Apenas parte da fachada e uma chaminé estarão guardando, a partir de agora, a lembrança física e o legado histórico do que foi a antiga fábrica Chapéus Cury, no Guanabara, em Campinas.
Nesta última semana, foram postas no chão todas as construções que serviram de abrigo para as diferentes seções da fábrica. A área será ocupada por um condomínio de uso misto.
A fachada do prédio que era ocupado pela empresa desde 1920 e a chaminé foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) em setembro de 2008 e, por isso, foram preservadas.
A área foi vendida para uma construtora, que vai erguer duas torres residenciais, além de uma espécie de shopping na parte de baixo, com salas comerciais e cinema. O projeto está em tramitação na Prefeitura.
O Condepacc também aprovou os procedimentos da demolição, bem como os escoramentos das fachadas tombadas e da chaminé.
O projeto prevê o restauro cerca de 1,6 mil m² de área construída de elementos arquitetônicos como a fachada principal com suas esquadrias, parte dos muros e a chaminé da antiga fábrica, que será integrada ao espaço comercial proposto no projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório Königsberger Vannucci.
A Helbor Empreendimentos é a empresa responsável pelo projeto. Em dezembro de 2021, os telhados do prédio foram removidos e agora houve a demolição das antigas construções e a limpeza da área.
A empresa não fornece detalhes do projeto, que não consta mais em seu site, mas até o ano passado, a informação divulgada era que seriam construídas duas torres. A Torre A com três dormitórios, sendo uma suíte. Na Torre B seriam três suítes.
Muitos defendiam que a área fosse ocupada por algum órgão público e que se servisse de ponto cultural, mas enquanto nada era feito a degradação da construção e do entorno só aumentava. Os vizinhos da área estão entusiasmados com a nova destinação do espaço, que vai acabar com um vazio urbano, e que deve valorizar o entorno.
A Chapéus Cury ganhou fama internacional como a fabricante do chapéu do Indiana Jones. Ela foi símbolo da Campinas pujante do século passado, com a industrialização em franca expansão.
A história da empresa em Campinas começou em 1920, quando Miguel Vicente Cury e seu pai, Vicente Cury, fixaram residência na cidade e fundaram uma pequena fábrica de chapéus. Antes disso, eles tinham uma oficina de reforma de chapéus, em Mogi Mirim.