Zé Carlos (PSB) vai renunciar ao cargo de presidente da Câmara de Campinas. O advogado do vereador, Ralph Tórtima Filho, confirmou a informação nesta sexta-feira (21). A decisão foi tomada após uma longa reunião entre os dois. Afastado temporariamente da presidência, Zé Carlos é investigado por suspeita de ser o pivô de um esquema de cobranças de propina junto a empresas que prestam serviços à Câmara.
Tórtima esclareceu nesta sexta-feira, em entrevista à Rádio CBN Campinas, que Zé Carlos seguirá exercendo seu mandato de vereador. Afirmou também que a decisão de renunciar à presidência da Câmara foi pessoal.
“Ele quer deixar os vereadores à vontade no processo de investigação e não permitir que haja alguma alegação de interferência da parte dele”, disse o advogado.
A investigação corre no Ministério Público há mais de um ano e agora também passou a ser assumida pela CPI, aberta na Câmara no início de outubro. As oitivas começarão na próxima quarta-feira (26).
O advogado reforçou a condição de inocente do seu cliente. “Ele está tranquilo e quer o aprofundamento na investigação de todos os contratos firmados na gestão dele para que todos tenham a convicção de que não há nenhuma irregularidade”.
Tórtima não acredita que a renúncia possa transparecer uma confissão de culpa. “Pelo contrário. A decisão aconteceu justamente para que não se alegue qualquer intervenção. Como presidente, ele até teria o poder de criar algum embaraço e isso não é seu desejo. Sua intenção é deixar os vereadores à vontade.”
Zé Carlos está à frente da Câmara há dois anos e acredita, segundo seu advogado, que cumpriu o seu papel. “Ele conseguiu fazer a devolução de mais de R$ 37 milhões à Prefeitura, além de ter alcançado uma economia na Câmara de mais de R$ 40 milhões com novos contratos.”
Trinta dias de licença
Pressionado, o vereador pelo PSB anunciou seu afastamento por 30 dias da presidência em 26 de setembro. A alegação era de que precisava cuidar da saúde e de sua defesa. Em 28 de outubro, uma sexta-feira e Dia do Servidor Público, termina o prazo da licença e ele reassume o comando da Casa no dia 31, quando manifestará a sua renúncia. Desde seu afastamento, a Câmara é presidida por Débora Palermo (PSC).
Buscas e áudios
As denúncias de corrupção envolvendo Zé Carlos vieram à tona em meados de agosto, quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou buscas na Câmara e em endereços ligados ao vereador.
Em setembro, o Ministério Público divulgou áudios que revelam conversas comprometedoras do parlamentar com empresário ligado à administração da TV Câmara em época de renovação de contrato. Aparentemente, o vereador pede dinheiro em troca da manutenção do vínculo nos áudios. O empresário é Celso Palma, diretor do Grupo Mais, que será ouvido pela CPI às 10h de quarta-feira (26).