Ataques aéreos israelenses próximos à clínica de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Gaza, no último domingo (16), mataram pelo menos 42 pessoas, incluindo 10 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde local. O bombardeio na região também danificou a clínica de MSF, deixando uma sala de esterilização inutilizável e uma área de espera danificada. Ninguém ficou ferido na clínica. Um membro da equipe de MSF que estava presente descreveu a cena de terror absoluto, com grandes explosões abalando a vizinhança e mulheres e crianças correndo para a rua, gritando e chorando.
“A situação já foi terrível nesta semana, com o número de vítimas civis aumentando diariamente, mas quando vi os danos na região e na clínica de MSF na manhã após o ataque, fiquei sem palavras”, disse o dr. Mohammed Abu Mughaiseeb, coordenador médico-adjunto de MSF em Gaza.
“Tudo foi impactado, casas, estradas, árvores… A clínica, onde atendemos mais de mil crianças por ano com queimaduras e ferimentos por traumas, estava sem uma das paredes e havia destroços por toda parte. Agora, a clínica está fechada não apenas devido aos danos à sua estrutura, mas também porque a estrada de acesso a ela foi destruída e a área ainda não é segura.”
O acesso a cuidados de saúde para vítimas com ferimentos graves está sendo extremamente limitado, pois os ataques aéreos israelenses danificaram muitas estradas que levam aos hospitais. Além disso, muitos profissionais de saúde estão preocupados com sua segurança durante as viagens para o trabalho e alguns suprimentos médicos estão acabando.
Até o meio-dia de 17 de maio, no horário local, pelo menos 200 pessoas foram mortas em Gaza, incluindo 59 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde. Dez pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em Israel por foguetes e mísseis disparados de Gaza por grupos armados palestinos.
“Os terríveis ataques a civis e à infraestrutura civil que estamos testemunhando em Gaza são intoleráveis”, disse o coordenador-geral de MSF nos territórios palestinos, Ely Sok. “A situação é crítica. O número de feridos e de pessoas deslocadas está aumentando, enquanto os agentes humanitários e suprimentos adicionais ainda não podem entrar na região. A autoridade de saúde local relata estar a 24 horas de ficar sem bolsas de sangue, o que significa que não pode fazer transfusão de sangue em pacientes, uma intervenção fundamental no atendimento aos feridos nos ataques”.
Uma equipe de MSF está trabalhando em turnos de 24 horas para apoiar os médicos na sala de emergência e nas salas de cirurgia do hospital Al-Awda, na área de Jabalia. O time está tratando de 40 a 45 pacientes com ferimentos e queimaduras graves diariamente. MSF também doou suprimentos médicos para várias instalações de saúde na Faixa de Gaza durante a semana passada. No entanto, a insegurança não permite que a organização opere seus programas regulares de tratamento de queimaduras e cuidados pós-operatórios de traumas.
Enquanto Israel continua os ataques aéreos e de artilharia contra Gaza, mais de 38 mil palestinos fugiram de suas casas em busca de segurança, de acordo com as Nações Unidas, e pelo menos 2.500 pessoas ficaram desabrigadas, incluindo alguns profissionais de MSF.
“Israel precisa parar com esses ataques no centro de Gaza, pois temos visto repetidamente que eles matam civis, não importa o quão “direcionados” sejam, pois em um lugar tão densamente povoado não é possível limitar os efeitos dos bombardeios”, disse Sok. “O acesso seguro para agentes humanitários e suprimentos também precisam ser urgentemente providenciados.”
(Informações da assessoria de imprensa de Médicos Sem Fronteiras)