Paciência, perseverança, firmeza de propósito. O caminho para a adoção de uma criança no Brasil dificilmente será de êxito se esses valores não estiverem presentes na jornada. O período entre a decisão de quem está disposto a adotar até o momento do acolhimento do novo membro da família pode levar anos e são muitos os que não conseguem chegar até o fim. A campineira Cristiane Bressane, de 37 anos, está entre aquelas que encararam o desafio de uma adoção e sabem das lutas envolvidas em cada passo. No entanto, nesse Dia das Mães, estará com o fruto da vitória nos braços, a pequena Gabriela, de apenas 3 meses.
“Foi uma gestação de dez anos”, define Cristiane, contabilizando o tempo que ela e o marido Fernando esperaram dentro do processo de adoção para ter a criança como parte da família.
“Tivemos momentos de angústias e dores, como dores de parto”, conta a mãe. “Mas quando vi minha bebezinha, tudo passou”, descreve.
No primeiro encontro com os pais, a bebê tinha apenas três dias de vida e um nome já escolhido. “Gabriela significa enviada por Deus e ela trouxe muitas alegrias”. As lágrimas misturadas com sorrisos naquele momento representavam um alívio para o casal, cuja batalha começou bem antes do processo de adoção.
“Com dois anos de casados, descobrimos que não poderíamos ter filhos pelo método tradicional”, conta Cristiane, casada há 13 anos com Fernando. Em meio à perturbação provocada pelo diagnóstico médico, a primeira opção do casal foi tentar a fertilização in vitro. E quando o início do tratamento já estava encaminhado, Cristiane desistiu do método.
“Não sei, mas algo me dizia que se eu quisesse o milagre, teria que ter mais paciência. Foram dias de angústias e incertezas, mas decidimos seguir o conselho de um médico e partimos para a adoção.”
A entrada com o processo dentro da Vara da Infância e Juventude teve sequência com análise de documentos, entrevista com uma equipe interprofissional, participação do casal em programas de preparação e análise de um juiz. Foram procedimentos que, somados, duraram 24 meses até a inserção dos dados dos requerentes no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. E depois de oito anos de espera, o telefone tocou.
“Lembro como se fosse hoje”, conta Cristiane. “Eu estava almoçando e cada palavra que ouvia da assistente social representava um bálsamo em meu coração. Confesso que até travei e as pessoas que estavam a minha volta não entendiam nada. Meu coração latejava de alegria.”
Mesmo após a batalha vencida, Cristiane confessa que sentiu medo.
“Pensei: ‘será que vou dar conta dessa bebezinha?’ Mas estou curtindo cada momento e aprendendo na prática. Todos falam que ela é a minha cara, olha como Deus é perfeito.”
O programa para esse Dia das Mães já está traçado. “Vou poder curtir com a família e a minha bebezinha Gabriela, dar muitos beijos, chamegos e apertos com muito amor.” A lamentar, só o fato de que restam poucos dias para acabar a licença maternidade e voltar ao trabalho, uma realidade que faz parte desse novo estágio da mamãe Cristiane.