O vereador Gustavo Petta (PCdoB) protocolou um pedido de convocação do secretário municipal de Transportes, Fernando de Caires Barbosa, e do presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Vinícius Riverete, para prestar esclarecimentos sobre a licitação do transporte público em Campinas. A Emdec é a reponsável pelo gerenciamernto do transporte coletivo.
No pedido, Petta destaca que a convocação se justifica porque “a recente licitação do transporte público da cidade que realizou-se na última quarta feira, 20 de setembro de 2023, não teve nenhuma proposta apresentada”.
A licitação bilionária no setor foi declarada deserta. Até agora, a gestão Dário Saadi não definiu os próximos passos do imbróglio.
A convocação é urgente, segundo o vereador. Ele argumenta que a licitação é vital para a cidade de Campinas, “ocasionando comoção e questionamentos da sociedade civil em relação à forma de licitação, ao modelo proposto, aos custos envolvidos, bem como ao fato de não haver nenhuma proposta apresentada na referida licitação”.
Procurada, a Emdec informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre a iniciativa do vereador.
Petta também pede na convocação explicações sobre ações que estão sendo tomadas para contornar a situação da licitação.
O requerimento de convocação será votado na sessão ordinária dessa segunda-feira (25), que tem início às 18h.

Entenda o caso
Aguardada desde 2016, a licitação poderia finalmente ter um desfecho, acabando com uma “novela” que se arrasta na Justiça e nos gabinetes do poder. A Prefeitura realizou no Salão Azul, quarto andar do Paço Municipal, a sessão pública de abertura dos envelopes do processo. Porém, nenhum empresário, representante ou consórcio apresentou proposta.

Os responsáveis pela licitação estranharam o fato de nenhuma proposta ter sido feita. O Hora Campinas apurou junto a fontes do primeiro e segundo escalões do governo Dário Saadi (Repub) que o entendimento é que houve “boicote” das empresas. Estaria em jogo uma queda de braço com a Administração por divergências de pontos do edital.
Os representantes dos atuais concessionários do transporte público não se manifestaram. O Hora Campinas procurou o sindicato e a associação que representam o setor, mas não houve posicionamento.
Visão dos empresários
O Hora conversou, sob condição de anonimato, com um empresário com décadas de atuação na prestação de serviço do transporte coletivo campineiro. Ele afirmou que, da forma que está a licitação, ela é “impagável”, ou seja, a remuneração indicada pela Prefeitura não cobriria os gastos dos investidores, segundo a sua análise.
“Quem sabe fazer conta, sabe que esse modelo é impagável. Não dá para entrar numa aventura”, definiu. “O valor do capital social exigido é altíssimo. Seria um contrato de 15 anos, dos quais 11 anos você teria que investir”, acrescentou.
“Teríamos que começar a ter lucro somente no 12º ano de contrato, se tudo der certo. Ninguém seria louco de botar milhões. A conta não fecha. Por isso que ninguém se interessou”, afirmou a fonte.
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