Protestos envolvendo grupos ligados à Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) impediram a realização da 4ª edição da Feira das Universidades Israelenses, que deveria ocorrer nesta segunda-feira (3), na Unicamp. O anúncio da feira destinada a abrir conexões entre estudantes brasileiros com universidades israelenses já tinha colocado a Unicamp no fogo cruzado de um conflito internacional que dura milênios. Nesta segunda, o evento foi cancelado. Em nota, a Federação Israelita do Estado de São Paulo criticou o que considerou ser “ação marginal dos manifestantes”.
A Federação Israelita, em seu comunicado, disse que “as imagens de manifestantes acuando e hostilizando os representantes das universidades israelenses são repugnantes e precisam ser investigadas. A Unicamp é um espaço democrático que, inclusive, mantém seis convênios com universidades israelenses, sempre trabalhando no sentido de fazer a cooperação mútua entre os dois países”. Representantes dos grupos ligados à defesa dos palestinos negaram ter havido qualquer ato de violência.
“A violência é a marca principal de algumas das manifestações pró-Palestina pelo mundo, aqui no Brasil não podemos admitir que isso aconteça”, afirmou a Federação Israelita.
Inimigos históricos dos israelenses, palestinos se manifestaram contrários à realização do evento. Um abaixo-assinado circulou na internet para o cancelamento da feira e o caso chegou à Fepal, segundo o coletivo Anura, que reúne identidades asiáticas da Unicamp. O coletivo publicou em seu Instagram que a Fepal enviou uma carta ao reitor Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé.
“Como citado na carta, essas universidades israelenses estão ligadas a ações que auxiliam diretamente a ocupação ilegal de território palestino, bem como na legitimação da violência contra seu povo”, acusa o coletivo, que continua. “Por isso, a Unicamp deve tomar uma posição e mostrar se apoia um regime segregacionista, colonialista, racista e violento ou se realmente defende os direitos humanos e vai contra os crimes de lesa-humanidade que Israel pratica em território palestino.”
Também por meio de comunicado, a reitoria da Unicamp se manifestou a respeito dos protestos e do cancelamento da feira. Veja o que diz a nota:
“A Reitoria da Unicamp informa que a Feira de Universidades Israelenses não pôde ser realizada por força de manifestações contrárias à sua ocorrência. A saída, com segurança, da equipe promotora do evento ocorreu após negociações com os representantes da manifestação. A Unicamp ressalta que o direito à livre manifestação será garantido desde que essas sejam realizadas de forma pacífica e desde que não haja o impedimento de atividades acadêmicas devidamente autorizadas pelas instâncias decisórias da Universidade.”
Em sua página no Instagram, a Fepal compartilhou o cancelamento da feira e agradeceu aos grupos e coletivos que participaram do ato unificado no início da tarde desta segunda-feira.
O evento reuniria, na área da Comvest (Comissão Organizadora dos Vestibulares), representantes das Universidades de excelência de Israel, entre elas: Universidade Bar Ilan, Universidade de Haifa, Universidade Hebraica de Jerusalém, Universidade de Tel Aviv e Technion – Israel Institute of Technology.