Cerca de 2,4 bilhões de mulheres em todo o mundo têm menos oportunidades e direitos econômicos que os homens. Embora progressos tenham sido feitos, a diferença entre os ganhos esperados ao longo da vida de homens e mulheres globalmente é de US$ 172 trilhões de dólares, quase duas vezes o PIB anual do mundo.
Os dados são do relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2022 do Banco Mundial. De acordo com levantamento, 178 países mantêm barreiras legais que impedem a plena participação econômica das mulheres; 95 países não garantem a remuneração igualitária para trabalho igual; e em 86 países, as mulheres enfrentam restrição ao mercado de trabalho.
No contexto da pandemia de Covid-19, apesar do efeito desproporcional da crise sanitária na vida e nos meios de subsistência das mulheres, 23 países reformaram suas leis em 2021 para promover a inclusão econômica das mulheres.
Em transmissão pela internet sobre o novo relatório, Máxima da Holanda, rainha dos Países Baixos, destacou reformas econômicas em países africanos. “Nós temos vários bons exemplos de países que tem tido conquistas: mulheres do Gabão agora têm direitos iguais de propriedade como seus maridos; o Egito tornou ilegal que instituições financeiras discriminem questões de gênero; e o Paquistão suspendeu restrições para que mulheres pudessem trabalhar à noite.”
Quanto ao destaque por região, as economias avançadas continuam melhorando os indicadores. Doze países, todos parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), têm condições iguais para homens e mulheres em todas as áreas. É o caso de Bélgica, França, Portugal, Espanha e Suécia.
Europa e Ásia Central ocupam a segunda posição com a pontuação mais alta. A América Latina e Caribe ficaram com a terceira posição, com destaque para o Peru e Paraguai. O Brasil tem nota 85 de 100 no índice do Banco Mundial, mesmo nível da Venezuela e atrás de outros 11 países da região.
Talibã
O regime do talibã impõe às mulheres o nível mais baixo de representativa no planeta. Um grupo de 34 especialistas em direitos humanos, incluindo 25 relatores, declara que líderes do talibã estão institucionalizando a discriminação e a violência sistemática e em larga escala com base no gênero contra mulheres e meninas no Afeganistão.
Os especialistas dizem haver atualmente uma “tentativa de apagar constantemente mulheres e meninas da vida pública no Afeganistão”. Estes esforços estariam ocorrendo inclusive “em instituições e mecanismos previamente criados para ajudar e proteger as mulheres e meninas que estão em maior risco.”
O grupo de peritos aponta ainda o encerramento do Ministério dos Assuntos da Mulher e a ocupação física das instalações da Comissão Independente Afegã de Direitos Humanos.
Para eles, essas políticas juntas são “uma punição coletiva de mulheres e meninas, baseada em preconceitos de gênero e práticas nocivas”. Uma das maiores preocupações é com “a contínua negação do direito fundamental de mulheres e meninas à educação secundária e superior, com base na premissa de que mulheres e homens devem ser segregados e que as alunas devem cumprir um código de vestimenta” específico.