América Latina e Caribe devem desacelerar o ritmo de crescimento em 2022 para 2,1%, após crescer 6,2%, em média, no ano passado. As projeções foram divulgadas pela Comissão Econômica da ONU para América Latina e Caribe, Comissão Econômica da ONU (Cepal).
De acordo com o órgão, a desaceleração ocorre em meio a assimetrias entre os países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento na capacidade de implementar políticas fiscais, sociais, monetárias, de saúde e de vacinação para recuperação da crise causada pela pandemia de Covid-19.
Segundo o relatório, a região terá um ano complexo, com incertezas e forte desaceleração do crescimento. Outros fatores, como baixo investimento, produtividade e lenta recuperação do emprego também dificultam a retomada nos países.
América Latina e Caribe ainda sofrem com os efeitos sociais causados pela crise de saúde, menor espaço fiscal, aumento das pressões inflacionárias e desequilíbrios financeiros. De acordo com a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, a possível desaceleração e os problemas estruturais de baixo investimento e produtividade, pobreza e desigualdade, requerem que o fortalecimento do crescimento seja um elemento central das políticas.
Segundo a Cepal, o crescimento médio reflete as diferenças entre países e sub-regiões: o Caribe deve crescer 6,1% e América Central, 4,5%. A América do Sul apresenta projeções menores, em 1,4%. No entanto, em 2021 a região apresentou um crescimento acima do esperado, com média de 6,2%, graças à baixa base de comparação observada no ano de 2020, a maior mobilidade e o contexto externo favorável.
De acordo com o estudo, estimativas mostram que as economias avançadas cresceriam 4,2% em 2022 e seriam as únicas que retomariam a trajetória positiva prevista antes da pandemia.
As economias emergentes teriam um aumento de 5,1% em 2022, mas só voltariam a ao crescimento esperado antes da pandemia em 2025. Em 2021, 11 países da América Latina e do Caribe conseguiram recuperar os níveis do PIB anteriores à crise. Em 2022, outros três seriam agregados, totalizando 14 países dos 33 que compõem a região.
Empregos
Durante o último ano, a recuperação de empregos apresentou a um ritmo lento: 30% dos empregos perdidos em 2020 não foram recuperados em 2021.
Segundo os dados da Cepal, a desigualdade entre homens e mulheres se acentuou. Para 2022, a projeção é de uma taxa de desocupação de 11,5% para as mulheres e 8% para os homens.
Antes da pandemia, o número de mulheres sem emprego estava em 9%. Entre os homens, o índice ficava em 6,8%.
Inflação
O relatório também aborda o aumento dos preços de produtos e serviços. Em 2021, foram registradas pressões inflacionárias na maioria dos países da região, lideradas por aumentos nos alimentos e na energia. A expectativa é que o a tendência se mantenha em 2022.
De acordo com a Cepal, novamente, o preço da energia e dos alimentos nos mercados internacionais, bem como a evolução da taxa de câmbio serão fundamentais para explicar a dinâmica futura dos preços.
A Cepal destaca que a inflação é causada por diversas formas e recomenda que as autoridades monetárias continuem utilizando todos os instrumentos disponíveis, além da taxa de juros, para enfrentar as pressões inflacionárias.
A Comissão também reforça que não se deve minimizar as tentativas para recuperar o crescimento e o emprego e alcançar um crescimento sustentável, inclusivo e igualitário.
(Agência ONU News)