Tema de reportagens, exposições fotográficas, estudos e alvo da curiosidade da população em função da sua importância histórica, o Casarão do Jambeiro “agoniza”. Construído em 1.897 e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) em 1993, o local se tornou vítima da ação do tempo.
A sujeira cada vez mais toma o espaço de uma arquitetura que, aos poucos, perde a sua forma. O que eram paredes, hoje são pedaços de tijolos e o entulho toma conta.
Um projeto arquitetônico que previa a revitalização do espaço chegou a ser anunciado há cerca de sete anos. No entanto, ficou no papel e hoje o Casarão está perto de permanecer vivo apenas na memória de alguns.
Professora aposentada e vice-presidente da Guardinha de Campinas, Maria Helena Novaes Rodriguez esteve à frente de todas as manifestações pela restauração do Casarão. Há sete anos, ela mantém uma página no Facebook, que hoje conta com 2,1 mil membros.
Por meio desse canal, Maria Helena atraiu várias pessoas interessadas na preservação do espaço e a Prefeitura foi acionada. “Foram incontáveis reuniões em diversas secretarias, mas não conseguimos nada”, lembra.
Em 2015, a Prefeitura chegou a anunciar que o antigo casarão ganharia iluminação projetada e cobertura de vidro, nos mesmos moldes do casarão que integra o Parque das Ruínas, no morro Santa Tereza, no Rio de Janeiro. O projeto, no entanto, não avançou.
Hoje, segundo a Secretaria de Cultura, uma empresa está em processo de contratação para a elaboração de um projeto de contenção das paredes e cobertura. Maria Helena conta que trata-se de uma determinação judicial, mas que corre em segredo. “Tentei ter acesso ao processo, mas não consegui. Sei que um projeto chegou a ser elaborado por uma empresa, mas não foi aprovado.”
Centro de Educação Ambiental
Aos 73 anos, Maria Helena não desiste de lutar pela revitalização do Casarão. Sua ideia, hoje, é criar uma trilha até o local a partir do Sítio Santa Rita, que pertence à Guardinha e fica na região do Jambeiro. O objetivo é atrair visitantes interessados em meio ambiente e história. “Dessa forma, conseguiríamos fazer com que mais pessoas se mobilizem para a revitalização daquele espaço.”
A trilha fará parte do quinto Centro de Educação Ambiental que será instalado em Campinas.
História
O Casarão, pertencente à antiga fazenda Jambeiro, chegou a ter azulejos franceses, pisos hidráulicos belgas e lustres de cristal. Ao seu redor, era mantida uma senzala com a presença de escravos, mesmo com a Lei Áurea já em vigor.
Hoje, o cenário é outro. Só a praça no entorno recebe a manutenção da Prefeitura, com o corte de gramas.
O alambrado, instalado ao redor do Casarão para evitar acidentes e conter a ação de usuários de drogas, foi derrubado. As ruínas da antiga senzala permanecem.