Ainda temos um longo caminho para percorrer na educação, mas li com alegria e contentamento o editorial do jornal O Estado de São Paulo, do dia 28 de dezembro, com o título: “Apesar de Tudo, a Educação Avançou.” O texto é baseado no estudo ‘Fim de Uma Era, Desafios Para a Atuação Federal na Educação Básica’, no qual o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traçou os últimos 30 anos de evolução, insuficiências e desafios das políticas educacionais.
Resolvi, então, mergulhar no tema e conhecer mais detalhes desse estudo, pois foi acreditando no poder transformador da educação que nasceu a Fundação Educar DPaschoal em 1989, ano seguinte à promulgação da Constituição Cidadã, que consolidou muitos direitos fundamentais pela primeira vez na história brasileira. Entre eles, os direitos da infância e juventude, sedimentados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, que colocou o Brasil na vanguarda da adoção da Doutrina da Proteção Integral. Desde então, seguimos acompanhando os passos que a educação brasileira tem dado e os desafios enfrentados.
Voltando ao passado, antes de falar do presente e vislumbrar um futuro melhor, em 1989, o Brasil era um país recém-saído da ditadura militar e contava com os piores indicadores educacionais da América Latina.
Segundo consta no estudo do Ipea, uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE) de 1989 dava conta de que, à época, a média de anos de estudo da população brasileira entre 25 e 65 anos era de 5,1 anos. Os números equivalentes para Chile, Paraguai e Peru eram de 8,9, 8,8 e 8,2 anos. De cada cem jovens brasileiros em idade de cursar o secundário, apenas 17,4 o faziam, e entre os jovens argentinos e mexicanos, por exemplo, as taxas de matrícula líquida no secundário eram de 95% e 83%, respectivamente. Nesse período, o Brasil apresentava, de longe, os piores indicadores educacionais entre países semelhantes na América Latina.
Atualmente, no Brasil, a taxa de término do primário é superior a 80%, quando em 1989 era de 33%. Houve também ganhos significativos no aprendizado dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Mas nem tudo são flores, e o estudo aponta que os ganhos em termos de aprendizado para os anos finais do Ensino Fundamental, entretanto, foram medíocres, e, pior, inexistentes no caso do Ensino Médio. A grande maioria dos jovens termina a educação básica sem dominar as competências mínimas necessárias para empregabilidade ou até convivência social.
Em 2006, criamos o Todos Pela Educação, uma organização da sociedade civil com um único objetivo: mudar para valer a qualidade da Educação Básica no Brasil. Sem fins lucrativos, não governamental e sem ligação com partidos políticos, o Todos Pela Educação é financiado por recursos privados, não recebendo nenhum tipo de verba pública.
Afinal, um País só é verdadeiramente independente com Educação de qualidade para todos.
Sabemos que a melhoria da educação não acontece de uma hora para a outra. Uma pergunta que me inquieta sempre é “o que queremos deixar para as próximas gerações?” Precisamos começar a construir agora! Acredito que devemos construir o futuro que desejamos já, e daqui 5 ou 10 anos começam as colheitas e os resultados poderão ser animadores.
Olhando para esse estudo e suas conclusões vejo que podemos e devemos fazer mais pela educação e quem sabe um novo estudo no futuro aponte avanços significativos para as nossas queixas atuais.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social