Já reparou como as redes sociais têm manipulado informações e transformado fatos falsos em verdades absolutas? Estamos vivendo um momento de muita hipocrisia, no qual muita gente diz algo só para enganar o outro. Eu chamo isso de momento ‘cara de pau’. São mentiras contadas ou escritas em mídias sociais, com interesses escusos, e, pela minha observação, isto tem afetado diferentes pessoas no mundo todo.
Há uma antiga parábola chamada ‘A Mentira Vestida de Verdade’ que tem feito muito sentido ultimamente: “A mentira vestindo-se com as roupas roubadas da verdade, saiu bela e formosa enganando a todos. A verdade, por sua vez, recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e, por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua. Mas, aos olhos das outras pessoas, era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.”
Recentemente, Elon Musk declarou que permitiria Donald Trump de volta ao Twitter. Enquanto Mark Zuckerberg usa o seu Facebook ameaçando a democracia. Os magnatas da tecnologia, que dominam a vida jovem, transformam a forma como consumimos informações. Só mentiras travestidas de verdades.
O impacto destrutivo das teorias da conspiração desenfreadas online, do discurso de ódio e da influência do dinheiro nos jovens são um obstáculo, uma distração ou uma fantasia de um futuro moldado puramente pela tecnologia sem humanismo.
Ao escrever este texto gostaria de estar errado. Embora mudar de ideia seja fácil, não consigo neutralizar esse radicalismo desumano e seu comportamento negacionista. O risco é grande, e a mentira vestida da verdade tem levado muita gente ao beleléu. Temos que encontrar a verdade e suas vestes para neutralizar as ideias malucas.
O que poderia nos salvar dessas mentiras?
Se pudermos obter dados concretos de quem começou a história apresentada e quem essa pessoa representa, poderíamos encontrar o fato verdadeiro. Mas como isso é difícil, devemos ter muito cuidado em acreditar no que recebemos nas mídias sociais, cada dia mais fúteis e mentirosas.
Mesmo as mais mentirosas e negativas mas bem-sucedidas reproduções digitais, somente podem nos atingir se formos frágeis.
Se formos coerentes e consistentes com alguma coisa que possamos acreditar e que já experimentamos em nossas vidas, não cairemos nessa ladainha. Sabemos que a maioria das pessoas são boas e seus desejos também. O desafio começa em grupos mínimos que, usando as redes sociais, promovem o medo e a exacerbação de ideias falsas e loucas, rachando nossos cérebros. E, como ele é vulnerável, podemos cair em “contos do vigário monetário e ou intelectual.
Mas o que podemos fazer? Podemos criar um sistema para filtrar o risco de cairmos nessas armadilhas. Se desejamos encontrar algo que não esteja nos deformando devemos verificar muito bem as fontes originais dessa possível desinformação, verificar se a fonte inicial é confiável, se as opiniões acessórias não estão contaminadas e se as correções propostas são radicais.
Quando você é confrontado com um fato dissonante, pense 100 vezes antes de apertar o botão de repetição. Pois muitas vezes, se o fizer sem pensar, você será parte desse movimento de hipocrisia.
Se não trituramos os dados e as fontes toda vez que chega algo contraditório ou que muitas vezes confirma a visão de mundo, estaremos deixando as mentiras se tornarem verdades e as nossas chances de melhorar o que não está bom.
O que fazer? Pelo lado positivo, devemos acreditar. Há muita gente boa, que sabe incentivar o raciocínio baseado em evidências, como a única forma capaz de nos salvar. A ciência e o jornalismo competente também são as principais formas públicas que nos ajudam, já as mídias sociais não pensam desse modo e ficam felizes com o propósito de desinformar para lucrar.
Uma das razões pelas quais as pessoas se identificam tão fortemente com grupos em redes digitais é o declínio da autoconfiança. Parece que estamos ficando para trás e precisamos dessa muleta.
Não caia nessa! Seja você sempre. E acredite em você, acredite nas instituições que são sérias. Não caia na rede de mentiras e não entre em recompensas sociais para ganhar status.
Não existe bala mágica para resolver este desafio enorme. Temos que encontrar força para fazer a diferença na confiança construída em um nível crítico, apenas tratando as pessoas com respeito e reconhecendo suas qualidades e ações positivas. Essa deve ser a melhor rede social.
Saber ouvir e escutar para depois colocar sua forma de pensar sem tentar disputar, vale muito. Se você começa negando o outro, as possibilidades ficam comprometidas e convidaremos o mundo a piorar. E o momento ficará mais crítico. Vamos pensar neste tema?
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social