O anúncio de uma feira destinada a abrir conexões entre estudantes brasileiros com universidades israelenses colocou a Unicamp no fogo cruzado de um conflito internacional que dura milênios.
Inimigos históricos dos israelenses, palestinos se manifestaram contrários à realização do evento, marcado para acontecer nesta segunda-feira (3), das 12h30 às 17h, na Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares).
Um abaixo-assinado circula na internet para o cancelamento da feira. Pelo menos por enquanto, o evento está mantido, de acordo com a Universidade.
O caso chegou à Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), segundo o coletivo Anura, que reúne identidades asiáticas da Unicamp. O coletivo publica em seu Instagram que a Fepal enviou uma carta ao reitor Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé.
“Como citado na carta, essas universidades israelenses estão ligadas a ações que auxiliam diretamente a ocupação ilegal de território palestino, bem como na legitimação da violência contra seu povo”, acusa o coletivo, que continua. “Por isso, a Unicamp deve tomar uma posição e mostrar se apoia um regime segregacionista, colonialista, racista e violento ou se realmente defende os direitos humanos e vai contra os crimes de lesa-humanidade que Israel pratica em território palestino.”
A Unicamp, por sua vez, alega não ter recebido documento oficial da Fepal e, em nota, manifestou sua posição histórica em favor da democracia e direitos humanos.
“A universidade destaca que sua atuação sempre se pautou pelo pluralismo de ideias e pela defesa intransigente da democracia. Nesse contexto, abrigou, ao longo de sua existência, eventos promovidos por representantes de diferentes orientações ideológicas e/ou religiosas. Ademais, a Unicamp mantém parcerias com Estados, Organismos e Universidades, programas de acolhimento de refugiados e de grupos vulneráveis, bem como políticas de estímulo à promoção de Direitos Humanos.”
Tom Zé chegou a se manifestar sobre o assunto em sessão do Conselho Universitário (Consu), na noite de terça-feira (28). Além de defender o diálogo, garantiu a realização do evento.
O presidente da Federação Israelita no estado de São Paulo, Marcos Knobel, também se posicionou e destacou a importância da cooperação entre Brasil e Israel, considerando um “absurdo” o pedido de cancelamento da feira.
A feira
A Feira das Universidades Israelenses está em sua quarta edição no Brasil. O evento reunirá, em um só local, representantes das Universidades de excelência de Israel, entre elas: Universidade Bar Ilan, Universidade de Haifa, Universidade Hebraica de Jerusalém, Universidade de Tel Aviv e Technion – Israel Institute of Technology.
O público-alvo são pessoas interessadas em estudar/estagiar em Israel.
Cada instituição de ensino participante contará com um estande com representantes das universidades para esclarecer dúvidas e conversar com os visitantes, além de disponibilizar material e informações sobre os processos seletivos, cursos disponíveis e custos de vida.
O evento é gratuito e aberto ao público. A Convest fica Rua Josué de Castro 120, Cidade Universitária.
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