“A gente passava aqui na frente e estava tudo parado, só via o pessoal cortando árvore. Graças a Deus que reabriu. Estava todo mundo ansioso.” A declaração da aposentada Conceição dos Santos resume o sentimento de boa parte da população da Região Metropolitana de Campinas em relação à reabertura do Bosque dos Jequitibás, que aconteceu na manhã deste sábado (12). Uma das principais áreas de lazer da cidade ficou quase sete meses fechada. O funcionamento volta a acontecer dentro do horário habitual, entre 6h e 18h, de terça-feira à domingo.
Várias pessoas visitaram o Bosque neste sábado. A presença de famílias não só de Campinas, mas de cidades da região, marcou o primeiro dia com os portões abertos após o período de interdição. “Podem vir que vale a pena. É bom poder respirar ar puro novamente”, comemorou um morador de Monte Mor.
As famílias também puderam se divertir em visita aos animais que são abrigados no espaço. Em vários setores também foi possível notar troncos cortados e outros caídos no chão.
O Bosque dos Jequitibás foi reaberto após a remoção de 98 árvores que tinham risco de queda, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP). A ação teve início no dia 20 de junho depois de seguidas desavenças entre a SSP e órgãos ambientalistas da cidade que discordavam a respeito do número de extrações necessárias. A necessidade de autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), ligado ao governo de São Paulo, para as remoções também travou o início da operação.
“No total, serão plantadas 25 árvores para cada uma que foi extraída, conforme prevê a legislação”, disse Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos. “Parte delas será no bosque e outras em praças e áreas verdes da bacia hidrográfica do Ribeirão Anhumas. Iniciamos o plantio no Bosque dos Jequitibás, com 50 mudas de árvores”, completou.
As espécies que já foram plantadas são aldrago, fedegoso, aroeira pimenteira, embaúba, unha de vaca, guanandi, guaçatonga, bacupari, angico-vermelho, jequitibá rosa, jequitibá branco, entre outras, informa a secretaria. O parquinho e a academia do parque também passaram por reforma e pintura.
Começar de novo
Para os comerciantes da área, cuja renda depende da movimentação no Bosque, a sensação foi de alívio com a reabertura dos portões. Pela manhã, a administração do Parque organizou um café da manhã com os vendedores para celebrar o momento.
“Foi um tempo difícil e de muita batalha durante o período em que o Bosque ficou fechado”, diz Sofia, que tem um espaço de venda de balões no setor e trabalha junto com seu avô. “Esse comércio é o nosso ganha pão, a única opção de renda, e poder ver meu avô trabalhar novamente é uma sensação de vitória. Agora, o que vier é lucro.”
Tempos difíceis
O Bosque estava fechado por medida de segurança. No dia 28 de dezembro de 2022, uma figueira caiu de dentro do parque e atingiu um carro na Rua General Marcondes Salgado, provocando a morte do motorista, durante um temporal. Já no dia 24 de janeiro, a queda de um eucalipto matou uma menina de 7 anos na Lagoa do Taquaral e o fato determinou o fechamento dos 25 parques públicos da cidade, incluindo o Bosque dos Jequitibás. O objetivo foi realizar obras de manutenção nos locais para que novas tragédias fossem evitadas.
Hoje, 24 parques já voltaram a funcionar normalmente. Apenas o Bosque dos Artistas segue fechado para reforma na pista de caminhada e no imóvel da administração local. Segundo a Prefeitura, ainda não há previsão de reabertura do espaço no bairro Swift.
História
Único espaço remanescente da Mata Atlântica na área central de Campinas, o Bosque dos Jequitibás recebe cerca de 100 mil visitantes por mês. Tem mais de 100 mil metros quadrados e abriga cerca de 200 animais entre mamíferos, aves e répteis. Também possui um complexo de museus, como o Museu de História Natural, Casa dos Animais Interessantes, Aquário Municipal e o Teatro infantil Carlito Maia, entre outros espaços, como parquinho, lojas e lanchonetes.
ENFIM, O BOSQUE DOS JEQUITIBÁS VOLTA A TER INTERAÇÃO COM O PÚBLICO. FOTOS: LEANDRO FERREIRA