O protesto dos caminhoneiros, que desde ontem (8) bloqueiam rodovias em diversas cidades do País, já traz consequências para o dia a dia da população. Moradores de Campinas e cidades da região, desde as primeiras horas do dia, fazem uma verdadeira corrida aos postos de combustíveis, com medo de um possível desabastecimento causado pelos protestos. O Sindicato dos Postos de Combustíveis de Campinas e Região (Recap) garante que o abastecimento já foi normalizado e que não há motivo para pânico.
Em Campinas, o posto Andorinhas, na esquina da Avenida José de Souza Campos (Norte/Sul) com a Orosimbo Maia, o Boulevard, na Avenida Lix da Cunha, ambos da Rede Monteiro, viram crescimento na busca. “Aumentou muito, nem sei dizer em porcentagem. Desde ontem à noite o pessoal está vindo, todo mundo comenta que está com medo da greve dos caminhoneiros, de faltar combustível e veio encher o tanque. A fila está enorme, está lá na Orosimbo Maia”, explica Sueli Pires, gerente da rede, que garante que não houve aumento dos preços.
O jornalista Ivan Fontana, 59 anos, encarou quase uma hora de fila no posto de combustível e descreveu que a corrida por combustível se repete em cidades da RMC. “É por precaução, não sabemos como ficará a situação. Passei por outros postos e estive em cidades da região, como Sumaré, e a situação de longas filas é a mesma que a daqui de Campinas”, afirmou.
Relatos
Marcos Oliveira, de 49 anos, motorista de aplicativo está há cerca de uma hora na fila de um posto na região do Covabra. Apesar de ter um posto ao lado de casa, na Vila Pompeia, ele escolheu outro, na Vila Padre Manoel da Nóbrega, por conta do aumento do preço.
“No meu bairro era um dos mais baratos, mas do dia para a noite o etanol subiu de R$ 4,41 para R$ 4,99. Eu tenho de enfrentar essa correria por causa da insegurança do preço. Não sei se de noite vai estar o mesmo preço ou se ainda vai ter”, reclama.
Os mesmos relatos de filas enormes em postos de combustíveis acontecem em Americana, Nova Odessa, Valinhos, Hortolândia, Jundiaí, entre outras cidades.
A comissária de bordo, Lêslia Damares, de 36 anos, de Hortolândia, viaja para vários estados no mesmo dia e também percebe a situação. “Cheguei em Vitória, no Espírito Santo, por volta da meia-noite. Tinha muita fila em vários postos. Conversei com algumas pessoas e todo mundo está com medo do desabastecimento”, conta.
Já circula em rodas de conversa e em aplicativos de comunicação que já tem gente iniciando corrida aos supermercados, também com medo de faltar alimentos e de os preços subirem.
A instabilidade é uma das consequências derivadas dos atos antidemocráticos de 7 de setembro, capitaneados pelo presidente Jair Bolsonaro e suas falas golpistas e ameaçadoras. Na esteira das manifestações, que transcorreram em clima de paz, pelo menos nas ruas, caminhoneiros decidiram fechar estradas no Brasil, em apoio a Bolsonaro e em defesa da destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Não há coesão no movimento dos caminheiros. Há um racha entre eles. Uma das lideranças é Zé Trovão, foragido da Justiça.
Recap
O Sindicato dos Postos de Combustíveis de Campinas e Região (Recap) alega que “já houve a normalização do carregamento de caminhões de combustíveis na Refinaria de Paulínia”. E que “diante da dispersão do movimento, a expectativa é que não haja desabastecimento nos postos, tratando-se de uma mobilização pontual.” O Recap reiterou ainda que não há “motivo de pânico”, reforçando que ninguém “precisa correr aos postos”.