Esporte mais popular dos Estados Unidos, ao lado do basquete, o futebol americano cresce a cada dia no Brasil, com novos fãs e jogadores que buscam ter sucesso na modalidade. Em Campinas e região, o Guarani Indians oferece oportunidade para atletas que sonham em seguir carreira. Neste ano, a equipe vai disputar pela primeira vez na história a Série Diamante da São Paulo Football League (SPFL), divisão que representa a elite estadual de um dos campeonatos mais importantes da modalidade no nosso País.
Fundado em 2017, a partir da junção entre o tradicional Paulínia Mavericks e o Hortolândia Calangos, o Guarani Indians completa cinco anos em 2022 e está na melhor fase da sua história, em busca de crescer a cada temporada. Atualmente, o time leva o nome do famoso clube de futebol da cidade, o Guarani Futebol Clube, de quem recebe apoio, mas não financeiro. Os atletas do futebol americano bugrino se bancam com recursos próprios.
“Nós levamos o nome do Guarani e eles nos ajudam em algumas questões. Já emprestaram o ônibus Flecha Verde para realizarmos viagens e já disponibilizaram o campo, utilizado pelas categorias de base do futebol, para fazermos alguns treinamentos. No momento, não recebemos apoio financeiro do Guarani. São nossos próprios atletas que se bancam e estamos procurando patrocinadores. É um valor simbólico que arrecadamos entre nós para comprarmos equipamentos e realizarmos as viagens nas competições que disputamos. Toda a parte financeira são os atletas que bancam”, explica Rubens de Sousa, diretor do Guarani Indians.
Correndo atrás do sonho de jogar futebol americano e ter sucesso na modalidade, os quase 70 jogadores do Guarani Indians não vivem apenas do esporte em meio às dificuldades que se apresentam para a modalidade no Brasil. Todos possuem outros trabalhos durante a semana e, aos sábados e domingos, vestem o uniforme verde e branco para se tornarem atletas.
“Nós não vivemos de futebol americano. É até meio doido, mas tiramos nosso tempo de descanso na hora do almoço durante a semana e depois durante todos os finais de semana para nos dedicarmos ao futebol americano. É um tempo que a gente doa para o time por amor ao esporte”, explica o diretor do Indians.
“Temos alguns atletas no Brasil que já vivem do futebol americano, mas são poucos. Nosso time não tem ninguém que vive do futebol americano, todos têm outros trabalhos e durante os finais de semana nós somos jogadores. No momento, não estamos treinando durante a semana, somente aos finais de semana, mas futuramente pensamos em colocar um ou dois treinos durante a semana em horários que os atletas e a comissão técnica estejam disponíveis”, completa Rubens.
Estreia na temporada
Neste domingo (27), a partir das 14h, o Guarani Indians entra em campo para disputar a primeira partida oficial da temporada. O adversário será o Moura Lacerda Dragons, de Ribeirão Preto, pela rodada de abertura da Série Diamante da São Paulo Football League (SPFL). Debutante na primeira divisão, o Indians vai disputar a competição junto com outras 12 equipes divididas em dois grupos.
O time campineiro está no Grupo B, ao lado de Corinthians Steamrollers, São Paulo Storm, Guarulhos Rhynos FA, São José Jets, além do Moura Lacerda Dragons, adversário da estreia. O Grupo A tem outros seis clubes: Rio Preto Weilers, Leme Lizards Futebol, Scelta Guardians, Santos Tsunami, Ocelots FA e Spartans Football.
“A SPFL é um dos melhores campeonatos de futebol americano do Brasil, um estadual muito forte com equipes de nível nacional. O torneio é dividido entre Série Diamante (primeira divisão), Série Ouro (segunda divisão) e Série Prata (terceira divisão). Em 2019, nós disputamos a final da Série Ouro, conseguimos o acesso como vice-campeões e agora vamos disputar a primeira divisão nesse ano, depois de duas temporadas sem o torneio por conta da pandemia”, explica Rubens de Sousa.
Sem estádio próprio para a realização das partidas, o Guarani Indians vai estrear no Clube de Campo Empyreo, em Leme, a cerca de 90 km de Campinas. A diretoria da equipe explica as dificuldades de encontrar, na RMC, campos para jogos e treinamentos, principalmente por causa da concorrência com o tradicional futebol amador. Entretanto, a cúpula garante que o objetivo é atuar pelo menos uma vez em Campinas durante a SPFL.
“Infelizmente não temos nosso campo próprio, o que também acontece com outros clubes do Brasil. Precisamos entrar em contato com as prefeituras para conseguir campos de treinamento e encontramos algumas dificuldades durante os finais de semana pelo fato de muitos campos da região estarem alugados para partidas de futebol amador”, explica Rubens.
“No momento, conseguimos um campo em Paulínia e outro em Leme. Os treinamentos estão sendo realizados em Paulínia, mas esse primeiro jogo agora será em Leme. Temos dois mandos de campo durante a primeira fase da SPFL, tanto nessa primeira rodada quanto também na última. Da próxima vez, a vontade é jogar em Campinas”, acrescenta.
Expectativas para a SPFL
Apesar de debutante na primeira divisão da SPFL, o Guarani Indians chega confiante para a competição. Comandado pelo head coach Alaor Peinado Junior, conhecido como Lalau, o time conta com atletas de Campinas, Paulínia, Hortolândia, Capivari, Sorocaba e Limeira, entrando na competição com o sonho de chegar longe e não ser apenas mais um participante.
“A expectativa do nosso time está grande e estamos muito confiantes. Nosso head coach, o Lalau, fala que é uma das melhores equipes que o Guarani já teve, talvez até a melhor. Durante os treinos, é muito legal ver a vontade dos atletas e todo mundo animado. Temos uma regra: o que é feito no treino, será feito no jogo. Nossos treinos são intensos e a nossa expectativa é de chegar longe”, projeta Rubens de Sousa.
Dificuldades em meio à pandemia
Pronto para a disputa da SPFL, e de volta aos gramados para uma partida oficial neste domingo (27), o Guarani Indians encontrou dificuldades nos dois últimos anos em meio à pandemia da Covid-19. Além de ficar sem disputar competições, a equipe não pôde, por alguns meses, treinar dentro de campo, e precisou se reinventar para manter as atividades.
“Esses dois últimos anos foram complicados, seja para nós do clube, para nossos atletas e também para o futebol americano como um todo. Alguns clubes encerraram as atividades, mas nós conseguimos nos manter. No começo da pandemia, chegamos a fazer um jogo, só que logo depois os campeonatos pararam e nos mantivemos realizando lives para não perder o ritmo”, explica Rubens de Sousa.
“O nosso preparador físico mandava uma lista com atividades para fazer em casa. Tinham atividades específicas para os jogadores da defesa, os jogadores do ataque e também quem estava machucado. Nunca paramos 100%, sempre nos mantivemos em atividade de alguma forma, mas em casa. Tínhamos uma regra que todo mundo tinha que mandar uma foto ou um vídeo fazendo as atividades determinadas”, relembra.
A retomada dos treinamentos da equipe, de forma presencial, ocorreu em agosto do ano passado, em meio ao avanço da vacinação e à queda do número de mortes e casos de coronavírus no estado de São Paulo. No segundo semestre de 2021, o foco foi a pré-temporada e a partir do início deste ano o objetivo foi intensificar a preparação para as competições.
“As atividades em campo voltaram em meados de agosto do ano passado e fomos seguindo exatamente as determinações de governo do estado de São Paulo. Quando o estado liberou, voltamos às atividades e também incentivamos a vacinação. Tivemos o pessoal que tomou a primeira dose, depois a segunda dose foi obrigatória. Fazíamos a medição de temperatura dos atletas e fomos voltando aos treinamentos aos poucos”, ressalta o diretor do Guarani Indians.
“Para retomar o condicionamento físico, participamos do CTT Summer Festival, em São Paulo, e ficamos em terceiro lugar. Foi um bom resultado depois de ficarmos sem jogar por tanto tempo. No geral, treinamos de agosto até dezembro, paramos para as festividades de fim de ano e, na segunda semana de janeiro, voltamos novamente às atividades. Ano passado foi mais a pré-temporada e esse ano fizemos atividades preparatórias para a SPFL”, finaliza.