É impossível fugir do óbvio: Marta será o centro das atenções da equipe do Brasil em mais uma edição de Copa do Mundo. Aos 36 anos, e após duas lesões sofridas nos últimos anos, Marta busca recuperar sua melhor forma para a Copa do Mundo, um palco onde está acostumada a brilhar. A estreia da Seleção brasileira será nesta segunda-feira (24), em Adelaide (Austrália), contra o Panamá, às 8h. O Brasil compõe o Grupo F, ao lado de França, Jamaica e Panamá.
Atacante do Orlando Pride, Marta marcou 17 gols em 20 jogos disputados e é a maior artilheira da história das Copas – entre homens e mulheres. E a Copa do Mundo Feminina da Austrália e Nova Zelândia, a sexta da craque, marca também sua despedida dos Mundiais. Marta não tem seu posto de titular confirmado pela técnica Pia Sundhage para a estreia – o que não tira seu status de principal jogadora do elenco.
“Marta está 100% quando se fala da parte física. Mas quantos minutos de treino e de jogos se deseja que ela tivesse antes de ir a campo? Vai depender do jogo. Mas o treino que tivemos ontem foi muito bom. Ela treinou e foi muito bem. Então, ela estará pronta”, disse a técnica Pia.
Já Marta tem como meta garantir a conquista inédita.
“A Copa do Mundo perfeita para o Brasil seria vencer. Chegar à final e, dessa vez, vencer. É muito complicado pensar em outro cenário. Para mim, particularmente, como jogadora e atleta, é agora ou nunca”, declarou a Rainha do Futebol em entrevista ao site da Fifa.
A expectativa é de que a equipe canarinho tenha uma boa participação na competição, como afirmou a técnica sueca Pia Sundhage em entrevista coletiva concedida na madrugada deste domingo (23).
“Estamos muito felizes com os dois últimos resultados, pois o jogo está na nossa linha de confiança. Podemos olhar para cada uma, é um pouco diferente de um ano atrás. Então, tivemos uma linha de começo similar e acho que o mais importante é achar que está tudo garantido. E, por favor, aproveitar o jogo. Se fizermos isso, teremos uma grande chance de vencer amanhã [contra o Panamá]. E, na verdade, nós vamos ganhar muitos jogos se juntarmos um ataque lindo e uma defesa muito sólida”.
A própria Pia, aliás, é um dos trunfos do Brasil na competição. Assim como a seleção brasileira, a treinadora tem no Mundial deste ano a oportunidade de um título inédito. A sueca de 63 anos levou os Estados Unidos ao ouro olímpico em 2008 (superando o Brasil na final) e em 2012.
Na Copa do Mundo, porém, ficou no quase algumas vezes. Como atleta ajudou a Suécia a ficar em terceiro lugar na primeira edição, em 1991. Como técnica foi vice-campeã em 2011, comandando os EUA, derrotados pelo Japão na decisão.
Os números da treinadora no comando do Brasil são significativos. Em 54 jogos são 33 vitórias, 12 empates e nove derrotas, com 124 gols marcados e 40 sofridos.
Em Tóquio a seleção de Pia caiu nas quartas de final para o Canadá, nos pênaltis. No ano passado veio o primeiro título oficial com o time brasileiro: a Copa América, em 2022, que garantiu lugar à equipe na Olimpíada de Paris, na França, em 2024.
A treinadora Pia Sundhage é a primeira mulher a comandar a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. Além do ciclo de quatro anos à frente da Canarinho, que teve inclusive o título da Copa América em 2022, a sueca apresenta um currículo vencedor: foi medalha de ouro em Pequim 2008 e Londres 2012.
Pia terá a seu lado a maior delegação da história, com 31 profissionais, incluindo o chefe de delegação, comissão técnica e dirigentes, além das 26 convocadas (três são suplentes). Trata-se também do maior número de mulheres, com 17.
Os jogos do Brasil
A estreia da Seleção Brasileira Feminina na Copa do Mundo nesta segunda-feira, contra o Panamá, será no estádio Hindmarsh, em Adelaide (AUS), às 8h. Na partida seguinte, a Amarelinha terá pela frente a França, no dia 29, às 7h, no estádio de Brisbane, em Brisbane (AUS). Pelo último jogo da fase de grupos, a Jamaica será a adversária do Brasil, no dia 2 de agosto, às 7h, no estádio Retangular de Melbourne, em Melbourne (AUS). Os dois primeiros colocados avançam de fase.
Favoritos
Se em 2019, os Estados Unidos eram francos favoritos e tinham a França, que sediava a competição, como principal adversária, no atual Mundial as norte-americanas ainda são apontadas como uma grande força, mas agora têm a companhia de outras equipes, como Inglaterra e Alemanha.
Apesar de ter participado de todas as oito edições da Copa do Mundo Feminina, a seleção brasileira tem como melhor resultado o vice-campeonato de 2007, no torneio disputado na China.
Após se classificar para as quartas com facilidade, passando invicta, a seleção bateu a Austrália nas quartas (3×2) e os Estados Unidos na semi (4×0). Na grande decisão, perdeu por 2 a 0 para a Alemanha. A seleção ainda foi terceira colocada na Copa de 1999.
Maior vencedora da competição, com quatro títulos, entre eles os dois últimos, em 2015 e 2019, a seleção norte-americana vive um momento de renovação, de mudança de geração. Este processo fica claro na relação de convocadas para o Mundial. Das 23 jogadoras chamadas pelo técnico Vlatko Andonovski, apenas nove estiveram presentes na vitoriosa campanha na França.
Entre as mais experientes aparecem nomes como as da meio-campista Julie Ertz e das atacantes Alex Morgan e Megan Rapinoe (eleita a melhor jogadora do último Mundial). Entre as novatas um nome chama atenção: Trinity Rodman, filha do lendário jogador de basquete Dennis Rodman.
A Inglaterra é considerada uma força já estabelecida no atual cenário do futebol feminino.
Apesar de ainda buscar seu primeiro título mundial, as inglesas chegam à Copa do Mundo com o moral alto após vencerem pela primeira vez uma edição da Eurocopa feminina (em 2022, em final contra a poderosa Alemanha).
E um dos destaques da equipe é a lateral-direita Lucy Bronze. Escolhida pela Fifa como melhor jogadora do mundo de 2020, a experiente jogadora do Barcelona (Espanha) será peça importante na equipe comandada pela técnica holandesa Sarina Wigman (que levou a seleção de seu país à final da Copa de 2019). Outra atleta que merece ser acompanhada com atenção é a talentosa meia Keira Walsh, contratada pelo Barcelona junto ao Manchester City (Inglaterra) pelo valor de 460 mil euros, na maior transação da história do futebol feminino.
A Alemanha é uma força que tenta retomar o protagonismo do passado.
Com dois títulos mundiais na história (em 2003 e em 2007) e maior vencedora da Euro feminina (com o total de oito canecos, o último em 2013), a seleção alemã não vive um bom momento nos últimos anos. Na última década, os resultados de maior destaque foram o quarto lugar na Copa de 2015 e o vice-campeonato no campeonato europeu de 2022.
Uma das equipes com potencial para surpreender nesta Copa é a Austrália. Jogando em casa, a equipe da Oceania certamente terá uma dose extra de motivação para buscar o primeiro Mundial de sua história. Porém, a principal razão para se esperar uma campanha história das Matildas tem nome e sobrenome: Sam Kerr.
Outra possível candidata a surpresa neste Mundial é a Espanha. O país vive um momento muito positivo na base, com a recém conquista da Copa do Mundo sub-20. Além disso, o plantel espanhol tem aquela que é considerada a melhor jogadora em atividade no momento, Alexia Putellas. A meia-atacante do Barcelona (Espanha) conquistou as duas últimas edições do prêmio de melhor do mundo, tanto da Bola de Ouro da Revista France Football como do prêmio The Best da Fifa.
O Mundial
Esta é a primeira vez que um Mundial Feminino terá dois países-sede. Ao todo, são nove cidades a receber as partidas, sendo cinco australianas e quatro neozelandesas: Sydney, Adelaide, Brisbane, Melbourne e Perth, na Austrália; e Auckland, Dunedin, Hamilton e Wellington, na Nova Zelândia.
Com capacidade para mais de 80 mil torcedores, o Estádio Olímpico de Sydney, será o palco da grande final da Copa do Mundo, em 20 de agosto, às 7h.
Austrália e Nova Zelândia irão receber 32 seleções, a maior quantidade da história dos Mundiais femininos, distribuídas em oito grupos, com quatro integrantes em cada. Classificam-se para as oitavas de final os dois melhores colocados de cada grupo.
A FIFA estima que esta será o Mundial feminino mais assistido. Segundo a secretária-geral, Fatma Samoura, as vendas de ingressos já ultrapassaram as da Copa da França de 2019. (Com informações da Fifa e CBF)