O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 começou a ser aplicado neste domingo (21) em todo o país. Ao todo, 3,1 milhões de candidatos devem fazer o exame em mais 1,7 mil municípios. Em Campinas são 11.715 estudantes inscritos. No próximo domingo(28), também haverá provas.
Veja o que disseram os especialistas do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante Campinas a respeito da prova deste domingo.
Por Daniel Cecílio, diretor pedagógico do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante Campinas
A nossa banca considerou a prova como boa, bastante interpretativa e com questões, de modo geral, de nível médio. Num primeiro momento, não identificamos nenhuma questão polêmica. Porém, algumas delas exigiam do candidato maior atenção.
A equipe de Redação achou o tema bastante interessante, de grande relevância e contextualizado com um problema social, que é a questão da invisibilidade social. Então, apesar das polêmicas recentes, o Enem continuou abordando temas com relevância social.
O tema da redação não surpreendeu por manter essa linha de raciocínio. Examinamos como interessantes as provas de Espanhol e Inglês, com nível semelhante à da edição passada. Em ambas, foi cobrado mais interpretação do que gramática. Em Inglês, inclusive, com temas relevantes e atuais, mantendo o caráter da prova.
Enem 2021 – Ciências Humanas
Por Marcus Vinicius de Moraes, professor de História
A prova recuperou a tradição do Enem. Ou seja, abordou temas que contemplam uma sociedade plural. Questões sobre revoltas medievais, folclore camponês, indígenas, resistências escravas, África e identidades foram o ponto alto da prova. Além do uso de documentos escritos e imagens. Merece destaque a questão 82 (prova branca) sobre os tigres catadores de lixo. Analiso que a prova teve uma dificuldade mediana.
Prova de Linguagens
Por Jéssica Dorta, professora de Redação
A prova de linguagens está composta, sobretudo, por questões interpretativas que envolvem textos de gêneros discursivos diversos: conto, poema, reportagem, história em quadrinho, pintura, resenha etc. Os temas mais frequentes em provas anteriores se mantêm, como variação linguística e funções da linguagem. Para abordar esses conteúdos, textos sobre democracia racial no futebol (questão 24) e sobre a condição da mulher em meados do séc. XIX (questão 09) são apresentados. De modo geral, a prova apresenta dificuldade média.
Enem 2021 – Prova de Geografia
Por Fábio Bacchiegga, professor de Geografia
A prova de Geografia apresentou muito mais textos do que imagens. Aguardávamos uma prova com uma pluralidade maior de recursos, como mapas, gráficos e tabelas. Porém, o Enem foi mais baseado em textos simples, que não traziam complexidade para o aluno. Mas, exigiam muita leitura. Os temas foram variados, com predominância da geografia econômica. Percebemos uma grande interdisciplinaridade com Sociologia, o que fez com que a prova fosse considerada como de nível médio e com características semelhantes a do Enem e outras distintas.
Enem 2021 – Redação
Por Vanessa Bottasso, professora de Redação
Foi um tema muito interessante e pertinente. A escolha da banca foi feliz por escolher um tema social extremamente relevante. Para o candidato da prova, cabia, em primeiro lugar, entender o que é a invisibilidade social. Entender a visibilidade social imposta como uma condição imposta àqueles sujeitos marginalizados. Então, corpos e identidades marginalizadas.
Nesse sentido, o texto 1 ajudava estrategicamente o candidato a entender como problematizar a condição da invisibilidade na questão do registro civil. O texto 1 trazia narrativamente algumas situações que podiam ser entidades como barreiras enfrentadas pelos cidadãos invisíveis para a oficialização do seu primeiro registro civil da sua documentação pessoal.
Então, o texto 1, pelo viés narrativo, permitia o candidato entender uma questão central, que foi suscitada no texto 2. O texto 2 diz que, não apenas pelo fato de não conseguir pagar pelo registro, mas também por outros motivos, muitos cidadãos brasileiros não conseguiram seus registros pessoais.
E, o texto 1 auxiliava na compreensão do: “o que será que acontece?”. Dificuldade de acesso ao local. Então, o deslocamento geográfico, territorial. A desinformação, ou seja, a falta de conhecimento acerca dos processos de caráter oficial, no que diz respeito a como eles ocorrem. E, principalmente, a própria identidade pessoal.
A própria subjetividade, em que é uma subjetividade em que o indivíduo se coloca como sendo secundário e irrelevante para esses registros de caráter oficial. Então, ele não considera isso importante para sua rotina e cotidiano, que ele oficialize qualquer um dos seus processos, seja ele o seu nascimento.
Para pensar em soluções, os textos 3 e 4 ajudavam bastante, mostrando que o tema é bastante relevante para todas as regiões brasileiras.