O final de semana foi de luto e tristeza para duas academias literárias de Campinas. A Academia Campinense de Letras (ACL) perdeu seu confrade Fernando Antônio Abrahão na noite deste domingo (27). Ele ocupava a cadeira de número 1 e teve grande atuação nos segmentos da Educação, da História e da Memória.
Ele é o sétimo acadêmico que deixou seus amigos e parentes nos últimos dois anos em Campinas. João Plutarco Rodrigues Lima, Luís Carlos Cândido Sotero da Silva, José Roberto Martins Pereira, José Alexandre dos Santos Ribeiro, Rubem Costa e Quinita Ribeiro Sampaio de Melo Serrano morreram desde 2020.
O corpo de Fernando foi velado no Cemitério da Saudade na manhã desta segunda-feira (27). Ele foi cremado. Abrahão tinha 59 anos e lutava contra um câncer.
Fernando era doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Organização de Arquivos e Paleografia pela Unicamp e formado em História pela PUC-SP, era mestre em História Social do Trabalho pela Unicamp.
Atuou por muitos anos como historiador e foi diretor da Área de Arquivos Históricos do Centro de Memória da Unicamp (CMU) de 1987 a 2017. Foi também membro atuante do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (IHCG), onde foi presidente. Sua mulher, Eliane Morelli Abrahão, também é acadêmica da ACL.
Homenagem
A vice-presidente da ACL, Ana Maria Negrão, fez uma homenagem ao amigo. Veja abaixo:
Adeus, Fernando Abrahão
Ao recebermos a notícia de partida de Fernando Abrahão, perguntamos o porquê de nos ter deixado ainda com tanto a oferecer… Na dimensão transcendente, ele viveu sua trajetória de vida no tempo que Deus lhe concedeu. E a nossa fé permite entender que o tempo de Deus não é o nosso tempo, conforme nos ensina a Palavra: “Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia”.
Fernando viveu intensamente, ao lado de Eliane, e a sua realização profissional não lhe foi dada, mas esculpida no fluir temporal de sua formação, lapidada com contínuo estudo, amor exponencial pelos saberes históricos e científicos, dedicação inconteste pelas atividades universitárias, magistral competência, espírito inquieto nas pesquisas que se sucediam, brilhante condutor de tantos órgãos culturais com salutar convívio com os pares, acadêmico imortal, escritor de respeitável lavra… e tantos outros predicados.
Hoje o seu coração parou de pulsar e adormeceu no Senhor, na morada eterna, onde não há mais dores nem sofrimentos. Sabemos a lacuna que deixa. Uma voz silenciada não mais ouvida na Unicamp, no IHGGC, na ACL, na sua casa… Há um travesseiro que não mais apoiará a sua cabeça e os chinelos ficaram em um canto do quarto. Mas, fica em tudo isso, uma lembrança bonita que pode amainar o que os olhos não mais podem vislumbrar… todavia, o nosso coração pode sentir.
Adeus, querido amigo, colega e confrade.
Ana Maria Negrão
Dalton Tóffoli Tavolaro
No último domingo, 26 de junho, foi sepultado o corpo do acadêmico Dalton Tóffoli Tavolaro, titular da cadeira número 3 da Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas. Ele era advogado aposentado e amava artes plásticas. O presidente da Academia, Ronald dos Santos Santiago, expressou condolências aos familiares e amigos. Em 2014, Dalton promoveu uma grande mostra com 20 obras de sua autoria. Ele usou a pirografia. Trata-se de uma técnica para decorar madeiras e outros materiais a partir de queimadura controlada.