Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um constante envelhecimento da população brasileira. Nos últimos dez anos, o número de pessoas com mais de 60 anos no País saltou de 11,3% para 14,7%, alcançando a casa de 32 milhões de pessoas.
Nesta faixa as doenças são mais comuns e, além do acompanhamento médico, o esporte é fundamental para transformar e melhorar a expectativa de vida das mulheres e dos homens. Em Campinas, há cerca de 145 mil idosos e o município possui uma série de serviços voltados a essa população, incluindo atividades esportivas gratuitas oferecidas pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer.
O professor de Educação Física aposentado Waldemar (Dema) Ioriatti, de 74 anos de idade, credita à medicação e à prática esportiva, a excelente recuperação depois de descobertos dois cânceres num prazo de apenas 36 meses. “Em 2015 foi um câncer de pele, porque dava aulas no sol o tempo todo. Quando tudo parecia bem, em 2018, surgiu um câncer na bexiga. Fiz as cirurgias e me recuperei bem, felizmente. Tenho uma vida normal”, ressalta.
Dema é um dos alunos do professor Edson M. de Queiroz, o Neno, que dá aula de vôlei adaptado para os homens, no ginásio de Esportes do Taquaral, às segundas, quartas e sextas-feiras, a partir das 7h30.
Mesmo com os movimentos limitados do joelho, por causa de uma artrose, Dema celebra desfrutar o ambiente: “É muito bom estar aqui, poder me movimentar, conversar com os colegas, viver o esporte nos dá muita energia” comemora.
A prática constante de atividade física capacita o indivíduo a produzir de forma mais intensa
a serotonina, conhecida como “hormônio da felicidade”, que garante o bom funcionamento do organismo, do humor, do sono, do apetite e da frequência cardíaca, por exemplo.
A psicóloga Eveline Benevides Magalhães avalia o esporte como um agente multifuncional, parceiro de uma relação que já se estende por quase 60 anos, com direito a várias faces. Eveline, de 66 anos, experimentou o tênis na infância, se identificou com o karatê e o basquete, passou pelo vôlei ainda muita jovem, na fase adulta praticou a hidroginástica e mais experiente, superou a aversão que tinha da natação, hoje uma paixão.
“Por anos tive preconceito com a natação e dizia que não queria contar ladrilhos. Agora no início deste mês disputei o Campeonato Paulista de Master em Santos e trouxe mais três medalhas. Hoje, minha coleção está em 601 medalhas no total, mais de 95%, são da modalidade. Em 2017, disputei o Sul-Americano, no Chile. Experiência única”, relembra a psicóloga.
As cirurgias no joelho em 1995 e no ombro em 2015, não atrapalharam a trajetória de Eveline, filha de dona Ivete da Silva Benevides – atualmente com 96 anos, praticante assídua de hidroginástica e fonte inspiradora para toda a família.
Mudança de hábito
O estresse, excesso de peso e colesterol alto revelado por exames levaram Manuel Garcia Quintas, nascido em Santiago de Compostela, na Espanha, a modificar o estilo de vida. Na época, aos 57 anos com 1,64 metro pesava 87 quilos.
Os números incompatíveis precisavam ser modificados e a iniciativa mais saudável foi um tratamento adequado juntamente com a atividade física.
A caminhada com determinação avançou para provas de corridas de rua, bem como o desenvolvimento cognitivo por meio do jogo de damas.
Em 2023, seu Manuel Quintas, agora aos 81 anos, foi campeão dos Jogos Regionais, em Mococa e bronze nos Jogos Abertos de São José do Rio Preto, representando a Prefeitura Municipal de Campinas. Além disso, ainda correu a Corrida Integração e conseguiu cumprir a meta estabelecida:
“O importante era concluir, no meu tempo. Fiquei satisfeito. Para quem precisava melhorar a qualidade de vida, ter saúde e continuar ativo nesta fase da vida, este é o melhor prêmio que o
esporte proporciona para gente”, confessa.
A saúde e o esporte
Os profissionais da saúde cada vez mais associam um envelhecimento saudável à prática do esporte ou de algum tipo de atividade física que seja feita de forma prazerosa pela mulher ou homem que tem acima de 60 anos.
Como a ciência ainda não descobriu a fórmula de interromper o peso da idade e suas consequências, as medidas adotadas ficam voltadas em adiar ao máximo o enfraquecimento provocado pelos anos vividos. Para isso, deve-se recorrer a uma boa alimentação e atividade esportiva.
O médico Rogério de Oliveira Araújo, especialista em Medicina Esportiva, servidor público da Secretaria de Esportes e Lazer, traz algumas orientações que são importantes. “Nós atingimos o ápice da capacidade fisiológica, cardiovascular e osteomuscular entre 25 a 30 anos. A partir daí, a fisiologia do envelhecimento é um processo contínuo. As alterações funcionais ocorrem na parte cardíaca, endocrinológica e com perda de massa significativa, que muitas vezes leva à osteoporose”, constata.
O fato de as pessoas terem uma vida mais prolongada se comparada a décadas atrás, colocaram o esporte como um dos instrumentos mais importantes para viver com qualidade, principalmente para os idosos. Assim, aulas com professores e o acompanhamento de
profissionais qualificados, segundo Araújo, traz benefícios para todos.
Em Campinas, a Secretaria de Esportes e Lazer oferece várias atividades gratuitas. Mais informações no link: https://portal.campinas.sp.gov.br/secretaria/esporte-e-lazer .