A inteligência artificial vem revolucionando setores inteiros, mas por trás dessa revolução existe um custo crescente e muitas vezes invisível, o custo energético e ambiental. A demanda por centros de dados de IA já começa a impactar diretamente as contas de luz.
Nos EUA, a operadora de rede PJM registrou custos recordes de fornecimento de eletricidade, US$ 329,17 por megawatt-dia, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Isso significa que consumidores podem ver suas faturas subirem entre 1% e 5%.
A Virgínia, que abriga a maior concentração de data centers do mundo, virou um “laboratório” para entender como o crescimento da IA pressiona a infraestrutura energética.
O quanto a IA consome?
O funcionamento de modelos de IA é intensivo em recursos. Para se ter uma ideia, gerar um e-mail de 100 palavras consome energia equivalente a manter 4 lâmpadas LED acesas por uma hora.
Criar uma única imagem com IA pode usar 60 vezes mais energia que gerar texto, energia equivalente a 240 lâmpadas acesas no mesmo período.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo energético dos centros de dados deve mais que dobrar até 2030, chegando a 945 TWh/ano, quase o dobro do consumo total do Brasil em 2024.
Água também entra na conta
Além do custo da energia, também temos o custo ambiental, pois além de um possível uso de energia não limpa, a água também entra na conta. Com a popularização do resfriamento líquido para supercomputadores, a pressão sobre recursos hídricos também aumenta. A AIE projeta que o gasto global de água para IA crescerá 80% até 2030.
Para tentar minimizar os impactos, a indústria busca soluções inovadoras para mitigar o consumo, como:
♦ Resfriamento por imersão: submergir servidores em líquido não condutor pode reduzir o uso de energia em mais de 10%;
♦ Algoritmos mais eficientes: técnicas como “destilação” diminuem o gasto energético no treinamento de modelos, como fez a Meta ao reduzir em 20% o consumo no Llama 4 em relação ao Llama 3.1.
O avanço da IA traz grandes benefícios, mas o consumo energético e hídrico cresce em ritmo acelerado.
Para que essa tecnologia seja sustentável, será necessário equilibrar inovação com eficiência, envolvendo desde engenheiros e operadores de rede até formuladores de políticas públicas.
E você, já tinha parado para pensar o quanto o nosso uso diário da IA gera de custo energético e ambiental?
Alex Coura é diretor de TI e especialista em Transformação Digital & Inovação. Em sua formação acadêmica incluem-se a Université Pierre Mendès France (Grenoble – France) e a FIA (Fundação Instituto de Administração).