O 4º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana abre a sua programação ao público nesta sexta-feira (22) com o show Quintal do Samba de Dandara, com Samba de Dandara às 20h na Sala dos Toninhos, em Campinas. A entrada é gratuita, com contribuição voluntária no chapéu. Fundada em 2012, Samba de Dandara tem como referência o protagonismo e resistência feminina e negra, a ancestralidade. O show passeia por ritmos afro-brasileiros, sobretudo o samba em suas diversas vertentes, empoderando e exaltando as mulheres sambistas.
Durante nove dias, diferentes espaços culturais de Campinas serão ocupados por espetáculos de música, dança, circo, teatro, além de eventos que integram literatura, artes visuais e audiovisual e, também, oficinas e atividades de reflexão e debate sobre gestão cultural – a maior parte delas com entrada gratuita.
Segundo a Caju Cultura, coletivo de produtoras que organiza o festival, a cada edição o festival vem crescendo e ampliando o seu público. No total serão 64 horas de programação em Campinas,16 eventos artísticos, 9 atividades de formação e troca de aprendizagens, 45 profissionais da cultura envolvidos diretamente na produção, com uma programação ampla, diversa e descentralizada em 11 espaços da cidade. Esta edição conta com artistas de 5 países da América Larina Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México) e 5 estados brasileiros (SP, MG, CE, PA e BA).
Novidades da 4ª edição
O 4 º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana apresenta três novidades que se conectam com o tema território e espaço. Pela primeira vez, o festival traz atrações internacionais, de outros países da América Latina. A vinda de artistas e produtoras da Argentina, Chile, México, Colômbia ao Brasil é fruto das interações e participação das produtoras da Caju Cultura na Red Internacional de Mujeres por la Cultura (Rede Internacional de Mulheres pela Cultura). Durante o festival, elas conduzirão o FeMinas – Encuentro Latinoamericano de Gestoras Culturales nos dias 23 e 24 de agosto, das 9h às 13h, na Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst..
“Esta atividade visa ampliar vozes e práticas de mulheres na mediação sociocultural, questionando saberes e fazeres em busca de horizontes mais coletivos. Um espaço para compartilhar experiências, dar visibilidade a experiências e criações e reforçar o papel fundamental das mulheres no desenvolvimento cultural da América Latina.”, explica Júlia Coterno, coordenadora de Comunicação do festival.
Outro destaque da programação relacionada ao território, é a residência artística que reúne artistas mulheres, sendo cinco de Campinas e cinco de Peruíbe, que pela primeira vez estarão reunidas para realizar uma criação artística coletiva, produzida durante o Festival e apresentada no dia 29 de agosto às 20h no CIS Guanabara. Depois, esta produção será apre sentada em Peruíbe, durante a programação do Festival que será realizado no dia 6 de setembro na aldeia indígena Piaçaguera. “São trocas e criações que irão alimentar e fortalecer a cena cultural de duas regiões do interior e litoral paulista.”, explica a Caju Cultura. Sob direção de Kara Catharina, integram a Mostra Residência as artistas residentes: Cunhã Kariri, Fabi Nascimento, Giovanna Luiza, Graziele Garbuio, Noelly Castro, Patrícia Santiago, Poty Porã, Vulcanica Pokaropa, Yandara Pimentel e Zênite Astra.
As organizadoras também celebram nesta edição a parceria com a Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst que realizará a primeira edição da Feira Literária Hilstianas nos dias 23 e 24. Esta atividade, que marca a reabertura da Casa do Sol após seu restauro, tem a curadoria convidada da Caju Cultura e reúne importantes editoras, música, teatro, gastronomia, aula aberta e outras atividades do 4 º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana que ocuparão todos os espaços da antiga casa da poeta.
No sábado, 23, às 15h a programação contará com a mesa de conversa Segredos do Restauro da Casa do Sol, que será sobre os bastidores do minucioso restauro da Casa do Sol, com Mariana Falqueiro (Tapera Arquitetura), Daniel Fuentes (Instituto Hilda Hilst) e Olga Bilenky (artista plástica e moradora da Casa desde os anos 1970).O encontro articula memória, arquitetura e afeto em torno da história viva da Casa fundada por Hilda Hilst. Esta atividade conta com interpretação em Libras.
A partir das 20h, o grupo Diladim convida o público a cair no funk com a apresentação No Baile. O espaço cênico se transforma em pulsação e movimento. Tendo funk como movimento inspirador para gerar caminhos criativos, essa intervenção atravessa corpos e tempos, fundindo dança e som em um jogo vivo de trocas e ritmos. Entre gestos ágeis e intensos, quem assiste é envolvido na energia que se espalha sem limites, desfazendo fronteiras entre quem dança e quem aprecia.
No domingo, 24, o Festival traz para a feira literária Hilstianas a aula aberta Leituras Transviadas do Caderno Rosa, que será conduzida pela escritora Amara Moira no domingo (24/08) às 15h. Ela propõe uma leitura “transviada” do Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst, entrecruzando a obra com memórias e escritos autobiográficos de pessoas trans sobre infância e sexualidade. Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora dos livros “E se eu fosse puta” (n-1 edições, 2023) e “Neca: romance em bajubá” (Companhia das Letras, 2024). Esta aula aberta é indicada para pessoas acima de 16 anos e contará com interpretação em Libras.
Depois da aula aberta, às 17h, o público pode conferir a intervenção Um café, uma história, com Joaquina Carlos. Sentada em um banco da praça está a boneca Maria Alvina, figura fictícia que diz ser remanescente do massacre do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, comunidade liderada pelo Beato José Lourenço que foi brutalmente destruída no ano de 1936. Essa velhinha de aproximadamente cem anos apresenta suas memórias narradas para os transeuntes, oferece café com rapadura e, enquanto degustam, busca o equilíbrio do doce da sua vida que pouco lhe resta.
Fechando a programação do domingo na Casa do Sol, às 18h, o público pode conferir o show de voz e violão Nací Cantando – encuentro de Naná Lewi con Bruno Cabral. Desde pequena, a cantora Naná teve que buscar sua identidade – e a música foi sua bússola. Neste show, ela convida o público a conhecer sua trajetória através das canções que a marcaram, acompanharam e moldaram a artista que é hoje. Ao lado de Bruno Cabral (violão), em um encontro ao som de tangos e milongas, buscam entrelaçar diferenças para criar uma identidade conjunta, revelando o vínculo profundo entre Brasil e Argentina. A entrada é gratuita.
Mais parcerias
Seguindo o princípio de fortalecimento de redes, ampliação e compartilhamento de público, o 4 º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana integrou à sua programação dois eventos realizados regularmente em Campinas. A Estação da Rima é um coletivo social e educativo que usa o Hip Hop como forma de educação social por meio de encontros semanais. É o primeiro coletivo de Batalhas de Rima da região, organizado 100% por mulheres. No dia 25, a partir das 19h, na Sala dos Toninhos, será realizada a edição especial da Batalha organizada pelas integrantes do Festival CRIE como quem LUTA e também um mini show de mulheres no Hip Hop.
Para o público interessado na linguagem do audiovisual, o 4 º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana recebe o evento de lançamento da programação 15ª Mostra Curta no dia 28, às 19h30, na Casa de Cultura Fazenda Roseira.
Nesta parceria com o Festival CRIE como quem LUTA, a 15ª Mostra Curta apresenta uma sessão especial composta por curtas-metragens exibidos na última edição da Mostra, em 2024. A seleção destaca obras dirigidas majoritariamente por mulheres e em sintonia com as temáticas propostas pelo Festival em sua nova edição.
Ainda no mesmo dia (28), na Casa de Cultura Fazenda Roseira, serão realizadas outras programações, como por exemplo, a oficina Vivência em Jongo, das 16h às 18h, com Comunidade Jongo Dito Ribeiro. O público poderá experimentar esta manifestação cultural afro-brasileira, reconhecida como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN. E às 19h será realizada a intervenção em dança Mokâ. Este solo de Silvia Kamyla (PA) instiga o público a refletir sobre a aliança que precisamos ter com nós mesmos para mantermos firmes nossos propósitos e objetivos, defender quem somos e nossas necessidades.
O eixo formativo do 4º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana oferece ao público oficinas gratuitas. As inscrições devem ser efetuadas pelo site da Caju Cultura.
SERVIÇO:
4º Festival CRIE como quem LUTA – edição latinoamericana
22 a 30 de agosto em Campinas
Espetáculos e atrações de diversas linguagens artísticas, oficinas e feira literária em espaços culturais da cidade
Confira endereços e a programação completa em https://www.cajucultura.art.br/programacao
