A Casa Branca disse nessa segunda-feira (11) que o presidente norte-americano, Joe Biden, respeita o Papa, que no sábado propôs uma “bandeira branca” das partes para terminar o conflito na Ucrânia, mas avisou que a paz depende de Moscou.
“O Presidente Biden tem um grande respeito pelo Papa Francisco e junta-se a ele nas orações pela paz na Ucrânia, que poderá ser alcançada se a Rússia decidir pôr fim a esta guerra injusta e não provocada e retirar as suas tropas do território soberano da Ucrânia”, afirmou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América (EUA) citado pela agência noticiosa italiana Ansa.
“Infelizmente, continuamos a não ver nenhum sinal de que Moscou queira acabar com esta guerra e é por isso que estamos empenhados em apoiar Kiev na sua defesa contra a agressão russa”, sublinhou o representante do Conselho de Segurança Nacional, órgão sob a alçada da Casa Branca (presidência).
Numa entrevista à televisão suíça divulgada no sábado, o Papa Francisco apelou às partes que tenham “coragem de levantar a bandeira branca e negociar” para pôr fim à guerra na Ucrânia “antes que as coisas piorem”. As declarações geraram controvérsia.
Após a divulgação da entrevista, a Santa Sé esclareceu que o Papa não falando de rendição, mas sim de negociação.
“A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca levantaremos outras bandeiras”, declarou no domingo o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
“Quando se trata da bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século XX. Apelo para que evitemos repetir os erros do passado e apoiemos a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida”, acrescentou, numa referência às acusações de silêncio da Santa Sé face às atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial.
No entanto, o chefe da diplomacia ucraniana disse esperar que Francisco “encontre a oportunidade de fazer uma visita canônica à Ucrânia”.
Antes, a embaixada da Ucrânia junto do Vaticano afirmou que durante a Segunda Guerra Mundial “ninguém falou de negociações de paz com Hitler”.
“É muito importante ser coerente! Quando falamos da Terceira Guerra Mundial, temos de aprender as lições da Segunda Guerra Mundial”, escreveu a representação diplomática nas redes sociais, segundo a agência espanhola EFE.
O primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, que tem oficialmente mais de cinco milhões de membros na Ucrânia, também reagiu, sem mencionar de forma clara as declarações proferidas pelo Papa Francisco.
“A Ucrânia está ferida, mas rebelde! (…) Acredite, ninguém tem na cabeça a ideia de se render, mesmo onde os combates estão a acontecer hoje – ouça o nosso povo nas regiões de Kherson, Zaporijia, Odessa, Kharkiv, Sumy!”, disse Sviatoslav Shevchuk, no sábado, durante uma missa numa igreja de Nova Iorque, onde se encontra em viagem.