Pesquisa de mestrado apresentada na Unicamp por Janini Dias da Silva aponta a precariedade do transporte púbico nas cidades da Região Metropolitana de CampinaS (RMC). O mapeamento mostra que diariamente são realizadas 4,7 milhões de viagens na região, sendo 107 mil delas intermunicipais. Do total, 72,6% são realizadas por meios de transporte motorizados e 60,2% por meios individuais, isto é, apenas 39,8% das viagens são feitas em transportes coletivos.
Os números, que foram levantados em estudo para o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp, indicam ainda que o transporte público da RMC é insuficiente para atender as demandas existentes, sendo consequência de um planejamento de mobilidade urbana precário, revela.
O estudo cruza diversas informações como renda, local de moradia, acesso a veículos individuais e uso do transporte coletivo para traçar um perfil da mobilidade na RMC, com ênfase nos deslocamentos intermunicipais. A pesquisa contou com a orientação do professor Pedro Perez-Martinez.
Com mais de 3,3 milhões de habitantes, a RMC é a segunda maior região metropolitana do Estado de São Paulo e responsável por 8,9% do Produto Interno Bruto (PIB) paulista, segundo dados do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da RMC, elaborado pelo governo estadual.
A geração de toda essa riqueza, contudo, tem um custo para a rotina de quem vive na região, segunda a pesquisa de Janini: rodovias congestionadas nos horários de pico, associadas a poucas opções de transporte coletivo, comprometem a eficiência do sistema.
Janini explica que o movimento intermunicipal na RMC é intenso porque Campinas depende da mão-de-obra das cidades vizinhas, e elas dependem dos serviços oferecidos por Campinas.
“O transporte coletivo não é suficiente para isso e as pessoas dão preferência a meios de transporte individuais. O resultado é um trânsito complexo e inseguro”, analisa.
Chamou a atenção de Janini a clara concentração maior de pessoas que dependem do transporte coletivo na região sudoeste da RMC, nos limites entre Campinas, Hortolândia, Sumaré e Monte Mor. Esses locais coincidem com os eixos das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, onde há grande concentração de empresas e, proporcionalmente, a renda dos moradores é menor.
“As indústrias se ligam às rodovias para o escoamento de produtos, formando aglomerados urbanos nessas áreas. As cidades se expandem por esses eixos”, pontua. Em contraste, a porção leste da região concentra maior renda e o predomínio de viagens em veículos individuais.
Mapeamento
Para realizar o mapeamento, Janini se baseou na Pesquisa Origem Destino, realizada pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos (STM). O estudo divide a RMC em 185 zonas de tráfego – áreas que concentram as mesmas características de deslocamento, tais como local para onde as pessoas se dirigem e se elas vão de carro, moto ou utilizam o transporte coletivo. (Com informações do Jornal da Unicamp)