A Ponte Preta viveu um ano atípico em 2023, para o bem e para o mal. Pela primeira vez neste século, a Macaca disputou a segunda divisão do Campeonato Paulista, após 23 participações consecutivas na elite estadual, interrompidas por um rebaixamento que se anunciava havia pelo menos duas temporadas.
Com obrigação de acesso, a equipe alvinegra se preparou para esse desafio e não decepcionou: passeou na primeira fase, subiu com certa facilidade e só encontrou maiores dificuldades para superar o Novorizontino na grande decisão, levando a melhor nos pênaltis e coroando a bela campanha com o troféu que não vinha desde 1969, quando se sagrou campeã da antiga Divisão de Acesso, equivalente à atual Série A2.
Depois disso, no entanto, o torcedor pontepretano voltou à rotina de desgosto e sofrimento.
Com o início da Série B e a saída do técnico Hélio dos Anjos, motivada por divergências com a diretoria, veio um duro choque de realidade: briga contra o rebaixamento do começo ao fim do campeonato, sufoco enorme para marcar gols e conquistar vitórias, constantes trocas de técnicos e alívio somente na última rodada, sob o comando de João Brigatti.
A queda à Série C parecia iminente, especialmente depois da terrível sequência de 10 jogos sem vitória, já dentro do último terço do campeonato, mas o time reagiu na hora certa e ainda contou com uma dose de sorte, escapando mesmo sem chegar ao número mágico de 45 pontos, com sua pior campanha na história da Série B desde o início do sistema de pontos corridos.
O destino deu uma nova chance para a diretoria, na figura central do presidente Marco Antonio Eberlin, demonstrar mais assertividade no planejamento e minimizar problemas extracampo que tanto atrapalharam o time ao longo da temporada, especialmente no que se refere a salários atrasados, uma realidade que afasta jogadores do clube e o deixa com a imagem arranhada no mercado.
Com a perda de pilares da equipe, como o goleiro Caíque França, o zagueiro Fábio Sanches e o atacante Pablo Dyego, a Ponte Preta precisará mostrar visão e criatividade no mercado, capacidade que o clube mostrou no ano passado, ao trazer o centroavante Jeh. Mas, primeiro de tudo, será necessário resolver a questão recorrente do transfer ban, punição ligada às dívidas trabalhistas do clube, que impedem contratações de novos atletas enquanto não forem acertadas.
Em 2024, a principal meta da Ponte Preta deve ser buscar estabilidade e voltar a fazer campanhas dignas, tanto no Campeonato Paulista quanto na Série B, ainda que isso não signifique brigar pelo título estadual nem pelo acesso à elite nacional, objetivos que parecem utópicos nesse momento.
No Paulistão, a Macaca caiu no mesmo grupo do atual bicampeão Palmeiras, do último vice Água Santa e do maior rival Guarani. Na Série B, a concorrência também será pesada. A próxima edição terá a presença do Santos, um dos gigantes do futebol brasileiro, times tradicionais como Sport, Coritiba e Goiás, além de clubes do interior paulista que hoje estão em estágio mais avançado, como Novorizontino e Mirassol.
Portanto, se a Ponte Preta conseguir atravessar a temporada sem sustos, já seria um enorme avanço.