Ganhamos um presente democrático na semana passada. O ministro Alexandre de Moraes deu uma mostra de diplomacia e justiça eleitoral sustentável, ao convidar quatro ex-presidentes – José Sarney, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, para a reunião inédita e fundamental da sua posse no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que recebeu também governadores, deputados e senadores, além dos outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao convidar pessoalmente até inimigos para mostrar a força da solenidade e o momento de paz que necessitamos, Alexandre de Moraes deu uma aula de cidadania e diplomacia. Vários presentes aplaudiram de pé trechos do discurso pontual de Moraes, que, mais do que defender o papel da nossa constituição e os valores democráticos universais, mostrou caminhos sustentáveis do diálogo.
Quando destacou que somos uma democracia que calcula e divulga os resultados das eleições no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência, foi preciso e verdadeiro.
Para mim, esta característica deveria ser um orgulho nacional, pois é reconhecida em todo o mundo. O presidente Jair Bolsonaro, um pouco constrangido, se fez presente e brincou sorrindo com o Ministro Moraes, o que foi muito bom.
Nas palavras do ministro: “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão”. Este trecho de sua fala resume o que precisamos compreender, não darmos ouvidos aos discursos mentirosos, odiosos e preconceituosos.
Os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Fábio Faria, das Comunicações, também participaram do evento e fizeram uma avaliação positiva de que o presidente não reforçou a ideia que ele teria de um caráter golpista.
Para alguns ministros de Bolsonaro, que permaneceram no encontro oferecido a Moraes após a cerimônia de posse, houve até um lado positivo na imagem de Bolsonaro. E Moraes demonstrou equilíbrio, bom senso, prestígio e força política.
O evento trouxe um alívio, pois o clima de tensão criado pelos recentes desencontros mais radicais estava nos deixando muito desconfortáveis e preocupados. Esse encontro não vai mudar o discurso, mas pode ter colocado uma dose muito forte de “calma pessoal” nos dois lados, algo muito importante para o país. Considerando o comportamento errático de muitos envolvidos, um pouco de calma pode salvar o Brasil de um desencontro péssimo neste momento do mundo.
Me parece que o “case urnas” se apresenta como uma excelente desculpa se Jair Bolsonaro não vier a vencer. Ele não se sentirá um perdedor, pois colocará nas urnas a sua derrota. O comportamento a partir de agora pode mudar, mas possivelmente deverá voltar aos discursos como ‘spoiler’ de uma derrota.
Algumas medidas recentes do governo não são ruins, como o pacote de gentilezas que aumentou o valor do Auxílio Brasil para 600 reais. Mesmo que isso crie um risco nas despesas, será uma grande ajuda aos mais pobres e fragilizados. Da mesma forma, privatizar empresas que devem competir com concorrentes internacionais será um caminho sem volta.
Desejo que essas eleições valorizem a democracia e que ambos os lados se comportem de forma civilizada. Espero que as palavras de Moraes ecoem corretamente. A posse do novo presidente do TSE foi uma data histórica para o país, com densidade política e institucional e o ministro ouviu vários elogios pelo poder de seu discurso. Um bom momento para o Brasil.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social