O biólogo Sérgio Brazolin, que assina o laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) sobre as causas da queda da figueira branca do Bosque dos Jequitibás, irá apresentar de forma detalhada o estudo nesta quinta-feira, na Câmara Municipal de Campinas, durante reunião da Comissão de Arborização, a partir das 14h.
O teor do documento, já divulgado pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema), expõe motivos diferentes dos apresentados pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos (SMSP) para o tombamento da árvore que provocou a morte do técnico em eletrônica Guilherme da Silva de Oliveira Santos, de 36 anos, no final do ano passado – a figueira caiu sobre o carro que era guiado pela vítima.
A apresentação do laudo nesta quinta é mais um capítulo da queda de braço entre Prefeitura e ambientalistas a respeito dos critérios no manuseio das árvores de Campinas, a segunda cidade mais arborizada do Brasil. Além de Guilherme, a menina Isabela Fermino Tiburcio, de 7 anos, também morreu vítima da queda de um eucalipto no Parque Taquaral em janeiro.
Segundo a SMSP, o estudo do IPT, solicitado pela própria secretaria, apontava como principal causa do tombamento da figueira o encharcamento do solo em função do excesso de chuvas. No entanto, na semana passada, o laudo foi divulgado pelo Comdema por meio da Lei de Acesso à Informação e a conclusão do documento, que relaciona o esmagamento das raízes à queda da árvore, não chegou a ser mencionado pela Prefeitura. Por outro lado, o teor vai ao encontro de um estudo feito pelo próprio conselho, que indica fragilidade nas raízes da figueira devido à construção de calçada e instalação de alambrado.
A SMSP segue em defesa de sua posição, baseada em um trecho do estudo do IPT, que cita a possibilidade do acúmulo de água da chuva ter ampliado o peso da figueira. Não há informações se representantes da secretaria estarão presentes na reunião desta quinta-feira na Câmara.
Polêmica
O Bosque dos Jequitibás é pivô de uma polêmica entre a SMSP e o Comdema. A Prefeitura já tem uma autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) para a remoção de 108 árvores no local. Por outro lado, o Comdema está prestes a apresentar um estudo apontando um número bem menor de árvores que necessitam de extração.