Reta final da campanha política, e a pergunta “quem será o próximo governador de São Paulo?” ainda não tem resposta. Nos últimos 28 anos, o PSDB governou São Paulo. Durante esse período, o PSDB nunca ficou de fora do segundo turno. Nesses anos, o partido nunca chegou nesse momento em terceiro lugar nas pesquisas.
O que será que vai acontecer? Será que o Palácio dos Bandeirantes terá um outro inquilino em janeiro?
Para tentar responder essas perguntas, o CEO da FM2S Educação e Consultoria, Virgilio Marques dos Santos, foi às pesquisas. Segundo ele, entretanto, até nelas há incertezas. Rodrigo Garcia e Tarcísio de Freitas estão tecnicamente empatados, com Rodrigo tendo crescido mais forte nas últimas semanas. Conclusão: mesmo com as pesquisas, ainda não dá para arriscar um palpite. “O que nos sobra? Google Trends, essa ferramenta do Google que mostra como estão as tendências de busca dos candidatos na plataforma”, pontua o analista, que é doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Vale ressaltar que informações que o Google Trends nos proporciona não são um registro de intenção de voto, mas um indício de como está o interesse da população com acesso à ferramenta”, avisa.
Nesta terça-feira, a Globo promoveu o debate com os candidatos ao governo de SP. Fernando Haddad, Tarcísio de Freitas, Rodrigo Garcia, Elvis Cezar e Vinicius Poit debateram por quase 2h temas de interesse público. Os ataques, porém, não estiveream ausentes do encontro. Ficou claro, ainda, uma espécie de dobradinha entre Haddad e Tarcísio nas perguntas para isolar o governador tucano. Ele foi o principal alvo dos concorrentes. O debate foi mediado pelo jornalista César Tralli.
Veja abaixo a sua análise do CEO da FM2S
Para avaliar o comportamento do interesse dos paulistas pelos candidatos, coletei os dados das buscas pelos seus nomes nos últimos 12 meses em todo o Estado de São Paulo. Como Tarcísio e Haddad tiveram atuação nacional e quero avaliar o pensamento do povo paulista, delimito minha análise apenas ao Estado. Nota-se um aumento forte nas buscas por Rodrigo Garcia a partir de agosto, quando teve início a campanha eleitoral. Esse tipo de comportamento mostra que o governador não era conhecido da população do Estado. A estratégia de convidar a população a dar Google no seu nome parece ter dado certo.
Já o interesse pelo Tarcísio começou a crescer junto com o Garcia, mas parece que alcançou o teto. Talvez a sua associação a Bolsonaro esteja interferindo nas buscas – ou seja apenas mais conhecido que o Garcia. Fernando Haddad, por sua vez, teve as buscas pelo seu nome antecipadas, começando a crescer a partir de julho. Entretanto, mesmo começando antes, foi ultrapassado por Rodrigo na reta final.
Pode-se ver a influência de Bolsonaro na candidatura de Tarcísio de Freitas.
O volume maior de buscas relacionadas com ele é o termo “tarcisio”, com 100 na escala Google. Já “tarcisio ministro” e “bolsonaro” representaram 19 e 18 respectivamente. 20% de quem busca o candidato também busca pelo Bolsonaro.
Já Haddad, candidato de Lula, possui uma relação menor, 9%. Rodrigo, por sua vez, tem 5% de pessoas que o associam ao Doria, nas pesquisas. Dessa forma, pode-se calcular o nível de influência que os candidatos à Presidência têm sobre Tarcísio e Haddad, o que poderá ajudá-los ou prejudicá-los, dependendo da atuação das falas dos presidenciáveis.
Com Doria afastado da política momentaneamente, Garcia está sozinho na disputa. E estar sozinho, assim como estar em grupo, tem suas vantagens e desvantagens.
Até o momento, parece que o candidato soube desvencilhar-se da má avaliação do governo Doria e da tentativa dos demais candidatos de propagarem a ideia de que os dois são “farinha do mesmo saco”.
A relação com o termo “candidatos governador sp 2022” com os três candidatos mostra que há indecisos ainda buscando em quem votar. E a maior relação está com o Garcia, apontando que há mais indecisos olhando para ele.
Outro ponto a se destacar é a presença de relação com os termos relacionados aos demais candidatos. Por exemplo, o Tarcísio aparece nas buscas relacionadas ao Haddad e ao Garcia. Já o Haddad não está nas buscas relacionadas ao Tarcísio e nem ao Garcia. Parece que quem se interessa pelos dois candidatos não está buscando saber mais sobre o Haddad.
Há uma relação do Marcos Pontes com o Tarcísio, por ambos serem apoiados pelo Bolsonaro. Parece que há uma troca de interesses entre eles. Quem busca o Tarcísio, já o relaciona ao candidato a senador. Para Garcia, parece que há um interesse em saber mais sobre o seu irmão e seu patrimônio. Fatos esses, advindo da campanha de seus adversários.
Na minha percepção, após avaliar os dados das buscas no Google, há uma boa chance do candidato Garcia absorver um número maior de eleitores ainda indecisos.
Como as buscas estão em alta, se a informação relacionada ao seu irmão e ao patrimônio não forem negativas, há chances de arrastar um percentual que ainda não aparece atrelado ao seu nome nas pesquisas.
Quanto ao Tarcísio, ainda é desconhecido de uma parte da população (pelas buscas ao termo “quem é tarcisio freitas”). Há também pessoas já certas que votarão nele (pelas buscas ao termo “tarcisio governador numero”. Caso consiga mostrar quem é para a população, poderá atrair mais indecisos, desde que não haja episódios que aumentem sua rejeição advindos de seus aliados e do presidente.
Resumindo, o empate técnico das pesquisas nos força a ter parcimônia nas avaliações, mas parece que a disposição de migração dos indecisos ao Garcia é maior. A ver.
Para o Haddad, seus eleitores estão aumentando as buscas pelo seu número e pelo seu vice, mostrando que já se decidiram por ele. Há uma parcela menor que pode mudar, pois pesquisam o Tarcísio e os candidatos a governador em geral. É interessante notar a busca pelo termo “candidatos senador sp 2022” relacionados ao Haddad. Não está colando nele a sua relação com o Márcio França, candidato da chapa ao senado.
O Google, portanto, está mostrando que está tudo aberto em São Paulo ainda, principalmente no governo.
Quem é Virgílio?
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.