Rara leitora, raro leitor, neste artigo, não pretendo entrar no mérito da discussão sobre a Terra ser ou não um “organismo vivo”, mas viso levar à análise e reflexão sobre o que ela sentiria se assim o fosse.
Nosso planeta se fez Terra durante bilhões de anos, com os gases mudando sua superfície, sua atmosfera, sua composição. Apareceram, então, os primeiros seres vivos. Células, moléculas e suas evoluções…
Um asteroide ou outro pode ter entrado em colisão com o corpo terrestre. E essa foi a dinâmica da Terra durante centenas de milhões de anos.
Composição dos gases que muda, temperatura que sobe. Composição se transforma outra vez, temperatura que cai. E durante todo esse tempo, especialistas apontam ter havido cinco extinções em massa (considerada quando mais de 75% das espécies vivas desaparecem em um determinado período de tempo). A mais conhecida é aquela que extinguiu os dinossauros, a partir da colisão de um grande asteroide na região onde hoje é o México.
Hoje, sem dúvida, vivemos o sexto período de extinção. Penso no que a Terra já viu e vê; no que ouviu e ouve; no que sofre.
Durante o curto período da existência humana, Ela é a testemunha de todos os crimes da humanidade: extermínio de milhões de humanos; extinção de milhares de animais; diminuição significativa das árvores e plantas do solo.
São os tempos mais difíceis para este rico planeta, que está se tornando pobre com tamanha exploração. Mas a Terra mostra uma de suas leis, revelada por Isaac Newton: quando dois corpos se interagem, toda ação gera uma reação com força proporcional, em sentido inverso. Multiplicam-se os furacões, os temporais, as inundações. E isto é só o começo.
Mudança climática, que “lindo” nome os humanos escolheram para justificar a matança da fauna, a destruição da flora, da violência contra a vida deste maravilhoso planeta!
É necessário entender este fenômeno como social e não ambiental: a “mudança climática” é resultado do machismo (a “natureza”, feminina, aparece como recurso a ser explorado), do racismo e do individualismo. Em todas essas degradações, nossa pior parte – ou talvez a verdadeira – aparece como espelho.
Gustavo Gumiero é Doutor em Sociologia (Unicamp) e Especialista em Antigo Testamento – gustavogumiero.com.br – @gustavogumiero