Finalistas da Copa Libertadores da América, Flamengo e Athletico Paranaense entram em campo para a decidir a atual edição da competição neste sábado (29), às 17h (horário de Brasília), no estádio Monumental Isidro Romero Carbo, em Guayaquil, no Equador. Quem vencer a partida, conquistará a taça mais importante e desejada do continente sul-americano. Se o jogo terminar empatado, a decisão irá para a prorrogação e, se o resultado de igualdade persistir no placar, para os pênaltis.
Natural de Atibaia, porém criado em Morungaba, município de pouco mais de 13 mil habitantes, onde começou a treinar futebol no Centro Esportivo JBM e também integrou a escolinha de Futsal da Prefeitura, o meio-campista Alex Santana, do Athletico Paranaense, vai representar a Região Metropolitana de Campinas (RMC) na decisão da competição de futebol mais importante da América do Sul. Atualmente com 27 anos, o atleta chegou ao Furacão em julho deste ano e deve ser titular na tarde de hoje.
Revelado pelo Internacional e também com passagem pelo Paulista de Jundiaí, Alex Santana vestiu a camisa do Criciúma no início da carreira e logo depois chegou ao Guarani para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C em 2016. À época um novato de 21 anos, o atleta entrou em campo pelo Bugre em 13 jogos e marcou um gol que está na história do time campineiro.
Em jogo válido pela semifinal do torneio nacional daquele ano, o Alviverde já havia conquistado o acesso para a Série B – eliminando o ASA com uma vitória por 3 a 0 no Brinco, que revertou a derrota por 3 a 1 em Arapiraca – e buscava uma vaga na decisão da competição em confronto contra o ABC. Na partida de ida, em Natal, o Guarani sucumbiu e saiu de campo derrotado por 4 a 0, mas não se entregou e acabou conquistando uma virada memorável atuando no estádio Brinco de Ouro da Princesa, na semana seguinte.
O primeiro tempo da partida em Campinas terminou 2 a 0 para o Bugre, com gols de Leandro Amaro e Fumagalli. No intervalo, Alex Santana entrou em campo na vaga de Evandro, viu Fumagalli marcar mais dois gols, antes de balançar a rede com um golaço de fora da área. O atacante Pipico marcou o sexto gol do Alviverde em um jogo histórico e inesquecível que terminou com enorme festa da torcida presente no Brinco. O jogo foi disputado no dia 23 de outubro de 2016, portanto completou seis anos no último domingo (23).
“O Alex Santana é um atleta que chegou (ao Guarani) emprestado pelo Internacional. Ele atuava na base do Inter, tinha sido emprestado ao Criciúma, voltou para o Inter e eles emprestaram ao Guarani em 2016. Eu peguei algumas informações sobre ele com o Argel [Fucks], treinador do Criciúma na época, pois estávamos buscando um atleta que fosse uma reposição para o Fumagalli, um camisa 10”, relembrou Marcelo Chamusca, técnico vice-campeão pelo Guarani na disputa da Série C de 2016, em entrevista exclusiva ao Hora Campinas.
“A partir do momento em que o Alex chegou e começou a treinar, eu observei a característica dele e percebi que ele gostava muito de ter a bola. É um jogador que não guarda posição e comecei a utilizá-lo como se fosse um segundo volante. É um jogador de muita força física, arrasta bem a bola, tem uma capacidade física muito boa e acho que uma das principais virtudes dele é ser um segundo volante que infiltra muito, pisa na área, e tem um excelente poder de finalização à meia distância”, acrescentou.
“Nesse jogo de 2016, o ABC estava com um jogador a menos, vencíamos por 2 a 0 e a leitura era de que não teríamos muito espaço (no segundo tempo). Fizemos o terceiro gol rapidamente, e depois o Alex acertou um chute de fora da área para marcar aquele golaço. É um jogador muito qualificado. Inclusive, depois que ele saiu do Guarani, voltei a enfrentá-lo. Ele cresceu muito, tentei contratá-lo em outras oportunidades, mas não consegui” detalhou Chamusca.
Após a passagem pelo Guarani, Alex Santana vestiu a camisa do Paraná Clube, nas séries A e B do Campeonato Brasileiro, do Botafogo, na Primeira Divisão, e também do Ludogorets Razgrad, da Bulgária, antes de chegar ao Athletico Paranaense, comandado pelo técnico Luiz Felipe Scolari, campeão mundial com a Seleção Brasileira e bicampeão da Libertadores.
Pelo Furacão, até o momento, o meio-campista entrou em campo em 13 oportunidades e marcou dois gols, entre eles um tento histórico, assim como ocorreu na passagem pelo Guarani. O atleta foi o responsável por balançar a rede e garantir a vitória por 1 a 0 no confronto de ida da semifinal da Libertadores, diante do Palmeiras, atual bicampeão continental, na Arena da Baixada. No duelo de volta, no Allianz Parque, o jogo terminou empatado por 2 a 2, e a equipe paranaense garantiu a vaga na decisão após 17 anos.
Com um golaço de fora da área nos acréscimos do segundo tempo, Alex Santana também garantiu a vitória do Athletico por 1 a 0 no clássico contra o Coritiba, no último dia 16, na Arena da Baixada.
Outras crias de Morungaba brilharam no futebol
Além de Alex Santana, outros dois atletas com raízes em Morungaba tiveram momentos marcantes no futebol brasileiro. Com passagem pelas categorias de base do Guarani, o jovem meio-campista morungabense Gabriel Menino recebeu a primeira oportunidade na equipe profissional do Palmeiras em 2020 e, a partir de então, conquistou o bicampeonato consecutivo da Libertadores pela equipe paulista. Ele também foi campeão paulista, da Copa do Brasil e está próximo de conquistar o Brasileirão.
Principalmente na primeira conquista continental, o atleta teve grande participação como titular do Verdão e chamou atenção na histórica vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, em Avellaneda, na Argentina, na partida de ida da semifinal da competição. Depois da primeira conquista, o atleta perdeu espaço na equipe comandada por Abel Ferreira, mas já foi convocado por Tite para a Seleção Brasileira e também desperta interesse de clubes europeus.
Revelado pelo Guarani e campeão brasileiro pelo Bugre em 1978, o ex-meia Renato, também conhecido como “Renato Pé Murcho”, é mais um atleta nascido em Morungaba que fez história no futebol brasileiro. Após a conquista histórica em Campinas, o jogador disputou a Copa América de 1979 e de 1983, além da Copa do Mundo de 1982, representando a Seleção Brasileira.
Quando deixou o Guarani, Renato foi contratado a peso de ouro pelo São Paulo, na época a contratação mais cara registrada entre equipes brasileiras, o que possibilitou ao Bugre, com o dinheiro recebido na negociação, finalizar a construção do Tobogã do estádio Brinco de Ouro. Pelo Tricolor Paulista, Renato foi bicampeão paulista em 1980 e 1981.