Domingo, Dia das Bruxas, 31 de outubro de 1993. Há exatamente 30 anos, numa das datas mais tristes da história do cinema, morria o lendário diretor italiano Federico Fellini, aos 73 anos, vítima de ataque cardíaco, em Roma, na Itália.
Naquele mesmo dia, três décadas atrás, também partia o promissor ator norte-americano River Phoenix, morto de forma trágica e precoce, aos 23 anos, devido a uma overdose de drogas na saída da boate Viper Room, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele era o irmão mais velho de Joaquin Phoenix, hoje um dos atores mais aclamados de Hollywood, com quatro indicações ao Oscar e uma vitória pela atuação em “Coringa” (2019).
Por falar em Oscar, Fellini entende como ninguém desse negócio. Indicado 12 vezes e vencedor de cinco estatuetas da mais importante premiação do cinema mundial, sendo quatro na categoria de melhor filme estrangeiro e mais uma honorária pelo conjunto da obra, recebida seis meses antes de sua morte, Federico Fellini influenciou diversos cineastas e cativou uma legião de fãs ao redor do mundo. Um deles é o empresário campineiro José Ferreira Júnior, dono da tradicional cantina italiana Fellini, em Campinas.
Localizado no bairro nobre do Cambuí, no coração da cidade, o restaurante completou 35 anos de existência em 2023, funcionando sempre no mesmo ponto: Avenida Coronel Silva Telles, número 514. O local abriu as portas nesse endereço em 1988, quando o cineasta Federico Fellini ainda estava vivo e em atividade.
Ao longo de sua extraordinária carreira de quase meio século, o diretor e roteirista italiano Federico Fellini, conhecido como “Il Maestro”, produziu alguns dos melhores filmes de todos os tempos, especialmente entre as décadas de 1950 e 1970, como “A Estrada da Vida” (1954), “Noites de Cabíria” (1957), “Oito e Meio” (1963) e “Amarcord” (1973), que ganharam o Oscar internacional. O genial cineasta também foi responsável por outras verdadeiras obras-primas, como “Os Boas-Vidas” (1953) e “A Doce Vida” (1960), que levou a Palma de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Cannes, o maior festival de cinema do mundo.
“Sempre fui muito fã dos filmes de Fellini. Gosto bastante das abordagens e das críticas à sociedade de uma maneira complexa, até difícil de entender. Eu tinha que assistir várias vezes para descobrir as mensagens subliminares que ele nos passa”, descreve José Ferreira, grande entusiasta da obra de Federico Fellini e responsável pela ideia de homenagear o ídolo com o nome da cantina. “La vita é una combinazione di pasta e magia”, disse o mestre, certa vez. O aficionado campineiro captou a mensagem e transformou o sonho em realidade.
“Em 1988, eu e meu amigo Marco Antonio [Lobo de Campos] resolvemos montar um restaurante temático, algo que praticamente não existia naquela época. Quando decidimos optar pela culinária italiana, começamos a pensar em vários personagens da Itália, que tem uma profusão de grandes artistas. Sugeri o nome de Fellini e houve um estranhamento logo de cara, já que ele ainda estava vivo, mas eu disse que nosso ídolo não precisaria morrer para ser homenageado, então assim nasceu a Cantina Fellini”, lembra o proprietário.
“Desde a concepção, sempre pensamos na arte de Fellini. Nós contratamos um arquiteto paulistano [Rodrigo Rodrigues], que foi muito feliz em trazer para a arquitetura os elementos polêmicos dos filmes de Fellini. Ou você ama ou odeia”, afirma José Ferreira.
A inauguração da Cantina Fellini ocorreu numa sexta-feira, dia 10 de junho de 1988, e contou com a presença do grande radialista e locutor esportivo Osmar Santos, conhecido como “O Pai da Matéria”.
“Na época, o Osmar [Santos] já era nosso conhecido porque fazia comerciais para minha loja de material de construção [Casa Nova], então o convidei para a inauguração. Ele não só apareceu como colocou avental e chapéu de cozinheiro para passar nas mesas cumprimentando e conversando com as pessoas de uma maneira muito generosa e amorosa. Foi uma coisa espontânea que marcou muito a minha vida. É algo que não tem preço”, aponta José Ferreira, com bastante carinho.
Começo difícil e ponto de virada
“Quando abrimos o restaurante, não imaginávamos todo o sucesso que teria. Mas nem sempre foi assim. Nós sofremos muito e tivemos bastante dificuldade no primeiro ano, mas não desistimos”, comenta o dono da Cantina Fellini, sobre o início complicado do negócio, no fim dos anos 80.
“Certo dia, fomos abençoados com a visita de um chef paulistano chamado Irineu, que não queria mais morar em São Paulo e bateu à nossa porta para perguntar se estávamos precisando de cozinheiro. Meu irmão [Adalberto Ferreira] o atendeu e me ligou, então eu pedi para ele segurar esse homem. O Seu Irineu foi um divisor de águas, pois dali pra frente a casa virou um sucesso”, celebra José Ferreira.
É de Irineu, por exemplo, a receita de um dos pratos clássicos e mais pedidos da Cantina Fellini: o “Gnocchi alla Carolina”. Diante do sucesso imediato e absoluto entre os clientes, outros restaurantes de Campinas copiaram a receita e se apropriaram até mesmo do nome, uma homenagem à filha do chef.
A partir da década de 1990, mesmo sem qualquer pretensão neste sentido, a Cantina Fellini passou a atrair dezenas de personalidades do mundo artístico e da comunicação, dentre outras áreas de destaque da sociedade.
Clientes ilustres
Ainda no começo, logo no segundo ano de existência, o restaurante recebeu ninguém menos que o comediante Chico Anysio, um dos maiores nomes da história da televisão brasileira. A visita ocorreu num sábado, dia 11 de agosto de 1990, exatamente uma semana após a estreia do programa “A Escolinha do Professor Raimundo”, grande sucesso da Rede Globo, como atração independente na programação da emissora.
“O Chico Anysio apareceu junto com o Lug de Paula, filho dele, que fazia o Seu Boneco. Essa visita se deu através do nosso amigo Oliveira Andrade, que naquela época narrava futebol na Globo. O Chico veio comentar um jogo aqui em Campinas e também fez um show no Teatro Castro Mendes”, relata José Ferreira.
Naquele fim de semana, além de realizar um espetáculo de comédia no Teatro Castro Mendes, Chico Anysio participou da transmissão da partida entre Guarani e Palmeiras, no estádio Brinco de Ouro da Princesa, pelo Campeonato Paulista.
“O Chico ficou apaixonado pela nossa comida e acabou ficando nosso amigo. Durante o jantar, ele me convidou para ir no show dele e ainda se ofereceu para gravar um comercial da minha loja de material de construção [Casa Nova] como um presente para mim. Ganhamos até prêmio”, lembra o administrador.
Recentemente, outro filho de Chico Anysio também conheceu a Cantina Fellini. Em 2019, Bruno Mazzeo visitou o restaurante ao lado de outros famosos comediantes da televisão, entre eles Lúcio Mauro Filho, cujo pai interpretou o personagem Aldemar Vigário na versão original da “Escolinha do Professor Raimundo”. Curiosamente, Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho viveram os papéis de seus pais no remake do programa há alguns anos.
A história da Cantina Fellini também é recheada de episódios memoráveis com personagens importantes da música brasileira, entre eles o cantor Chico Buarque, um dos maiores nomes da MPB, além de outros como Toquinho, Elba Ramalho, Almir Sater, Lenine e Flávio Venturini.
Houve até mesmo a visita de um músico internacional: o maestro norte-americano Ray Conniff, que marcou presença no restaurante no dia 9 de maio de 1996, durante uma de suas passagens pelo Brasil.
Em 2006, Chico Buarque adorou o restaurante e resolveu até retornar, mas deu com a cara na porta. “Ele gostou tanto que resolveu voltar no dia seguinte, mas o show dele na Unicamp terminou muito tarde e a casa já estava fechada. Ele bateu na porta, os meninos atenderam, mas o cozinheiro já tinha ido embora, então a gente não pôde atendê-lo pela segunda vez. Se soubéssemos que ele viria, a gente teria esperado, mas infelizmente era tarde demais”, lamenta José Ferreira.
Também não faltam passagens marcantes envolvendo atores consagrados do teatro, da televisão e do cinema, entre eles Raul Cortez, Laura Cardoso, Marília Pêra, Zezé Polessa, Marco Nanini, Regina Casé, Pedro Cardoso, Débora Falabella e Selton Mello.
Esse último, por sinal, escreveu, dirigiu e protagonizou o longa-metragem “O Palhaço” (2011), com temática circense e inspiração felliniana, escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013. Não chegou a ser indicado ao prêmio.
Unidos pela Palma de Ouro
Entre todos os figurões que já passaram pela Cantina Fellini, um deles chegou a conhecer Federico Fellini e inclusive virou amigo do célebre diretor italiano. Trata-se do cineasta Anselmo Duarte, o único brasileiro da história a ganhar a Palma de Ouro, o prêmio de maior prestígio do tradicional Festival de Cannes, na França. Numa visita a Campinas, ele aproveitou para prestigiar o Fellini no dia 18 de maio de 1995.
Natural de Salto, no interior de São Paulo, Anselmo Duarte nasceu no dia 21 de abril de 1920, mesmo ano em que Federico Fellini veio ao mundo, três meses antes, no dia 20 de janeiro de 1920. Contemporâneos, os dois faturaram a Palma de Ouro em um intervalo de apenas dois anos, no início dos anos 60. Fellini venceu em 1960, por “A Doce Vida”, enquanto Duarte foi laureado em 1962, pelo filme “O Pagador de Promessas”, que também concorreu ao Oscar. Foi a primeira produção sul-americana a ser indicada ao prêmio de melhor filme estrangeiro.
“Quem me deu uma rara demonstração de grandeza foi Federico Fellini. Ele foi o único concorrente que me cumprimentou pela vitória. Já admirava Fellini como artista. Passei a admirá-lo também como homem. Na saída do Palais, depois de me abraçar, ele perguntou se eu havia achado difícil a disputa com todos aqueles mestres. Disse que não e ele me respondeu, naquele jeito expansivo que o caracterizava: ‘Bravo! O difícil será ganhar pela segunda vez. Prepare-se, porque você será tão malhado, a partir de agora, que parecerá estar regredindo, em tudo o que fizer’. Fellini nunca soube quanto foi profético”, revela Anselmo Duarte, no livro “O Homem da Palma de Ouro”, do jornalista e crítico de cinema Luiz Carlos Merten.
“Voltei a encontrá-lo no estúdio em que ele filmava Roma de Fellini, em 1972. Estava na Itália, resolvi visitar Cinecittà. E aí fui levado ao célebre estúdio número 5, que era o dele. Fellini interrompeu a cena que filmava e me apresentou à equipe. Disse que eu era o homem que havia vencido os maiores diretores da Itália. Na verdade, fez o gesto para dizer que eu havia fodido com todos. Depois, me convidou para jantar. Tinha aquela generosidade dos maiores, que não temem a concorrência e não precisam diminuir ninguém para ficar no pedestal deles’, conclui Anselmo Duarte, que faleceu no dia 7 de novembro de 2009, aos 89 anos, em São Paulo, vítima de complicações decorrentes de um AVC.
Adequação aos novos tempos
Em 2008, ano em que se celebrava o aniversário de 20 anos de vida do restaurante, a Cantina Fellini passou por uma ampla reestruturação, diante da necessidade de readequação de algumas áreas. Na ocasião, houve uma grande reforma na cozinha e a construção de uma adega climatizada para 900 garrafas, além de um charmoso gazebo no jardim da casa.
Com o advento da enogastronomia e de uma clientela cada vez mais exigente e consciente, incorporou-se à equipe um especialista em vinhos. A figura do sommelier, associada a uma carta ampliada e otimizada, conduziram a natural vocação da casa para o atual estágio: “Cantina Fellini – Ristorante e Vino”. Como já diria Federico Fellini: “Um bom vinho é como um bom filme: dura um momento e te deixa na boca um gosto de glória”.
Dentro desta nova era, a tradição de receber artistas famosos continuou e perdura até hoje. No ano passado, a jovem apresentadora Maísa deu as caras. Da última década pra cá, a lista de visitantes ilustres também conta com o comediante Fábio Porchat, que inclusive retorna a Campinas neste próximo domingo (5), quando apresentará o seu novo espetáculo “Histórias do Porchat” em três sessões no Teatro Oficina do Estudante, do Shopping Iguatemi. Será que ele vai resolver aparecer de novo no Fellini?
No meio de tantos artistas ilustres, a cantora campineira Sandy é quem possui relação mais especial com a Cantina Fellini. Frequentadora de longa data do restaurante, assim como os outros conhecidos integrantes de sua família, leia-se o pai Xororó, o tio Chitãozinho e o irmão Júnior, ela ganhou uma festa surpresa organizada pelo quadro “Busão da Sabrina”, do antigo “Programa da Sabrina”, da Record TV, na época de seu aniversário de 34 anos, em 2017. A comemoração contou com a presença de amigos e familiares de Sandy.
Todos esses momentos inesquecíveis estão eternizados nas paredes brancas do restaurante, através de assinaturas e fotografias enquadradas que servem de decoração para os ambientes da casa. Se Hollywood possui a Calçada da Fama, a Cantina Fellini ostenta a “Parede da Fama”. Também há fotografias e assinaturas de outros campineiros ilustres, como o ex-jogador de vôlei Maurício Lima, bicampeão olímpico com a Seleção Brasileira, e o saudoso locutor esportivo Luciano do Valle.
“Muitos artistas famosos e consagrados já vieram aqui, sempre espontaneamente e deixando suas marcas nas paredes. Nunca houve nenhuma contratação ou negociação da nossa parte. Graças a Deus, fomos abençoados com uma casa de 35 anos de muito sucesso”, celebra José Ferreira Júnior, dono da Cantina Fellini.
Além de fotos e autógrafos, diversas ilustrações compõem o invejável mosaico da Cantina Fellini, como um desenho do “Menino Maluquinho” feito pelo seu próprio criador Ziraldo, em 1996, e caricaturas de Federico Fellini desenhadas pelas mãos do premiado cartunista campineiro Dalcio Machado. Tudo isso em meio a imagens e pôsteres de filmes do cineasta italiano, que também atuava como chargista.
Da arquitetura à decoração, a Cantina Fellini traz uma imensidão de referências a Federico Fellini. Pratos presentes no cardápio também prestam uma homenagem à vida e obra do glorioso cineasta italiano. O Filetto Rimini, por exemplo, é uma alusão à terra natal dele: a pequena cidade de Rimini, às margens do Mar Adriático.
“É em Rimini que se passa a história do autobiográfico ‘Os Boas-Vidas’ (1953), filme que narra a história de quatro amigos numa cidadezinha do interior. O personagem Moraldo, assim como Fellini, deixa a cidade aos 17 anos para viver em Roma”, conta o jornalista João Nunes, na reportagem “Para sempre Fellini”, publicada no jornal Correio Popular, na época do aniversário de 10 anos da morte de Federico Fellini, em 2003.
João Nunes prossegue sobre o início da trajetória do cineasta, já na capital italiana: “Fellini colaborou no roteiro do clássico ‘Roma, Cidade Aberta’, que deu origem ao neorrealismo, e estreou na direção em parceria com Alberto Lattuada em ‘Mulheres e Luzes’, estrelado por Giulietta Masina. Com ela, faria seus maiores sucessos dos anos de 1950, ‘A Estrada da Vida’ e ‘Noites de Cabíria'”.
“Ao longo da carreira, [Fellini] cercou-se de grandes nomes que deram suporte ao seu trabalho, como a atriz Giulietta Masina, o ator Marcello Mastroianni, o músico Nino Rota e o roteirista Tonino Guerra”, elenca João Nunes, na reportagem do Correio Popular.
O Scallope alla Dolce Vita é outra opção de pedido para quem gosta de carne acompanhada de massa. “Em 1960 [Fellini] se consagrou em Cannes com ‘A Doce Vida’, uma de suas obras-primas, ao levar a Palma de Ouro. Ao receber o prêmio exclamou: ‘Viva o Cinema’ – expressão que fez parte do pôster oficial do festival. Fellini viveu para o cinema; seu lugar confesso sempre foi o set. Além de ter virado adjetivo – felliniano -, o diretor imortalizou a expressão paparazzo, alusão ao fotógrafo Paparazzo (Walter Santesso), que no filme é amigo de Rubini (Marcello Mastroianni) e descrito por Fellini como ‘abutre, com sua lente na mão sempre correndo atrás de pessoas famosas”, acrescenta João Nunes.
“Três anos depois, em 1963, [Fellini] realizou um dos trabalhos mais perfeitos, o clássico ‘Oito e Meio’, sobre o dilema de um diretor às vésperas da realização de um filme. Em 1974, fez seu trabalho mais popular, ‘Amarcord’, e irritado com o domínio da televisão sobre a vida das pessoas, atacou o veículo em ‘Ginger e Fred'”, discorre João Nunes, na reportagem de 20 anos atrás. Pois a Cantina Fellini também oferece o Fettuccine Ginger & Fred.
O Garganelli alla Nino Rota, por sua vez, homenageia o compositor italiano Nino Rota, parceiro recorrente de Federico Fellini. Nos anos 70, Nino Rota foi o responsável pela marcante trilha sonora dos dois primeiros filmes da aclamada trilogia “O Poderoso Chefão”, do diretor Francis Ford Coppola.
“Não existe fim, não existe início, apenas a infinita paixão da vida”, proclamou Federico Fellini, em uma de suas frases mais famosas.
Já o Fettuccine Intervista faz referência ao filme “Intervista”, o penúltimo da carreira de Federico Fellini, lançado em 1987. A despedida das câmeras se deu com “A Voz da Lua”, de 1990, com Roberto Benigni, que alguns anos mais tarde se tornaria o único italiano da história a venceu o Oscar de melhor ator, pela atuação no filme “A Vida é Bela”, de 1998.
Federico Fellini faleceu em 31 de outubro de 1993, apenas um dia depois de comemorar o aniversário de 50 anos de casamento com a atriz Giulietta Masina. “Morreu, mas sua excepcional obra está aí para mostrar que um dos gênios do século 20 continua vivo”, decreta João Nunes.
Confira abaixo a entrevista completa com o empresário José Ferreira Júnior, dono da Cantina Fellini, em Campinas:
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