Inegavelmente, vivemos uma época conturbada, na qual cada um tende a saber de tudo, com opiniões absolutas. Contudo, a vida segue e o cristão que procede com fé e esperança, nada teme. No final da tarde de 27 de novembro, encerrou-se o ano litúrgico, dando-se início ao do Tempo do Advento, que é composto por 4 domingos. É um período de alegria e gratidão pela prática do projeto divino, que consiste na salvação de toda a humanidade pela vinda do Cristo! As Normas Universais do Ano Litúrgico nº 39 prelecionam que o Tempo do Advento “possui dupla característica, sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo que por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.”
Com o Advento, nesse ano litúrgico, o principal Evangelista é São Lucas, que torna conhecida a doutrina cristã e, como seu mestre, São Paulo, mostra o caminho percorrido pelo Messias, para conseguir a salvação de todos. Em sua Primeira Carta a Timóteo, Paulo sustenta que Deus deseja a salvação de todos e que cheguem ao conhecimento da verdade, 2,4. A Salvação está na verdade. Que verdade será essa? É o próprio Salvador quem nos esclarece, ao responder a indagação de São Tomé: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai senão por mim”, Jo 14,6.
Ainda no Evangelho de João, encontramos passagens nas quais o Redentor nos orienta que devemos viver ligados a ele, ele ao Pai e a nós. Quem não produzir fruto nele, o Pai corta, como ocorre na parábola da videira, uma vez que sem ele nada podemos fazer, Jo 15,1-8. A união faz a força, é um axioma que repetimos no dia a dia. São Paulo, após sua conversão, procurava juntar-se aos discípulos, buscava estar em comunidade. Mas todos tinham medo dele, pelo seu passado. Com a colaboração de Barnabé foi aceito e tornou-se uma das principais colunas da Igreja, At 9,26-30.
O Evangelho de Lucas dá recomendações para o encontro com o Senhor que vem e devemos permanecer de pé diante do Filho do Homem, quando chegar. Não cair por ter comido demais ou por ter bebido em excesso, nem por estar sobrecarregado com as preocupações do cotidiano; conservar-se vigilante para não ser pego de surpresa, Lc 21,34-36.
O Messias oferece um programa de vida: amar os inimigos; fazer o bem a quem nos odeia; falar bem de quem fala mal de você; orar por quem o calunia; oferecer a outra face para quem o agrediu física ou moralmente.
Se alguém tomar o seu manto, permita que carregue também a sua túnica; doar a quem pedir, sem exigir nada de volta; tratar os outros, como deseja ser tratado; fazer o bem e socorrer sem esperar retorno; ser misericordioso como o Pai do Céu; não julgar; não condenar; medir com largueza porque com a mesma medida com que medimos, seremos avaliados, Lc 6,27-38. Essas regras de ouro também estão no Evangelho de São Mateus, capítulos 5, 6 e 7.
A obtenção da salvação exige que cada um proceda com justiça; não por palavras, mas com atitudes. É o que se depreende da resposta dada por Jesus à indagação de um jovem a respeito de quem se salva: esforçai-vos para entrar pela porta estreita; muitos tentarão e não conseguirão entrar após ser fechada. Apesar de alguns insistirem, argumentando que são conhecidos pelo dono da casa, este responderá que não os conhece e determinará que se afastem: “todos vós que praticais a iniquidade!” Lc 13,23-28; Mt 7,13-14. Acrescenta ainda Jesus que haverá choro e ranger de dentes. Todos prestarão contas de seus atos.
Preparemos-nos para celebrar o Natal!
Não devemos ir de qualquer jeito ao encontro do menino, de Maria e de José. Devemos estar convertidos e limpos, “para que sejamos dignos das promessas do Mediador.”
Wilson Cesca é advogado, agente de pastoral na Paróquia Santa Rita de Cássia e membro da Academia Campineira de Letras e Artes, em Campinas.