Uma campanha realmente histórica do boxe brasileiro, com todos os recordes quebrados. Santiago 2023 agora é a edição com o maior número de ouros conquistados pela modalidade, com quatro, e a que os pugilistas brasileiros subiram ao pódio, com 12. As maiores responsáveis pelo desempenho incrível foram as mulheres: Carol “Naka” Almeida (50kg), Jucielen Romeu (57kg), Bia Ferreira (60kg) e Barbara Almeida (66kg) venceram suas lutas nesta sexta-feira (27), no Centro de Treinamento Olímpico, no bairro de Ñuñoa, e conquistaram o ouro.
“Estou muito satisfeito com a equipe feminina, foi um desempenho monstruoso. O Brasil evoluiu muito com investimento em treinamento, participação em competições fora do Brasil, salário em dia. Hoje, Brasil e Colômbia são as potências do boxe feminino do Continente”, disse o técnico Mateus Alves.
As pratas ficaram Tatiana Chagas (54kg), Michael Douglas Trindade (51kg), Wanderley Pereira (80kg), Keno Marley Machado (92kg) e Abner Teixeira (+92kg). Já tinham garantido o bronze na quinta-feira: Viviane Pereira (75kg), Luiz Oliveira “Bolinha” (57kg) e Yuri Falcão (63.5kg).
Lembrando que, com o término do Pan, o Brasil é país que mais tem atletas classificados para os Jogos Olímpicos na modalidade, com nove. França e China, os segundos colocados na lista, têm 7 cada. O Brasil ainda terá como classificar os quatro atletas que não garantiram vaga em Paris 2024 nos pré-olímpicos em fevereiro e em maio.
“Vamos buscar (as quatro categorias que ainda não classificaram). Em 13 sorteios, as chances de caírem duas ou três chaves melhores é maior. É isso. Não é só competência, tem o fator de encaixar o jogo contra os adversários. As vezes vai encaixar melhor contra um país ou outro. E fugir de adversários duros como o Juilo (Cesar La Cruz) na primeira luta é bom, melhor pegar na semifinal ou na final”, completou Alves.
As lutas
Caroline Almeida (50kg) enfrentou Jennifer Lozano, dos Estados Unidos. No primeiro round, a estado-unidense teve dificuldade de achar a distância e Carol teve a vitória para 4 dos 5 juízes da luta. O ginásio estava ao lado da brasileira e quando sugiram gritos de apoio para Jennifer, prontamente responderam com “Brasil, Brasil”. No segundo round, a superioridade da brasileira ficou ainda mais evidente e a vitória de Carol veio por unanimidade. O terceiro serviu apenas para confirmar o ouro da pugilista nascida no Recife.
A segunda decisão com brasileiros envolvidos na tarde desta sexta-feira foi um massacre. Jucielen Romeu (57kg), prata nos Jogos Pan-americanos Lima 2019, ouro nos Jogos Sul-americanos e atleta olímpica em Tóquio, dominou completamente o combate contra Valeria Mendoza, da Colômbia, e conquistou o terceiro ouro da modalidade.
Na terceira final do Brasil, Barbara Santos (66kg) encarou Morelle Maccane, dos Estados Unidos. O confronto foi muito equilibrado, com muitas trocas de golpes. No primeiro round, 3 juízes deram vitória para a brasileira e dois para a estado-unidense. No segundo, foi exatamente o contrário. No terceiro, Binha foi efetiva e o juiz chegou a abrir contagem para a Maccane. Na comemoração, uma sambinha que levou o ginásio ao delírio.
Wanderley Pereira (80kg) foi o último brasileiro a entrar no ringue para tentar a medalha de ouro, mas acabou superado por Arlen López Cardona, cubano bicampeão olímpico e que agora também soma três ouros em Jogos Pan-americanos. Holyfield, como é conhecido, destacou que a vitória no terceiro round é um caminho.

Michael Douglas Trindade (51kg), com uma lesão no cotovelo, e Abner Teixeira (+92kg), com uma no joelho, foram poupados das respectivas finais por decisão da equipe médica e comissão técnica, já que conquistaram o objetivo maior dos atletas na competição que era a classificação para os próximos Jogos Olímpicos. Os atletas serão reavaliados na volta ao Brasil para a decisão do melhor tratamento a ser seguido.
Pela manhã, Beatriz Ferreira venceu Angie Valdes, prodígio do boxe colombiano e vice-campeã mundial em 2023, na decisão da categoria até 60kg em Santiago 2023 e conquistou seu segundo ouro em Jogos Pan-americanos. Além dela, Tatiana Chagas (54kg) e Keno Machado (92kg) conquistaram a prata. A baiana está fazendo o que promete ser seu último ciclo olímpico, já com vaga garantida em Paris 2024.