Por Eduardo Gregori
Especial de Lisboa
Unidos na compra de vacinas contra a Covid-19 e em muitas medidas na contenção do avanço da pandemia causada pelo novo coronavírus, os países do bloco europeu preferiram adotar diferentes posições durante o feriado da Páscoa. Portugal, que iniciou a primeira fase do desconfinamento no dia 15 de março, focou-se principalmente na contenção da mobilidade da população. Desde a última sexta-feira (26) não é permitido sair do município de residência sem uma justificativa, como trabalho ou ajuda a doentes. Além disso, bares e restaurantes mantêm-se fechados e só podem atender por delivery ou recolha no balcão. Lojas que não comercializam produtos considerados essenciais e cafés só podem vender através de um balcão colocado na entrada do estabelecimento, impedindo o acesso de clientes. Estas medidas serão mantidas até o próximo dia 5.
Alemanha
A Alemanha, que havia anunciado um plano de confinamento para a Páscoa, voltou atrás. A medida deveria durar cinco dias, mas com a insatisfação da população com a iminência de um novo confinamento e com a popularidade abalada, Angela Merkel desistiu do plano e pediu publicamente desculpas. Em seu mea culpa a chanceler disse que a ideia de restringir novamente a população dentro de casa seria um erro. Com o anúncio, vários alemães já voaram para a Espanha, principalmente para as Ilhas Baleares, destino apontado como a nova Meca do Verão Europeu, uma vez que o Algarve, no sul de Portugal e principal destino de Verão na Europa Ocidental, ainda está fechado para o turismo.
Itália
Assim como Portugal, a Itália vai reconfinar a população pelo menos até o dia 5 de abril. E as restrições durante o final de semana da Páscoa serão ainda mais apertadas, quando a população só poderá deixar suas casas para trabalhar ou por motivo de saúde. Bares e restaurantes permanecerão fechados e só poderão atender ao público através de delivery ou recolha no balcão.
Espanha
Um dos países mais afetados pela pandemia, a Espanha decidiu por um misto de medidas durante o feriado. Enquanto quase todo o país, menos Madri, decidiu pelo confinamento, turistas do bloco europeu poderão desembarcar no país para fazer turismo. O plano polêmico que prende os espanhóis mas permite o trânsito de estrangeiros mereceu um alerta da Comissão Europeia que pediu ao governo espanhol uma maior coerência acerca das restrições para conter a pandemia e, principalmente nas viagens não essenciais.
França
Com os casos de Covid-19 a crescer novamente na França, o país manteve o recolher obrigatório das 19h até às 5h. Entretanto, permitirá cultos religiosos desde que seja mantido distanciamento de pelo menos uma cadeira entre fiéis de famílias diferentes ou entre os que estiverem sozinhos. Serão permitidas também reuniões familiares desde que fiquem restritas a membros da família, ficando proibidos amigos, vizinhos e conhecidos.
Em plena terceira onda da Covid-19, a Europa registrou até o momento quase 39 milhões de infecções pelo novo coronavírus e mais de 1 milhão de mortes.
AstraZeneca vira pivô da discórdia
Com a vacinação atrasada pelo descumprimento no prazo de entrega de imunizantes, o bloco articula proibir que AstraZeneca exporte vacinas para países fora da União Europeia (UE) até que seja restabelecido o cronograma de entregas. A ameaça causou mal-estar entre Reino Unido e UE. De um lado os britânicos defendem terem sido os primeiros a firmar contrato com o laboratório e, por isso, terem prioridade na entrega. Do outro, a UE defende que vacinas produzidas em laboratórios dentro do bloco não podem ter como prioridade países terceiros, como passou a ser considerado o Reino Unido ao deixar a UE com Brexit.