os cadastros já existentes nas Unidades Básicas de Saúde também poderão ser utilizados para a vacinação.
O Governo de São Paulo também recomenda o pré-cadastro no site www.vacinaja.sp.gov.br para a campanha infantil. O preenchimento do formulário digital é opcional e não é um agendamento, mas agiliza o atendimento nos postos, evitando filas e aglomerações.
Para cadastrar os filhos, pais e responsáveis devem acessar o site, clicar no botão “Crianças até 11 anos” e preencher o formulário. Se o processo não puder ser feito pela internet, os pais não precisam se preocupar, pois o cadastro completo poderá ser feito presencialmente nas unidades de vacinação.
Lista de comorbidades do Ministério da Saúde:
Insuficiência cardíaca
Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar
Cardiopatia hipertensiva
Síndromes coronarianas
Valvopatias
Miocardiopatias e pericardiopatias
Doenças da aorta, grandes vasos e fístulas arteriovenosas
Arritmias cardíacas
Cardiopatias congênitas
Próteses e implantes cardíacos
Talassemia
Síndrome de Down
Diabetes mellitus
Pneumopatias crônicas graves
Hipertensão arterial resistente e de artéria estágio 3
Hipertensão estágios 1 e 2 com lesão e órgão alvo
Doença cerebrovascular
Doença renal crônica
Imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
Anemia falciforme
Obesidade mórbida
Cirrose hepática
HIV
Maricá
A cidade de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, inicia nessa sexta-feira a imunização das crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, sendo a primeira do estado a atender essa faixa etária. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) recebeu no início da madrugada desta sexta a primeira remessa das vacinas da Pfizer destinada a esse público, com 93,5 mil doses.
De acordo com a Prefeitura da cidade, o primeiro grupo atendido será o de crianças indígenas em suas aldeias. Amanhã (15), será a vez das crianças com comorbidades ou deficiência permanente, que devem ser levadas à sede do Serviço de Atendimento de Reabilitação Especial de Maricá (Sarem), das 9h às 13h.
As crianças com dificuldades de locomoção severa podem receber a vacina em casa, depois de agendamento na Unidade de Saúde da Família (USF) de referência.
O pai ou responsável precisa apresentar o laudo médico que comprove a comorbidade ou a deficiência permanente listada no Plano Nacional de Imunização (PNI), além de certidão de nascimento ou documento de identidade da criança.
A secretária municipal de Saúde, Solange Oliveira, destacou que o cronograma da cidade segue o recomendado pelo PNI, mas depende da disponibilidade de vacinas pelo Ministério da Saúde. Ela explica que a imunização das crianças ajuda a proteger toda a população contra o novo coronavírus.
Rio
O governo do estado do Rio de Janeiro começou a distribuir as 93,5 mil doses de vacina contra a Covid-19, destinadas a crianças de 5 a 11 anos, nessa sexta, aos 92 municípios. As doses dos imunizantes chegaram nesta madrugada no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) e foram levadas para a Coordenação Geral de Armazenagem (CGA) da SES, em Niterói.
Segundo a secretaria, a previsão é que a partir de segunda-feira a maioria dos municípios possam dar início à vacinação. A recomendação é que sejam vacinadas primeiro crianças com comorbidades e indígenas, seguidas das faixas etárias dos mais velhos para os mais novos.
Minas Gerais
As cidades de Minas Gerais começaram a receber as primeiras doses de vacina contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos nesta sexta-feira (14). A informação é do secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti. Segundo o secretário, a estimativa é que todas as 110 mil doses do imunizante da Pfizer, que chegaram ao aeroporto de Confins, sejam entregues às Unidades Regionais de Saúde até amanhã (15) e serão imediatamente repassadas aos municípios para aplicação.
“Sábado já podemos ter a primeira criança, de 5 a 11 anos, vacinada no estado de Minas Gerais”, disse Baccheretti, em referência às cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, que devem ser as primeiras a receberem os imunizantes.
Ele ressaltou a importância da imunização e alertou pais e responsáveis para a vacinação das crianças. “O estado sempre vai recomendar a vacinação, já que está comprovada a redução dos casos graves da doença em pessoas que estão devidamente imunizadas. Por isso, pedimos que os pais ou responsáveis levem as crianças para serem vacinadas”, disse.
(Hora Campinas, com Agência Brasil)